Capítulo 17

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       A brisa fria da noite rebate em meu corpo mas não é ela que me faz estremecer

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      A brisa fria da noite rebate em meu corpo mas não é ela que me faz estremecer. O meu peito sobe e desce, estou com dificuldade para respirar, parece que o ar se recusa a permanecer em meus pulmões, quero chorar.

         Me apoio contra o poste para não cair, olho para cima vendo o céu estrelado acima de mim. Respire, apenas respire. Abaixo a minha cabeça observando o aparelho na minha mão, o levo até o ouvido.

             - Garota? - a voz está ríspida. Não parece preocupado mas sim perdendo a paciência. Isso não me surpreende

             - Esta estável? - procuro saber me esforçando para que ele não perceba a instabilidade em minha voz. Meu coração não desacelerava 

           O silencio dele me preocupa

              - Não.

           Respire. Respire.

              - O que o médico disse? 

              - Ele ainda não foi examinado - nessa hora eu quis gritar - mas já prestamos os primeiros socorros 

               - Primeiros socorros? - indago em um tom incrédulo  - Ah, claro! - dou uma risada alta e começo a caminhar  de um lado para o outro inquieta demais pra ficar parada - Vocês prestaram os primeiros socorros em um tiro no peito. Oque vocês fizeram? Colocaram um curativo e deram um beijinho pra sarar?

               - Estamos fazendo tudo oque podemos com os recursos que temos em disposição - é isso que ele diz. É essa a desculpa

              Passo a mão direita entre meus cabelos ansiando me acalmar, não consigo. 

              Consigo compreender as regras, afinal trabalho prendendo essas pessoas. É uma questão de segurança, se eles forem a um hospital com um homem baleado, os médicos de plantão irão acionar as autoridades e isso iria compromete-los, eles não querem isso. Mas por outro lado se decidirem esperar chegar em Atlanta o sargento pode não aguentar a viagem, é um tiro no peito caralho, ele pode morrer antes de passar pela fronteira. Essa segurança toda é uma besteira já que eles irão presos de qualquer maneira, então Ramiro terá morrido por nada. Quero ele preso, mas não posso prender um cadáver, não quero ele morto.

            Puxo o ar e solto, uma, duas, três. Olho para a rua deserta, meus olhos já estavam secos, eles secaram de raiva. Ainda com o celular no ouvido digo:

            - Vai matar ele.

            - Ele aceitou esse risco ao entrar no clube

           Abro a boca para rebater mas sou interrompida

             -  Vou pedir para ele te ligar assim que acordar - diz em um tom firme e em seguida desliga a chamada 

Incompatível (MC ABISMO Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora