Ep. 29

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Faziam exatos quatro meses que Rosé havia ido para Paris. Há exatas quatro semanas Jennie não recebia notícias dela, mas tentou não se desesperar e pensar besteiras.

Joy devia ter razão, Rosé deve estar ocupada com os seus problemas e sua dança, mandaria notícias quando pudesse.

Jennie tentava parecer feliz a maior parte do tempo, e no geral, parecia que as pessoas acreditavam nela; exeto Joy que a conhecia melhor do que ninguém. Porém, na maior parte do tempo, Joy fingia não perceber nada, como agora.

As duas estavam na rua, enfrente à casa de Jennie jogando volei. O ano havia acabado e elas finalmente tinham férias da escola.

- Joga logo isso, sua vaca - joy provocou rindo.

- Eu vou te mostrar quem é a vaca! - jennie riu também, se preparando para tacar a bola em joy.

Jennie iria jogar a bola naquele momento, quando um táxi parou bem ali no canto.

Ela parou esperando, não queria correr o risco de acertar alguém.

Então, viu duas garotas saindo de dentro do carro. A garota, segurava a mão da loira, a ajudando a se afastar e a pegar as malas. O coração de Jennie disparou no mesmo minuto.

Ela a reconheceria em qualquer lugar. Era ela. Era Rosé.

- Tá esperando o que sua viada? - joy provocou novamente, ainda não tinha visto o carro - O que você tá olhando?

Joy se virou para poder ver o que tanto Jennie olhava e então viu Rosé parada ali, junto da amiga. Ela sorriu.

Jennie largou a bola no chão de qualquer jeito e correu até Rosé, a abraçando e a rodando no ar, deixando a menina um pouco assustada. Ela não esperava aquela recepção.

- Não acredito que voltou - jennie diz ainda agarrada a ela.

- Eu disse que voltaria - rosé sorriu - E você me deu um susto menina.

Jennie puxou o rosto de Rosé contra o seu e a beijou. Faziam quatro meses que não a tinha em seus braços e aquele momento foi incrivelmente mágico. O sabor do beijo dela, exatamente como Jennie se lembrava... Perfeito.

- Droga. Que saudade eu senti de você!- jennie resmungou a apertando contra si.

- Eu sei - escorou a cabeça no pescoço dela - Também senti sua falta.

- Não sabia que ia voltar. Por que não me avisou? Aliás, por que não me mandou mais notícias?

- Ei, vamos com calma - rosé pediu - Temos muito que conversar ainda. Eu só quero um lugar para descansar primeiro.

- Tudo bem.

Jennie ajudou então Rosé a ir para casa. Estava se sentindo aliviada por dentro. Mais leve agora que ela estava de volta. Não sabia quanto tempo ela ficaria, nem o que queria conversar, só sabia que queria aproveitar ao máximo a companhia dela.

— Então, como está em Paris? — perguntou curiosa quando estavam sentadas juntas no sofá.

— Está sendo ótimo. A escola de balé é incrível, eu tenho melhorado muito na minha dança. As pessoas de lá também são legais. Algumas ainda estranham ter uma cega como colega, mas todos me tratam bem.

— Que bom — sorriu — E já acabou?

— Não — explicou — Temos uma semana de descanso, uma espécie de férias e eu aproveitei para fugir para cá. Eu estava com saudade de você.

— Então, por que não me mandou mais notícias? — pergunta calma.

— Você ficou muito chateada, né? — rosé fez careta.

— Fiquei preocupada. Achei que tinha acontecido alguma coisa ou que tinha esquecido de mim.

— Eu nunca esqueceria de você. Serei para sempre sua.

— Então o que houve?

Rosé não queria ter ficado tanto tempo sem se comunicar com Jennie, ela andava pensando algumas coisas sobre sua vida. Precisava fazer isso sozinha, sem a influência de ninguém. A última coisa que queria era ter preocupado ela.

— Eu estava pensando em algumas coisas.

— Que coisas? — jennie pergunta.

— Considerando alguns pontos da minha vida, coisas que talvez eu devesse mudar.

— Estou incluída nisso? — a olhou profundamente com medo da resposta.

— De certa forma — confessou.

— Rosie, o que foi? — insistiu já nervosa.

— Jen, está sendo realmente maravilhoso poder dançar em Paris, aprender com os melhores bailarinos do mundo, mas...

— Mas?

— Mas eu não estou feliz — rosé suspirou.

— Por que não? Não é o seu sonho? — jennie não conseguia entender.

— Paris é incrível, isso que estou vivendo é incrível demais para explicar, mas sei que falta alguma coisa, eu não me sinto completa. Não conheço ninguém em Paris além da minha amiga que foi comigo. Eu me sinto sozinha. Não tenho com quem conversar, um ombro amigo. Não tenho você.

Jennie podia entender como ela se sentia. Se ficar aqui, junto dos familiares e sem ela já era difícil, imagina se estivesse em um país desconhecido, longe das pessoas que  amava.

— Tem sido difícil para mim.

— Eu imagino, meu amor, mas não sei o que posso fazer — jennie confessou.

— Eu não te mandei notícias porque estava tomando uma decisão e não queria que nada que você dissesse influenciasse minha decisão.

— Que decisão?

— Estou pensando em não voltar mais para Paris, em ficar aqui — rosé sussurrou.

Por um minuto, Jennie não não soube o que sentir. Se sentir alegria por ela dizer que não iria mais embora ou ficava triste por saber que ela estava desistindo de seu sonho.

Jennie soube rapidamente o que deveria dizer. Não podia deixar o seu egoísmo falar mais alto.

— Rosé, eu imagino o quão difícil deve ser ficar sozinha lá, mas, por mais que eu realmente queira que você fique, não acho que você deveria desistir do seu sonho assim.

— O quê?

— Você lutou tanto para conseguir essa bolsa, não acho que você deva abrir mão dela assim tão fácil.

— Não está sendo fácil para mim — rosé protestou.

— Eu só tô dizendo que você não deveria deixar esse sentimento te desanimar, você tem tanto talento, já passou por tanta coisa.

— Eu sei. Mas já é assustador para mim não poder conhecer o lugar aonde vivi toda minha vida, imagina estar sozinha em um país desconhecido sem poder ver nada? Tem que confiar em estranhos. Eu não sei se posso continuar com isso.

Jennie a abraçou forte. Queria encontrar uma solução para esse problema, o jeito dela não precisar desistir.

— Por que não Fazemos o seguinte, você vai ficar aqui essa semana. Pense bem nesse tempo se é isso mesmo que você quer, pode falar comigo sobre o que quiser, mas não tome nenhuma decisão agora, está bem? Só pense primeiro.

— Não quer mais que eu fique? — rosé brincou.

— Eu quero que fique, mas que tudo. Mas não é por isso que vou te prender e rouba seu sonho, meu amor. Só quero te vê feliz. Não quero que faça nada que se arrependa depois.

— Tudo bem — suspirou — Eu vou pensar.

Jennie sorriu satisfeita e a beijou. Agora só queria aproveitar a presença dela ali. Rosé ainda tinha uma semana para resolver o que fazer.

A Bailarina [CHAENNIE]Onde histórias criam vida. Descubra agora