Feridas que se não curam

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Capítulo 23: Feridas que se não curam

*Autora*

Três dias se passaram arrastando, aparentemente ninguém notou a nula movimentação da estalagem que sequer tiveram novos hóspedes nesse meio tempo.

Era para ser um sinal de alívio, mas Kakashi achava que o silêncio era misteriosamente proposital, naquele ponto a pousada já devia ter tido um ou outro viajante passante ou até mesmo alguns caçadores, já que a região era cheia deles.

Kakashi mantinha sua guarda alta, desconfiando que toda aquela situação poderia ser uma armadilha. A estalagem permanecia em um silêncio assustador nos últimos três dias.

Sakura passava a maior parte do tempo em um sono profundo, apenas despertando em momentos breves de lucidez, nos quais ele se encarregava de alimentá-la. Suas feridas estavam lentamente cicatrizando, e seu chakra começava a se fortalecer mais uma vez.

Comparado ao momento em que a encontrou, ela estava visivelmente mais saudável, porém, ainda distante de sua plena vitalidade de outrora. A dúvida persistia na mente de Kakashi, pois algo não parecia certo naquela tranquila estalagem.

Mal ele sabia que estava certo.

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*POV Sakura*

Kakashi está aqui.

Ele prometeu que estaria ao meu lado quando precisasse, e ele está.

Eu não consigo processar nada disso, então nem sequer tento. Apesar de seu rosto e suas ações passarem tranquilidade, eu sei que ele está preocupado com algo, também estou, os últimos três dias foram uma mistura estranha de memórias e sonhos dos quais não sei bem distinguir o que realmente aconteceu e não.

E havia tanto sangue, se era meu, não tinha certeza. Mas as visões de cortes e dores excruciantes faziam-me perder a consciência. Lembro brevemente dele me alimentando, me limpando e trocando meus curativos, mas logo haviam risadas, toques no meu corpo e mais sangue.

Há sangue por todo lugar.

E agora que despertei, vejo Kakashi em um momento vulnerável, ele está olhando pela pequena janela do quarto e uma ruga de preocupação se faz presente em seu belo rosto. Era estranho que estivéssemos parados ali por 72 horas, perigoso até. E o fato de todo tudo estava silencioso é um sinal bom demais para acreditar.

Viro-me para seguir ao banheiro, mas Kakashi já está lá, aparecendo na porta como uma montanha humana. Sua mandíbula dura está sombreada com barba a fazer e seus olhos são da cor de um lago negro gelado.

Com sua roupa tipo batalha e vários artefatos pontiagudos presos em seu corpo, ele se parece com um impiedoso soldado implacável. Eu quero fugir dele e saltar para seus braços ao mesmo tempo.

Eu não faço nenhum dos dois.

Ao invés disso, digo estupidamente:

- Acabou.

Eu sei que estou afirmando o óbvio, mas todas as formas de pensamento superior parecem estar além de mim no momento. Minha cabeça está latejando de dor, e meus joelhos parecem como se fossem falhar a qualquer momento.

A adrenalina que me sustentou durante a minha luta para liberdade se foi, deixando-me tremendo.

Kakashi me salvou. E ao mesmo tempo eu me salvei.

Perdida na SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora