Noragami: Até o Último Deus Cair

Capítulo 35 Adeus

Com o barulho das águas se partindo, a muralha de ondas sustentada pelo seu poder, o som do fogo queimando a madeira, um silencio absoluto de qualquer voz humana se fazia no local, parecia que tudo havia deixado de existir, era como se o universo tivesse parado para presenciar tal momento, o ápice da criação envolta na destruição e consumação, com a espada em sua mão, Yukine permanecia parado, com seu corpo tremulo, com seu rosto molhado pelas lágrimas que escorriam em sua pele de menino, todos haviam se calado, os espíritos dos deuses mortos, os anjos caídos, todos apenas assistindo aquele momento.

As correntes de ouro tremulavam enquanto Nora se debatia tentando se soltar das mesas, seu corpo era prensado, sangue saía de sua pele e o brilho do ouro era manchado com a cor avermelhada que escorria de Nora, Yato por sua vez permanecia de cabeça baixa, com um leve sorriso em sua face, pouco perceptível já que seus cabelos longos cobriam seu rosto.

-Yukine, deixe que de Nora, nós os espíritos dos deuses antigos cuidaremos dela, mas de Yato, apenas você tem o poder de detê-lo, por favor, que nossa morte não venha ser em vão. - Dizia Bishamon ao sussurrar em seu ouvido, com sua voz doce e suave.

Após dizer tais palavras, os espíritos vestidos de branco se amontoavam e corriam em direção a Nora, a mesma gritava em desespero enquanto se debatia nas correntes de ouro que a prendiam, sua pele ao tocar com os espíritos queimavam e rapidamente se petrificavam, a mascara que escondia seu rosto se quebrara, seus cabelos negros eram transformados em rochas enquanto todo o seu corpo era tomado pelo fogo que a consumia queimando sua pele, seu desespero era nítido em sua face, enquanto era tomada pela força dos espíritos dos deuses antigos, Tenjin lançara uma espada afiada que saía de sua boca e a penetrava em seu coração, aprisionando assim eternamente a sua alma na estátua de pedra a qual seu corpo lhe havia  transformado.

De cabeça baixa, Yato sussurrava em seus labios.

-Está feito. 

Houve então um forte estrondo nos céus, e o véu que separava os humanos do mundo espiritual foi se rompido, e os alicerces do mundo e dos céus foram abalados, era como se tudo estivesse se partido diante dos olhos de todos os seres vivos.

-Yukine, nosso julgamento foi cumprido para com a Nora, os céus foram rasgados, é hora do nosso espírito ser recolhido, deixo o resto em suas mãos. - Dizia Tenjin ao lhe tocar o ombro enquanto o olhava com um semblante de dor.

- Yukine, conto com você, na verdade todos nós, os deuses antigos, confiamos em você. - Dizia Bishamon lhe dando um apertado abraço, fazendo seu rosto encostar em seus imensos peitos.

Olhando para os céus, Yukine via cada um deles sendo tragados para além das nuvens, os céus se partiram e dentre as nuvens um imenso brilho dourado o clareava, semelhante a uma imensa raiz que se estendia do mais alto céu, e descia até as profundezas dos oceanos, os seus espíritos eram levados para cima, e toda a humanidade de diversas partes do mundo, contemplavam tamanho feito.

Dentre as correntes de ouro, o espírito de Hiyori saía de dentro delas e voltara novamente para o seu corpo, estando desacordada nos braços do jovem rapaz a qual conhecera no baile da escola, seus olhos se abriam lentamente, mesmo com sua visão turva, ainda sim dava-se para contemplar os espíritos dos deuses sendo recolhidos diante da face da Terra.

Quando o último espírito adentrou além das nuvens, os céus novamente se fecharam e as nuvens agora ocultavam mais uma vez da vista do mundo os segredos celestes.

-Está feito, finalmente, agora tudo está se concluindo. -Dizia Hiyori emocionada enquanto seu corpo tremulava e uma leve brisa soprava em seus cabelos.

Erguendo a espada que estava em sua mão direita, um imenso abismo se abria diante de seus olhos e todos os espíritos malignos eram tragados para dentro dele, eram lançados em montulhos, em um imenso mar de fogo e lava, que ardia constantemente, haviam muitos gritos e desespero, correntes forjadas no ferro derretido cobriam seus braços e os aprisionavam por toda a eternidade naquele lugar, após lança-los a terra se fecha deixando assim todos os que caíram aprisionados naquele lugar, fazendo cessar o som de gritos que vinham das profundezas até a superfície da terra.