Capítulo 17: Desaparecida
*Autora*
Do lado de fora, o vento sacudiu os sinos de madeira em aviso. À distância, o lago Hashirama estava revolto, quase como se clamasse por seu filho perdido; os burburinhos frenéticos da água ficando mais altos, como se a água fosse um vingador convocando violência. Em seguida, o trovão chegaria mais rápido do que a chuva, com raios estalando chicotes elétricos em um céu implacável.
Os céus estavam escuros, um tanto revoltos. Faz cinco dias que as chuvas haviam encontrado seus caminhos até a vila da folha, as ruas vazias e o alerta de possível enchente ecoando nas rádios dos comércios locais.
Tsunade estava sentada em sua cadeira reclinada olhando sua vila, seu lar, sua responsabilidade, que mesmo com a torrente de água constante, a Hokage ainda considerava tão linda. Sua casa, estava feliz em estar de volta mesmo tendo que assumir um cargo que jamais desejou. Seu avô estaria orgulhoso afinal, no além, de sua conquista.
Apesar do perigo de enchente, os dias estavam tranquilos, entretanto algo a estava incomodando no fundo de seu âmago, tudo pacifico demais, tranquilo demais... Por um momento lamentou pelo seu lado pessimista, mas parte do papel de um Hokage é sempre estar alerta, por todos que moravam na vila.
Um fragmento de preocupação deslizou tão rápida e suavemente quanto uma de suas facas de chakra, alojando-se em um alvo estrategicamente alocado em sua sala, tinha essa mania quando estava entediada. Lançar fios de chakra pontudos diretamente na testa de seu avô, Senju Hashirama.
Tinha sido uma eternidade desde a última vez que haviam avistado os lendários Hokages nesta terra, seu avô e seu tio-avô foram de fato poderosos. Quase ninguém mais falava dos lendários, exceto em histórias contadas para assustar as crianças para que ficassem em suas camas à noite.
Agora, os adultos riam das velhas lendas populares, quase se esquecendo dos sete príncipes governantes do da vila da folha. Tsunade nunca esqueceria; suas lendas estavam gravadas em sua mente, marcando-a com uma sensação profunda de pavor. A área entre seus ombros formigou como se seus olhos de meia noite do seu avô estivessem sobre ela, observando das sombras. Era apenas uma questão de tempo até que alguém viesse a procurar.
Um Hokage quase nunca tem tanta paz e silêncio assim. Ou privacidade, pensou.
Ela sentia falta das visitas quase diárias de sua pupila, haviam longos dias em que não a via, desde a discussão que tiveram sobre a AMBU. Ela ainda estava magoada com a decisão da aluna, parte por saber a crueldade da organização e por não desejar isso a ninguém que amasse e outra parte por ser extremamente egoísta.
Sakura era quase como uma filha para ela, queria ser a figura materna da menina como igual, queria ser seu ponto seguro e primordialmente a pessoa que a jovem moça buscaria por aprendizado, conselhos e até amor.
Contudo Sakura estava buscando aprendizado em outra organização e isso a magoava.
Ela jamais seria seu avô, afinal. Tsunade era egoísta e possuía cicatrizes demais em sua alma para ter intenções puras como seu antecedente, desejava com todo o seu ser ser pura como ele ou Naruto, o que era um fracasso total.
A loira gostaria de retornar na quinta-feira passada, retirar todas as palavras que havia dito a pupila, queria poder tentar mudar a mente da garota com palavras mais gentis porém seu temperamento forte não permitiu isso.
O fato da lua não estar apenas cheia naquele dia, mas também de um tom pútrido de amarelo, fez a loira murmurar o tipo de advertências que faziam as pessoas quererem sumir de sua frente.
Explosiva e tempestuosa, era como Dan, seu antigo amante, a classificava.
"Você não irá passar nos testes de admissão, Sakura. Não seja burra menina! Você não é capaz, não é forte como Naruto ainda."
Merda, por que foi tão cruel?
Tudo que ainda trazia esperança para a mulher era a possibilidade de se redimir com sua aprendiz, ela teria tempo e estava planejando um pedido de desculpas em que envolvesse comida e uma conversa sincera.
Estava apenas esperando encontrá-la na rua ou no hospital para fazer o convite, ainda era orgulhosa e não queria dar o primeiro passo ao procurá-la, queria fazer parecer uma coincidência, mas com o tempo daquele jeito e com a estranha ausência de sua aluna, estava difícil encontrar o momento certo.
Mais um estrondo forte vindo do céu, furioso como um deus injustiçado e outro calafrio tomou conta de seu corpo, um gosto amargo na boca. O que de ruim estava prestes a acontecer? Sua intuição jamais errava.
Duas batidas ansiosas a tiraram o estupor de pensamentos que a haviam tomado, mal teve tempo de autorizar a entrada quando um homem encharcado de cabelos prateados adentrou a sala. Suas vestes grudadas no corpo respingam água e lama no chão, logo em seu tapete recém lavado...
A única coisa que a impediu de voar em cima do homem com palavras brutas e punhos fortes foi a feição atordoada que Kakashi Hatake carregava. Seu sexto sentido se expandiu e automaticamente soube que seriam más notícias, o homem inquieto olhou diretamente para a hokage com seu único olho à mostra.
- Tsunade, vim reportar um desaparecimento. - Kakashi diz decididamente.
- Desaparecimento? E quem seria?
No fundo, ela sabia quais sílabas sairiam da boca de seu subordinado, sabia o som da formação dessas letras, sabia quem estaria desaparecida. Era perceptível o nível de nervosismo de Hatake, a hokage sabia, ela sabia de fato, que ele não iria relatar sem ter investigado antes e tinha certeza que possuía provas a serem analisadas.
Ela sabia. Ela sabia, infelizmente. Ela sabia.
- Haruno Sakura.
Como um presságio, assim que o nome é pronunciado, a vila da folha ficou em um silêncio absoluto, a chuva cessou assim como a trovoada, os céus se abriram e pequenos pedaços de pedra voavam em direção às nuvens.
E com isso, um estrondo foi ouvido nos portões da vila.
Pain havia finalmente chegado.
.
.
Bah, agora que vai ficar mais difícil de buscar evidências com a vila prestes a explodir, não é mesmo?
O que vocês acham dessa tragédia?
Tell me tutti!
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Perdida na Solidão
FanfictionPerdida na solidão, encontrando novos objetivos na AMBU, entretanto as regras desta associação a pegam desprevenida e tendo que apelar para uma das únicas pessoas a quem confia. Ela estava disposta, apenas não sabia que ao ser aceita teria que dar...