Epílogo - Final.

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Jennie estava desesperada por Rosé ter perdido os sentidos, mas foi tranquilizada pela médica que explicou que ela havia tido estafa física e emocional, seu cérebro então desligou, mas ela já havia checado e Rosé já estava estável, porém sedada para que pudesse descansar.

Nesse meio tempo, Jennie cortou o cordão umbilical, entregou a muda de roupas e agora admirava seu filho no berçário. Já havia pegado o menino no colo e chorou, na verdade ela não parava de chorar desde que ouviu seu chorinho pela primeira vez. Esperava ansiosamente que Rosé acordasse para dividir com ela sua alegria.

Algumas horas depois, Jennie já estava no quarto com Rosé, ela lia um livro e ouviu quando Rosé resmungou acordando.

— Ai...

— Rosie, amor, tá tudo bem? Tá sentindo alguma dor?

— Minha cabeça, parece que vai explodir e...

— O quê?

— Meus... Meus olhos... Estão doendo, ardendo. Você... Você pode apagar a luz?

— Luz?

— Sim, estou enjoada.

Jennie sem entender aquilo fechou a persianas, deixando o quarto à meia luz e voltou para perto da cama.

— Pronto amor, diminuiu o incômodo?

— Aham, eu ainda me sinto tonta e enjoada, mas já não parece que tem algo perfurando meu cérebro pelos olhos.

— Rosé...

— Oi amor?

— Você pode abrir os olhos um instante?

Rosé abriu os olhos lentamente, e as sombras começaram a estabilizar, e de repente ela viu suas mãos. Ela as viu na frente do rosto e não conseguia dizer uma palavra, ela estava... Ela estava vendo? Não podia ser, ela fez aquela cirurgia a tanto tempo, a mais de um ano, e nada aconteceu. Foi tirada de seu devaneio ao ouvir aquela voz, aquela voz que tanto amava. Se virou lentamente e a viu, olhando em seus olhos com o olhar preocupado.

— Amor, você está bem?

E foi o necessário para que uma torrente de lágrimas viesse e Rosé só conseguisse segurar o seu rosto e acariciar cada parte. Jennie estava confusa e nervosa por ver a mulher chorar sem parar.

— Rosie...

— Eu estou vendo... Jen, amor, eu posso ver você... Eu posso, eu posso ver você!

Então Jennie entendeu, ela entendeu a enxurrada de emoção de Rosé. Ela a abraçou apertado e enxugou suas lágrimas, lágrimas de felicidade.

— Isso é incrível, amor... Você está mesmo me vendo?

— Sim, eu estou vendo você chorar, e que está descabelada e... e meu Deus você é tão linda, e seus olhos.... — diz chorando.

— Meu Deus, eu nem acredito — jennie sorria entre lágrimas e a abraçava.

— Olá mamães — a enfermeira entrou trazendo o bebê, e Rosé não conseguia seguarar as lágrimas mais uma vez.

Ela pegou aquele pequeno bebêzinho e admirou cada traço. Ele abriu os olhinhos e olhou diretamente para a mãe, fazendo o coração de Rosé errar uma batida e Jennie se derretia toda ao lado dela e daquela coisinha mais fofa.

— Ele é tão lindo, amor — rosé dizia acariciando o rosto dele.

— Ele é sim, lindo como a mãe dele — diz fazendo rosé a olhar e sorrir — Você já escolheu um nome?

— Não, tínhamos três opções de nome, certo? Mas você sabe como eu sou indecisa, por isso deixarei isso em suas mãos — diz rosé.

— Tem certeza?

— Claro amor, você é mãe dele também—  disse enquanto colocava o bebê para mamar e suspirava por poder ver isso.

— Tudo bem, então... seja bem vindo Eunwon — jennie diz tocando a cabecinha do bebê e Rosé a olhou emocionada.

— É um lindo nome.

— Eu sei, duuh — diz divertida.

— Obrigada, eu te amo — ela diz e jennie lhe dar um selinho.

— Eu também te amo, e feliz aniversário bailarina — sorriu.

— Obrigada, esse é o melhor presente da minha vida.

E a emoção seguiu por um tempo. Rosé não conseguiu segurar o choro ao ver cada rosto conhecido pela primeira vez, mas principalmente de seu garotinho. Foi a melhor sensação do mundo poder ver aquele rostinho, fruto do amor dela e de Jennie, Jennie que agora tinha um rosto, e não apenas uma voz.

Voltou ao médico quando se recuperou do parto e o mesmo a explicou que isso poderia acontecer, pois as células troncos regeneram os tecidos e as vezes leva mais tempo.

E o esforço sensorial que Rosé fez no parto pode ter sido o estopim para que as retinas fossem estimuladas a ponto de voltarem a funcionar. Ele a liberou e pediu que tomasse alguns cuidados, mas teria uma vida totalmente normal.

Ela teve que reaprender a ver o mundo, mas estava sendo a melhor experiência que já teve. Demorou um pouco para se acostumar e Rosé ainda tinha a percepção sensorial de um cego, e teria por muito tempo ainda.

Ela refletia sobre sua vida enquanto olhava as estrelas, na varanda de seu quarto na casa que tinham em Nova York. Estavam lá para a festa de aniversário de cinco anos do Eunwon, seu filho.

Eunwon era doce e calmo e tinham até os olhos claros e cabelos negros, ele era uma mistura exata das duas. Rosé foi tirada de seus pensamentos ao sentir aquele perfume que adorava e sempre reconheceria, mesmo enxergando.

— Posso saber o que meu amor está pensando? — ela perguntou enquanto a abraçava por trás e encaixava seu queixo no ombro da esposa.

— Acho que em tudo, estava fazendo uma prece silenciosa, por nós, por ter conseguido tudo que sonhei e ainda mais... Mas principalmente — ela se virou de frente abraçando sua mulher pelo pescoço — Eu estou agradeço por ter você, meu porto seguro, minha mulher, companheira, amiga, mãe do meu filho, que me deu algo que jamais poderia sonhar.... Uma vida.

— Hey, mas eu não te dei a vida querida, tenho certeza de que foram os seus pais — ela diz divertida arrancando um sorriso de rosé.

— Sim, eu ganhei vida duas vezes, Jennie, a primeira quando nasci, e segunda quando conheci você — diz carinhosa, fazendo jennie se emocionar.

— Eu te amo Rosie, e agradeço a Deus todos os dias também por ter colocado você pra dançar Balé na minha escola. Você mudou tudo, você me mudou.

— Eu também te amo vida, você me faz mais feliz como jamais pensei que pudesse ser.

Jennie sorriu antes de beijá-la com todo o amor que sentia. Após terminar o beijo, colou suas testas e sussurou:

— Dança para mim minha bailarina?

— Sempre, mas dessa vez, que tal dançarmos juntas?

Jennie sorriu mais uma vez antes de colar seu corpo ao dela, e juntas de olhos fechados dançava uma melodia só delas, tocando em seus pensamentos.

Rosé apesar de enxergar, ainda dançava de olhos fechados, pois assim mantinha a essência de sua dança. Mas agora, sempre que podia chamava Jennie para dançar com ela. Ambas dançavam juntas a dança da vida, a dança do amor. E elas não precisavam nem de música, nem de visão, pois como dito antes, para amar, não é preciso ver, apenas sentir, e isso ambas, tinham de sobra.

E teriam por muito tempo.

Fim.

A Bailarina [CHAENNIE]Onde histórias criam vida. Descubra agora