família que escolhi, ainda é o suficiente?

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oi, tudo bem?

hoje quero deixar um obrigada especial e muito, muito, muito cheio de sinceridade e emoção para leh (milena), pela forma como ela transmitiu a sua visão de chuvinha, junto a outra fic que amo e que, infelizmente, está chegando ao fim. acho que já falei isso aqui várias vezes, mas escrever é minha paixão, e cada vez que uma de vocês, amigas, me apoiam nisso, eu sinto como se essa minha paixão fosse acolhida, abraçada. sou muito grata pela percepção que você teve da minha história, e sempre vou lembrar desse vídeo com muito carinho. obrigada <3.

obrigada também a todas que não largaram minha mão em nenhum parágrafo dessa história. sou muito insegura com ela às vezes, e é muito bom saber que vocês gostam e estão dispostas a embarcar na aventura dela comigo.

obrigada pelo processo. vamos juntas.

boa leitura!

***

3 meses depois

Acordar era a parte mais difícil. Ainda que a dor física pela saudade não existisse mais, e que o cheiro de café recém passado se juntasse às vozes infantis vindas da sala a cada sete dias, faltava alguma coisa. Faltava uma presença, um enrolar entre os lençóis, um beijo e um abraço de "bom dia".

Por mais clichê que parecesse dizer algo daquele tom, faltava ele.

Helô passou o início das doze semanas que se seguiram se lamentando. Nos primeiros dias, ficou pensando que se tivesse falado com o marido sobre a proposta de emprego recebida, talvez não estaria tendo que viver com o fardo da separação, ou com a responsabilidade de passar finais de semana com seus filhos sozinha, precisando desfazer e fazer mochilas constantemente para mandá-los de volta para a casa do pai.

Contar para os gêmeos certamente foi o mais difícil. Ela precisou driblar muitas palavras e explicar minuciosamente a situação para Téo e Eva, garantindo-os entre lágrimas que eles conseguiriam vê-la sempre que tivessem vontade.

"Quando sentirem saudades de mim" Disse, sem voltar a sua vista para nenhum dos dois, exatamente na noite do dia em que ela e Stenio discutiram, quando a família se reuniu para jantar e os dois combinaram de revelar aos filhos que ela voltaria para a sua casa, no pequeno apartamento perto da praia. "É só falarem com o papai. Ele vai me avisar e eu venho correndo ver vocês, tá bom?"

"Você vai hoje, mã?" A mulher se lembrava exatamente do tom arrasado de seu filho lhe perguntando, causando uma onda de más turbulências em seu estômago.

"Não, meu amor." Ela respondeu na ocasião, engolindo o milésimo choro daquele dia. "Eu vou dormir mais um dia aqui, com vocês. Depois disso, eu e o papai vamos continuar cuidando dos dois, mas um pouquinho separados. Como uma equipe à distância." Em seguida, tentou mostrar um pouco de entusiasmo: "Bem legal, né?!"

"Não palece legal, mamãe." Foi a filha quem argumentou em seguida, empurrando o prato do jantar que estava praticamente intocado à sua frente. Helô se lembrava de ter percebido o erro de fonética, que nunca mais tinha acontecido dentro daquela casa, mas não teve forças para corrigi-lo. Na verdade, ela arriscava dizer que aquela estava entre uma das noites mais difíceis da sua vida, perdendo somente para a primeira, quando teve que tomar a decisão de deixar as suas crianças. "Nem você acha legal."

A promessa de estar sempre presente, é óbvio, se cumpriu, mas Helô não tinha como negar que Eva tinha total razão. Estava longe de achar aquela uma situação meramente legal; ela simplesmente odiava cada vivência do tempo que sabia que ambos em seu casamento precisavam. O fato de ter que se separar de Stenio e não viver como esposa dele era só a cereja de um bolo de tristezas acumulado, fazendo-a se sentir sozinha mesmo quando não queria.

chuva da meia noite (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora