Capítulo 11

368 38 4
                                        


Eu estava no quarto, já era noite e eu precisava terminar de arrumar aquele closet. Joseph disse que arrumaria, mas única coisa que ele fez foi abrir as malas e espalhar as roupas pelo chão. Ele sempre foi assim, bagunceiro e desleixado, mas eu nunca me importei.


Bom... Pelo menos não até agora.


- Pensei que você fosse arrumar isso aqui – Eu disse o ouvindo encostar-se na porta do closet enquanto eu pendurava em um cabide uma das minhas jaquetas jeans.


- Desculpe – Ele disse entrando no closet – Eu ia, mas acabei esquecendo – Ele deu um sorriso de lado.


- Eu percebi – Respondi o olhando de canto. Eu não estava brava de verdade, talvez um pouco chateada. Não por ele não ter arrumado o closet, mas sim por ele não notar a bagunça que está se tornando a nossa vida.


- Não está brava né? – Ele disse puxando meu braço e me fazendo ficar cara a cara com ele.


- Não – Eu disse me soltando e voltando a juntar algumas últimas peças de roupas que estavam espalhadas pelo chão. Ele se abaixou também e começou a ajudar. – "Agora que eu não preciso mais, ele ajuda" – Pensei sem olhar pra ele. Levantei-me e fui dobrando as peças e as pondo nas gavetas, ele se aproximou e sem dizer uma palavra me alcançou as roupas que estava segurando. Ele ficou ao meu lado esperando de mim alguma reação.


- O que foi? – Me virei pra ele, aquele seu olhar fixo em mim já estava me irritando.


- Nada – Ele deu um leve sorriso – Só estou vendo o quanto você fica linda brava. – Ele continuou sorrindo esperando novamente de mim alguma reação. Eu apenas revirei os olhos e sorri continuando a dobrar as roupas. Era quase impossível ficar brava com ele.


 Lembrei-me de uma vez que eu e ele brigamos, eu era humana e ainda não sabia o que ele realmente era. Nós tínhamos tido uma discussão boba no estacionamento do colégio e me neguei a ir com ele para casa o deixando para trás. Sai em direção ao portão da escola e ele foi correndo atrás de mim, me segurou e se ajoelhou pedindo desculpas. Minha primeira reação foi tentar sair correndo –"Que mico"- Eu pensava vendo os outros alunos olharem para a gente, ou melhor, para ele ajoelhado ali. Mas ele estava tão lindo me pedindo perdão, parecia tão sincero e ao mesmo tempo apaixonado, não resisti e o puxei para um beijo.


- Desculpa, não queria ter deixado você brava. – Ele me virou para olhar em meus olhos.


- Tá tudo bem – Eu dei um leve sorriso e me virei novamente para as roupas, mas logo fui puxada mais uma vez para ficar frente a frente com ele. Seus olhos verdes me fitavam e senti aquela velha sensação de estar me apaixonando por ele mais a cada dia.


- Eu te amo Lise – Ele pegou em meu rosto.


Eu sempre soube da sinceridade de seu amor, nunca duvidei e nunca irei duvidar.


- Eu também... – Parei olhando para seu rosto que esperava minha frase ser terminada – Também amo você. – Eu disse por fim o abraçando e sentindo seu perfume.



(...)



Pela manhã, logo que tive a oportunidade sai de casa em direção a biblioteca.


Sim, eu estava curiosa em relação a todos aqueles símbolos, mas tinha algo a mais me chamando para aquela biblioteca. Eu sei que ontem eu pensei seriamente em ficar longe dele, mas simplesmente não dá. Fiquei a noite toda pensando em como seria a reação dele quando nos encontrássemos de novo.


Eu sei... Meu namorado vampiro estava deitado ao meu lado na cama, e eu lá igual uma boba pensando em um humano que eu deveria enxergar apenas como um vale refeição.


Estacionei o carro na mesma vaga do dia anterior, bem em frente à antiga biblioteca – "Que sorte"- Pensei descendo do carro e indo em direção as escadas. As subi rapidamente e adentrei o lugar. Olhei ao lado da porta e vi a mesma mulher digitar coisas sem parar no velho computador, olhei as mesas enfileiradas e desta vez contei onze pessoas em silêncio lendo seus livros.


Fui em direção às estantes.


Desta vez não precisei procurar, eu já tinha uma breve noção de onde poderia encontrar o que eu queria. Segui para o fundo da biblioteca, bem onde Austin havia encontrado e me entregado os livros no dia anterior. Ao caminhar entre as estantes procurei discretamente por ele, mas não o encontrei. Continuei andando até por fim avistar a prateleira dos livros referentes à fundação da cidade. Aproximei-me e comecei a procurar algum livro que falasse sobre as bruxas.


Nada.


Escutei passos atrás de mim, e antes que eu me virasse para ver quem era escutei aquela voz.


- Precisa de ajuda moça? – A voz saiu rouca e ao mesmo tempo sorridente. Eu nem precisava me virar para saber quem era.


Era ele.


Era Austin.

DivididaOnde histórias criam vida. Descubra agora