Ramiro era um homem conhecido por sua racionalidade e lealdade. No entanto, ele escondia um lado obscuro que poucos conheciam. Após perder seus pais em um trágico acidente, Ramiro enfrentou dor e humilhação, mas sobreviveu e se tornou o sargento de...
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Com calma, retirei o meu capacete e olhei para o enorme prédio a minha frente. Me senti estranho, tinha uma pressão no meu peito que eu não sabia da onde vinha. Deixei a motocicleta e segui em direção a entrada. Após a revista e todos os procedimentos me permitiram entrar na sala de visitas. Me sentei em uma das mesas de metal.
Esperei com uma certa ansiedade. Comecei a olhar em volta reparando no arquétipo do lugar, não é a primeira vez que venho em uma prisão, como membro de um clube de foras da lei já tivemos muitos membros presos e não abandonamos os nossos. Quando algum de nós acaba sendo preso, o clube arca com toda a responsabilidade para que tenha a melhor vida possível.
No entanto essa é a primeira prisão feminina que visito. Não é diferente da masculina, as paredes são acinzentadas e tem grades nas janelas. Porra, só de ficar aqui por alguns segundos já me sinto preso. Talvez tenha sido uma ideia ruim seguir. Talvez ver Pietra e conversar com ela não mude nada. Mas devo admitir que a garota está certa em uma coisa, já tentei de tudo, e não custa nada tentar isso.
Quando a porta se abriu o meu corpo enrijeceu. A primeira que saiu era uma mulher loira, a segunda não era ela também, comecei a ficar ansioso. Quando finalmente apareceu, perdi o ar completamente. Me apressei para me recompor. Assim que me viu, seu sorriso desapareceu e os seus olhos se arregalaram de surpresa, oque só durou alguns segundos. A cada passo que dava em minha direção o ar ficava mais rarefeito. Não transmiti aquilo.
Encarei os seus olhos enquanto se sentava. Estada com olheiras fundas e uma marca roxa no rosto, fiquei preocupado e curioso para saber o que tinha acontecido mas me contive.
- Oque foi? - perguntei enquanto encarava sua expressão surpresa - Estava esperando outra pessoa? - ela apenas piscou parecendo se concentrar na pergunta
- Esperava qualquer um menos você - diz sincera. Não estou surpreso, nem eu pensei que um dia viria até aqui
Passamos alguns segundos apenas nos encarando. Queria profundamente entender oque se passava na sua cabeça e parecia que ela desejava o mesmo. Em seu olhar consegui perceber, éramos dois medrosos. Dois covardes com medo de dar o primeiro passo, ou melhor a primeira palavra. Me ajeitei na cadeira disposto a enfrentar aquilo.
- Sei que não esperava que eu viesse - nem eu esperava - mas há coisas que deixamos pendentes e quero resolver de uma vez. - digo decisivo
Percebo quando engole seco e em seguida respira fundo, parecendo querer buscar força para quele momento.
- O que quer resolver? - questiona num fiapo de voz - Eu vou fazer o possível para te ajudar a seguir em paz - promete com suavidade - Pode contar comigo.
