eu nunca tive a coragem das minhas convicções

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oi, tudo bem?

chegamos oficialmente à última fase da nossa história. e que história! não quero fazer nenhuma declaração turbulenta e com tom de despedida agora, mas quero deixar clara nas linhas a seguir a minha gratidão por todas as pessoas que decidiram ler minhas loucuras e pensamentos mais íntimos.

a helô é, às vezes, um reflexo de mim. e muitas vezes é difícil de lidar com essa realidade, mas vivo fazendo o possível para conseguir ser a melhor versão que posso. quando escrevo "chuva da meia noite", tento confortá-la com as palavras que muitas vezes quero proferir para mim mesma. eu amo essa personagem. ela não é inteiramente minha, mas guarda um pedaço dos meus sentimentos, das minhas vontades, dos meus devaneios. e quando vocês acolhem ela, acolhem a mim também.

obrigada por tudo, sempre. nunca vou saber agradecer o suficiente. dedico esse para cada um de vocês que decidiu se aventurar por estes capítulos.

boa leitura!

***

Não.

Helô ouviu a sua voz ecoar pela sala, a rouquidão causada pelo nervosismo transformando-a em um baque seco.

O gabinete do doutor Antero ficou em silêncio por alguns minutos, enquanto a cabeça da delegada trabalhava a mil por hora.

Um lado seu – o mais obscuro e do qual ela mais sentia vergonha – se arrependeu da palavra monossilábica no momento em que ela saiu de sua boca. Ela se odiou por isso no mesmo segundo em que o sentimento passou pelo fundo de seu estômago; não deveria ter hesitado. Não deveria sequer ter cogitado.

De fato, não hesitou. Não fez nenhuma menção verbal à questão de que era, se fosse ser realista, uma proposta muito interessante. Ela não era ingênua a ponto de pensar o contrário. Ainda assim, sabia que tinha prioridades agora. E essas prioridades tinham sido completamente estabelecidas pelo seu subconsciente.

A sua família. Helô precisava estar presente para a sua família.

Enquanto observava a expressão do seu supervisor mudar para uma carranca desconfiada, a mulher de cabelos acobreados tentava se convencer do que era óbvio. Trabalhar no exterior seria uma oportunidade única, mas com certeza, se ela mantivesse o seu nível de excelência nos trabalhos, receberia outras propostas como aquela muito em breve. E, de repente, quando as coisas estivessem estabilizadas com Stenio, eles poderiam pensar naqueles planos como algo para a família inteira.

Uma mudança dos quatro. Só que isso não poderia acontecer de uma forma tão imediata, e Helô sabia que se quisesse não ter que abrir mão de seus pequenos, ela precisaria deixar a carreira um pouco de lado.

É claro que doeu nela. Não o fato de que tinha escolhido seus filhos, mas ter, em parte, desistido de algo muito importante para a sua vida profissional. No entanto, ainda que fosse doloroso, era necessário, e ela não ia dar para trás. Nem mesmo quando ouviu a voz descrente do policial à sua frente, perguntar:

Não?

Ela precisou respirar fundo para se manter firme. Buscando se agarrar à literalmente tudo o que tinha de mais importante em seu coração agora, pensou na figura inocente de Téo lhe abraçando pelo pescoço e perguntando se ela iria embora.

A mamãe vai, mas a mamãe volta.

— Não. – A delegada repetiu a premissa, sóbria, ajustando a postura na cadeira e limpando a garganta. Com a voz falhando, completou o próprio raciocínio. — Eu não posso.

— Eu não entendo – Antero rebateu, e parecia mesmo estar sendo sincero quanto ao fato de não compreender o que se passava. — Yone disse que tinha certeza de que a doutora iria aceitar. O que mudou?

chuva da meia noite (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora