O Tempo Que Não Temos

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A noite ia longa quando voltei para Hogwarts. A hora de recolher já tinha passado, por isso fui direta para a lareira da sala comum de Ravenclaw quando cheguei a Feldcroft. Subi para o meu quarto no mais profundo silêncio, encontrando Samantha já adormecida na sua cama. Notei-a encolhida por baixo do lençol, talvez com frio. Puxei para ela a coberta enrolada aos pés da cama, aconchegando-a. Mesmo depois de um ano, velhos hábitos mantinham-se.

Sobre a minha cama encontrei um papel. Desfiz-me da capa antes de recolhe-lo para ler.

Encontra-me no Undercroft.

Não tinha assinatura, mas conhecia perfeitamente aquela letra apressada. Será que ainda me esperava?

Lá fui eu de volta para a lareira, com um sorriso a teimar em alojar-se nos meus lábios, e viajei para a mais próxima da sala de Defesa Contra as Artes Negras. Não podia negar que sentia a falta dele. Além disso, estava a dever-lhe explicações.

– Samantha! – A voz de Sebastian trovejou assim que pôs os olhos em mim, ainda eu atravessava o portão de ferro do Undercroft. – Onde tens andado? Sais depois das aulas às pressas com a Natty, depois do jantar vejo-te a sair com o Weasley, hoje desapareces outra vez!

Sebastian despejou tudo de uma vez, como se tivesse suportado durante demasiado tempo, o que não deixava de ser mentira. Foquei-me tanto na magia ancestral e em descobrir o máximo sozinha, que acabei por deixá-lo de lado mais do que deveria. A culpa rodeou-me num abraço gelado.

– Já sei que cruzei os limites, mas não precisas de distanciar-te assim de mim – acrescentou num tom mais baixo quando me aproximei.

– Desculpa, Sebastian. Não tem qualquer relação com isso.

Sebastian não me deixou explicar. A urgência na voz intrigou-me.

– Então, o que é? Achei que estávamos nisto juntos! Eu sei que tinhas falado em pedir ajuda ao Weasley, mas podíamos ter ido juntos.

Estreitei o olhar sobre ele, pronta para questionar o real problema, mas, novamente, não tive oportunidade.

– E com a Natty? Não acredito que tenham ido estudar, não vos vi na biblioteca.

– Andas a seguir-me? – Indaguei, incrédula, mas Sebastian pareceu não ter ouvido ou, simplesmente, ignorou.

– E hoje? Desapareceste por horas! Nem sequer vieste jantar!

Acabei por tapar-lhe a boca para tentar calá-lo. Sebastian ainda balbuciou algo contra a palma da minha mão, mas desistiu diante do som abafado que se tornou a sua voz. Tentou desvencilhar-se do meu toque.

– Se me ouvires, eu solto-te.

A força dele sobrepôs-se à minha quando me rodeou os pulsos e afastou-me, mas não me soltou. Aproveitei o silêncio momentâneo para tomar as rédeas daquela conversa.

– Eu descobri um mapa e estive a investigá-lo, por isso estive ausente.

– Teria ido contigo, se me tivesses chamado.

– Não quero que se repita o que aconteceu naquele escritório. – Vi-o endurecer a face. – Já carregas dor suficiente, não precisas de mais.

– Então não me excluas! – As mãos subiram para o meu rosto e seguraram-me com firmeza. – Se estiver longe, não te consigo proteger. Já basta a Anne...

Sebastian soltou um longo suspiro antes de encostar a testa na minha. Com a proximidade, senti o cheiro de bolo de laranja, o meu favorito. O meu estômago reagiu com um ronco. Não fui capaz de conter um riso constrangido. Sebastian acompanhou-me.

Entre Luz e Sombras (Sebastian Sallow x FemOC)Onde histórias criam vida. Descubra agora