Entre Luz e Sombras

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O fim de semana decorreu, aparentemente, de forma tranquila. Porém, acima das nossas cabeças, nuvens negras pairavam e lançavam sobre nós a sombra dos problemas ainda por resolver. A tensão estava no ar. Perguntas silenciosas flutuavam sem que houvesse coragem para que lhe dessem voz. Em algum momento elas seriam verbalizadas, e isso aconteceu na semana seguinte. Durante uma das aulas, a professora Weasley entrou e interrompeu-a para requisitar a minha presença. O trio de Slytherin velou a minha marcha até sair da sala.

– Desculpe por interromper a aula – proferiu a professora Weasley, no caminho para o seu escritório. – Sei o quanto é importante que assista a todas, dado o tempo que esteve fora, mas certos assuntos demandam urgência na sua resolução.

No interior da sala, ao lado da cadeira onde fui convidada a sentar, estava o professor Sharp. Cumprimentou-me com um simples aceno, que lhe devolvi prontamente, e aguardamos pela professora Weasley. Ela remexeu nas papeladas sobre a mesa até encontrar a carta que queria e estendeu-a para nós.

– O ministério anunciou uma nova visita a Hogwarts. No entanto, ao contrário das vezes passadas, vêm acompanhados – explicou.

Um detalhe chamou-me a atenção.

– Nova visita? Quantas vezes já estiveram aqui?

A professora Weasley ajeitou os óculos antes de responder.

– Várias vezes. Pelo menos uma vez por mês para vasculhar cada canto do castelo. Até então não encontraram nada, mas... – Restou o silêncio após um suspiro cansado.

A professora juntou as mãos sobre a mesa, o olhar ainda sobre a carta.

– O Black, enfim, revelou a localização do repositório – concluiu Sharp. – Não há outro motivo para mandarem Aurors. Precisamos de uma solução.

Dito isso, o olhar severo caiu sobre mim. Sem palavras, demandou por respostas que ainda não sabia dar. Ainda assim, não deixei de me pronunciar.

– Joseph Lynch, o meu único parente vivo, é quem detém a chave do repositório; eu entreguei-lha. Irei imediatamente encontrá-lo para que consigamos uma solução. Mesmo sem a chave, podem forçar a entrada como Ranrok fez. Temos que defender o repositório pessoalmente: eu e o Joseph.

– Samantha, minha querida – chamou Matilda Weasley, no tom de voz mais doce que já ouvira. As suas mãos estenderam-se sobre a mesa e chamaram pelas minhas. – Quando foi com o Eleazar, tu e ele fizeram todo o percurso sozinhos. Temo que continues a fazer o mesmo daqui em diante quando não é necessário. Acredito que o Aesop tenha conversado contigo. – O professor concordou com um aceno. – Isto é algo que envolve todos em Hogwarts. Não só queremos como também é nosso dever como professores proteger os nossos alunos.

– Claro. O próprio professor Fig afirmou que deveríamos ter pedido a vossa ajuda mais cedo. Talvez... – Mordisquei o lábio para conter um lamento. – Quem sabe as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

– De nada vale remoer sobre o que já passou. – A voz do professor Sharp soou grave e tempestuosa. – Não há nada que possamos mudar e pensar sobre isso é perda de tempo. Precisamos de um plano, Lynch, e é nisso que devemos nos focar.

Concordei com um aceno e preparava-me para me levantar quando senti a pressão das mãos da professora Weasley nas minhas. Ajeitei-me e indaguei sobre o que seria. A professora demorou para colocar em palavras o que queria dizer.

– Como te sentes, minha querida, depois do que aconteceu?

Hesitei. Deveria contar a verdade? Nem ao Sebastian tinha tido coragem de contar; como contaria a dois professores?

Entre Luz e Sombras (Sebastian Sallow x FemOC)Onde histórias criam vida. Descubra agora