e a vida que eu joguei fora

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oi, tudo bem?

atrasei um pouquinho, mas acho que esse foi o maior capítulo que já escrevi até hoje! ainda estou me acostumando com as emoções da heloísa e por isso peço desculpas se tiver ficado levemente confuso em algumas partes. vou explicando tudo e desamarrando alguns pontos da história aos poucos, prometo.

foi uma semana turbulenta - meline, por Deus, ainda é quarta! - mas gostaria de agradecer às pessoas que me apoiaram e me mandaram mensagens de incentivo a terminar o capítulo. vocês todas sabem quem são e eu as amo muito!

espero que esse esteja do agrado de vocês. um beijo no coração de cada uma.

boa leitura!

***

Heloísa despertou com o cheiro de café coado invadindo as suas narinas. O aroma delicioso e familiar lhe provocou uma onda de nostalgia que não testemunhava há muito tempo. Quando morava nos Estados Unidos, ela basicamente tinha abolido a prática de fazer a bebida quente de maneira caseira, já que seu pequeno apartamento ficava a pouquíssimos metros das duas cafeterias mais populares entre os workaholics norte-americanos – Dunkin Donuts e, obviamente, o clichê Starbucks. Era muito mais fácil para Helô simplesmente passar em um dos locais e comprar um copo grande de café puro, embora ela achasse que o feito lá era bem menos forte do que o de seu gosto pessoal.

Era bom estar de volta ao Brasil. Passado o trauma do encontro com a filha, ela tentou focar mais no fato de que logo voltaria a trabalhar. Claro que, enquanto esteve sozinha em casa, não obteve tanto sucesso assim. A mulher continuou pensando em Eva, Téo e Stenio numa frequência bastante perigosa para a sua mente, que por sua vez ainda estava em processo de recuperação.

Por sorte, e como uma forma de provar aos principais amigos que apesar de ter mudado os seus ares, ainda estava cuidando da saúde, Heloísa resolveu aceitar o conselho de Maitê e procurar a ajuda doméstica que a loira havia sugerido. No sábado à tarde, quando estava olhando para o seu teto sozinha, inquieta demais para ler um livro, ela resolveu pegar o telefone e ligar para a "famosa" Creusa.

A senhora imediatamente se empolgou com a chamada, e, por tabela, empolgou Heloísa também. A mais nova não soube de cara dizer o que era exatamente, mas havia alguma coisa na conversa de Creusa que a fazia pensar que estava falando com alguém próximo, como se elas se conhecessem há anos, e não por pouquíssimo tempo. A mulher, a qual a delegada calculou ter aproximadamente idade para ser a sua mãe, contou que vinha do Maranhão e que estava tentando a sorte no Rio quando conheceu Linda, que trabalhava na casa de Maitê.

"Ah, Donelô" Ela dissera ao telefone, fazendo a delegada rir com o apelido com o qual tinha recém sido presenteada. "Linda é apaixonada pela família de dona Maitê. Quando ela soube que dona Maitê tinha uma pessoa que tava precisando de ajuda, tratou logo de me indicar. E eu disse que sim, né? Porque se é amiga de dona Maitê, com certeza é uma pessoa muito boa."

Heloísa ficou encantada depois de desligar o celular, e teve que se segurar para não pedir para Creusa que fosse até a sua casa naquela mesma tarde.

Ela se sentia constantemente solitária quando morava fora. Claro, fazia ligações frequentes para Maitê e Barros e ainda tinha as amigas da especialização, mas não era a mesma coisa. Desde que se entendia por gente na vida adulta, Helô estava acostumada a ter um parceiro para qualquer atividade que fosse vir a fazer, então foi muito difícil se adaptar à solidão que veio com a saída de casa.

Vivia pensando se talvez Stenio também sentia-se daquela forma, mas achava que provavelmente não. Afinal de contas, dos dois, ele era quem possuía mais amizades dentro do ciclo da faculdade. Ela acreditava que ele tinha mantido contato com todas aquelas pessoas que eram seus amigos em comum, e aos poucos superado a sua ausência.

chuva da meia noite (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora