Ramiro era um homem conhecido por sua racionalidade e lealdade. No entanto, ele escondia um lado obscuro que poucos conheciam. Após perder seus pais em um trágico acidente, Ramiro enfrentou dor e humilhação, mas sobreviveu e se tornou o sargento de...
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Respirei profundamente enquanto me concentrava na direção. Deveria ter passado a ultima semana focado somente no repouso e na minha recuperação. Não sou nenhum novato e sei que escapei por pouco, mas isso não isentava em nada a minha culpa.
Durante o período em que fiquei em casa Alexandre não me dizia nada sobre a situação em que a operação estava, falando sempre a mesma ladainha sobre me cuidar e dizendo que tinha tudo sob controle. Ridículo, eu vi o estado em que as coisas estavam antes de ser afastado e com certeza a situação estava tudo menos controlada.
Estacionei a moto no pátio do clube e logo em seguida fui surpreendido por Bela que correu em minha direção parecendo uma criança, ou são apenas os meus olhos.
- Ramiro! - exclama me tomando em um abraço apertado. Demoro a corresponder por não estar acostumado com esse tipo de coisa mesmo já convivendo com a garota a três anos
- Eai pequena - cumprimento lhe oferecendo um sorriso. A última coisa que eu precisava era ver ela chorando, odeio ver mulher chorar - Como foi o primeiro dia na faculdade?
A garota arregala os olhos azuis, vejo que sua vista está embaçada constatando o meu medo. Droga, ela é muito sensível
- O-oque...faculdade? - indaga nervosa - Você levou um tiro no peito faz uma semana e está aí me perguntando sobre a universidade como se nada tivesse acontecido - pontua incrédula
Dou de ombros
- Você me conhece - sorrio soberbo - é preciso muito mais do que uma bala para conseguir me derrubar
- Disse o cara que quase entrou em coma - reviro os olhos ao som da voz sem nem me dar ao trabalho de me virar - ficou que nem um frangote desmaiado
- É muito bom ver que se garante mesmo nunca tendo sido baleado antes - rebato azedo - Ah é claro, sempre esqueço que é do tipo que fala de mais e faz de menos - zombo
O idiota balança a cabeça em uma atitude provocativa
- Continue falando assim sargento...- divaga soltando uma risada - e o próximo tiro vai sair da minha pistola e vai atingir em cheio a porra do seu pau!
- Matthew! - a garota o repreende escandalizada. Mesmo vivendo conosco por tanto tempo parece que nunca se habitua ao nosso jeito grosso - Isso é coisa que se fale? - pergunta retórica cruzando os braços - Ramiro está voltando agora e você fica ai falando essas coisas feias...- diz e tenho que me segurar para não rir - ele é nosso amigo e foi ferido, não seja rude.
O V.P a abraça de lado meio desconjuntado. A garota emburrada suaviza a feição, chegava a ser bizarro a forma como a baixinha mexeu com todos desde que chegou. Na primeira vez que a vi pensei que era algum tipo de piada, perguntei Alexandre oque ele tinha na cabeça para trazer uma adolescente para morar em um moto clube, mesmo sendo a sua irmã era uma loucura. Mas então, em poucos meses a pequena já nos conquistou e se tornou a nossa mascote, a caçula da legião, todos a respeitávamos e protegíamos, ela se tornou uma de nós.
