minha cidade era uma ilha de desperdícios, mas para alguns era o paraíso

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oi, tudo bem?

mais um capítulo dessa história bem angst pra vocês. quero deixar claro que no início a trama vai precisar desses momentos de explicação para que vocês consigam entender melhor tanto uma parte dos sentimentos da helô – eles são muito complicados e muitas vezes nem mesmo ela vai conseguir entendê-los –, quanto como o stenio tocou a vida depois que ela partiu.

espero que vocês estejam gostando do processo que é a fanfic. estou muito animada pros capítulos seguintes, e agora que estou de férias, vou ficar atualizando essa e illicit alternadamente, duas vezes por semana. sendo assim: um dia da semana para chuva da meia noite, e outro para illicit affairs — vamos fazer dar certo!!

no mais, agradeço pelas leituras e comentários de sempre, vocês são muito queridas e me motivam muito, mesmo quando minha animação é zero, rs.

boa leitura.

***

Cinco anos depois, Aeroporto de Atlanta, Georgia

O aeroporto de Atlanta era feito de um mundo de pessoas. Heloísa se lembrou de que quando chegou nele pela primeira vez, seus olhos ficaram hipnotizados com a quantidade de gente que ia e vinha, com os inúmeros aviões que pousavam e decolavam dali para algum outro lugar, e com o movimento geral que aquele misto de elementos: seres humanos-aeronaves-malas-e-etc produzia.

Mesmo cinco anos depois, ela não conseguia se acostumar com toda a agitação.

Quando pisou ali – no início de tudo, era uma criança. Ela se considerava assim, pelo menos, apesar de na época já ter completado bem mais do que dezoito anos e ter deixado uma vida inteira para trás. Bom, se quisesse ser específica, tinha deixado duas.

Essas lembranças vinham em sua cabeça como uma névoa de mau presságio, e a delegada – que depois de tirar uma licença capaz de lhe render bons estudos no estrangeiro, voltava ao seu posto no Brasil – tentava escondê-las de si mesma o máximo que podia. O único problema era que esta se tornava uma missão meio impossível, principalmente porque ela não conseguia se perdoar facilmente pelo que fizera.

Agora, anos depois regados de muita meditação e terapia com profissionais variados, Heloísa sabia que o que tinha não era simplesmente um desinteresse em ser mãe. Ela estava realmente doente na época, e talvez nunca fosse capaz de se curar por completo, sendo sempre refém da sua própria mente.

Quando saiu do casarão que dividia com Stenio, deixando seus dois filhos gêmeos com ele para trás, Helô sabia que estava completamente por conta própria. Ela jamais voltaria para a casa dos pais, já que a mãe lhe dissera tantas vezes que ela tinha estragado a sua vida por ter engravidado jovem de um homem que, segundo ela, "não queria nada além de ficar defendendo bandido em porta de cadeia".

Sendo assim, com toda a angústia que estava sentindo, a mulher resolveu bater na porta de Maitê, sua única e provavelmente mais próxima amiga, quase como uma irmã, cujo lar era um apartamento simpático na Barra da Tijuca.

Lá, Helô desabou. Contou o que vinha sentindo desde o primeiro dia que descobriu que estava esperando um bebê. Abriu o coração sobre como não conseguia entender os motivos por detestar tanto ser mãe, por não se deixar apaixonar pelas duas criaturinhas que pareciam precisar dela mais e mais a cada dia. Disse à mulher que havia desabafado com o marido sobre não ser capaz de exercer a maternidade que Téo e Eva – nem mesmo havia escolhido aqueles nomes – mereciam, e que Stenio, apesar de fazer tudo para estar ao seu lado, não parecia entendê-la de verdade.

Maitê ouviu tudo com paciência, respirando fundo em momentos oportunos e balançando a cabeça para afirmar que compreendia o que a amiga estava dizendo. Ao final de tudo, quando a delegada já soluçava discretamente, mas sem querer dar o braço a torcer, ela questionou:

chuva da meia noite (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora