ele era raio de sol, eu era chuva da meia noite

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olá, tudo bem?

essa ideia estava engavetada nas profundezas da minha mente problemática faz um tempo. nesse semestre da faculdade tive a sorte de pagar a disciplina "saúde da criança e da mulher", na qual discutimos, entre outras coisas, muitas patologias relacionadas à gravidez. me surpreendeu o fato de que, ironicamente, a depressão pós-parto não era um assunto tão abordado assim.

a gente cresce numa sociedade que nos impõe o desejo e a "magia" do ato de maternar desde cedo. o discurso "toda mulher tem o sonho de ser mãe" é repetido - principalmente pra nós, meninas - a partir de uma idade muito pequena. além disso, pouco se fala sobre o quanto a gravidez é um período complicado na vida da mulher, que a deixa vulnerável a muitas turbulências, com um grande fardo emocional envolvido.

foi pensando nisso que resolvi trazer esse assunto para uma história. acho a helô uma personagem impressionante, com muito potencial de desenvolvimento e que foi um pouco esquecida pela sua criadora - duas vezes - no tópico aprofundamento de trama. sendo assim, tomei a liberdade de dar a ela pelo menos uma atenção maior. espero que vocês consigam ver a problemática principal da personagem e que façam um esforço especial para entendê-la. sei que provavelmente será uma tarefa difícil, mas farei o possível para deixar bem claro os motivos e sentimentos dela ao longo da história.

gostaria de dedicar essa fanfic à irmã de alma que encontrei aqui. quando ela leu tudo pela primeira vez, me surgiu com várias ideias e sugestões importantes e que enriqueceram essa trama tão especial. dito isso, para jess - jequinha pra mim, ok? -, minha melhor amiga.

além disso, um espacinho especial para outras amigas muito queridas, e que estão sempre me dando força para escrever: bri, sarinha, rach, manu, rafinha, lou (minha the oner), luísa (vulgo lulu), ju e vivi barbaridade, cuja forma de escrever me inspira a ser uma escritora melhor todos os dias. amo todas vocês.

por fim, mas não menos importante, a todas vocês! acho que já falei isso, mas escrever é meu sonho e são vocês que o tornam possível. muito obrigada!

espero que gostem de "chuva da meia-noite" e que essa seja uma boa experiência. desejo uma ótima leitura. <3

***

— Não dá. Eu não posso, Stenio.

A voz de Heloísa tremia conforme ela pronunciava cada uma das sílabas presentes nas duas frases. Seus olhos procuravam tudo, menos o advogado à sua frente.

Ela estava com vergonha

Chovia onde os dois estavam. Helô sentiu que seus vinte e cinco anos de idade pareciam muito menos agora, com seu corpo parado na varanda do casarão em que dividia com o marido, completamente encharcado da chuva. Enquanto Stenio buscava lhe arrancar uma reação, ou qualquer, qualquer indício de que não falava sério, ela podia jurar que não passava de uma adolescente.

— Helô, pelo amor de Deus, você só teve um dia ruim. – O advogado argumentou, sua mão direita encostando no pulso dela. Heloísa se assustou com o toque, mas não soube exatamente dizer o motivo, já que era ele que estava ali.

Ela deu um suspiro. As coisas vinham se revelando tão confusas que a delegada já não conseguia mais distinguir as razões de acontecimento para todas elas.

— Não fala uma coisa dessas.

Stenio estava errado. Não estava dizendo aquelas frases porque se  tratava de um dia ruim.

Era um período ruim. Um período que começou quando descobriu que estava grávida.

Não que ela não quisesse ser mãe. Quando aquele teste lhe apareceu positivo pela primeira vez, é claro que a delegada se assustou, mas Stenio conseguiu convencê-la de que eles dois passariam pelo momento juntos. "Vai ser mais um desafio que vamos enfrentar como um só", o marido dissera, e Helô comprou o discurso cheio de promessas e juras de amor.

chuva da meia noite (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora