Eu estava no quarto, já era noite e eu precisava terminar de arrumar aquele closet. Joseph disse que arrumaria, mas única coisa que ele fez foi abrir as malas e espalhar as roupas pelo chão. Ele sempre foi assim, bagunceiro e desleixado, mas eu nunca me importei.
Bom... Pelo menos não até agora.
- Pensei que você fosse arrumar isso aqui – Eu disse o ouvindo encostar-se na porta do closet enquanto eu pendurava em um cabide uma das minhas jaquetas jeans.
- Desculpe – Ele disse entrando no closet – Eu ia, mas acabei esquecendo – Ele deu um sorriso de lado.
- Eu percebi – Respondi o olhando de canto. Eu não estava brava de verdade, talvez um pouco chateada. Não por ele não ter arrumado o closet, mas sim por ele não notar a bagunça que está se tornando a nossa vida.
- Não está brava né? – Ele disse puxando meu braço e me fazendo ficar cara a cara com ele.
- Não – Eu disse me soltando e voltando a juntar algumas últimas peças de roupas que estavam espalhadas pelo chão. Ele se abaixou também e começou a ajudar. – "Agora que eu não preciso mais, ele ajuda" – Pensei sem olhar pra ele. Levantei-me e fui dobrando as peças e as pondo nas gavetas, ele se aproximou e sem dizer uma palavra me alcançou as roupas que estava segurando. Ele ficou ao meu lado esperando de mim alguma reação.
- O que foi? – Me virei pra ele, aquele seu olhar fixo em mim já estava me irritando.
- Nada – Ele deu um leve sorriso – Só estou vendo o quanto você fica linda brava. – Ele continuou sorrindo esperando novamente de mim alguma reação. Eu apenas revirei os olhos e sorri continuando a dobrar as roupas. Era quase impossível ficar brava com ele.
Lembrei-me de uma vez que eu e ele brigamos, eu era humana e ainda não sabia o que ele realmente era. Nós tínhamos tido uma discussão boba no estacionamento do colégio e me neguei a ir com ele para casa o deixando para trás. Sai em direção ao portão da escola e ele foi correndo atrás de mim, me segurou e se ajoelhou pedindo desculpas. Minha primeira reação foi tentar sair correndo –"Que mico"- Eu pensava vendo os outros alunos olharem para a gente, ou melhor, para ele ajoelhado ali. Mas ele estava tão lindo me pedindo perdão, parecia tão sincero e ao mesmo tempo apaixonado, não resisti e o puxei para um beijo.
- Desculpa, não queria ter deixado você brava. – Ele me virou para olhar em meus olhos.
- Tá tudo bem – Eu dei um leve sorriso e me virei novamente para as roupas, mas logo fui puxada mais uma vez para ficar frente a frente com ele. Seus olhos verdes me fitavam e senti aquela velha sensação de estar me apaixonando por ele mais a cada dia.
- Eu te amo Lise – Ele pegou em meu rosto.
Eu sempre soube da sinceridade de seu amor, nunca duvidei e nunca irei duvidar.
- Eu também... – Parei olhando para seu rosto que esperava minha frase ser terminada – Também amo você. – Eu disse por fim o abraçando e sentindo seu perfume.
(...)
Pela manhã, logo que tive a oportunidade sai de casa em direção a biblioteca.
Sim, eu estava curiosa em relação a todos aqueles símbolos, mas tinha algo a mais me chamando para aquela biblioteca. Eu sei que ontem eu pensei seriamente em ficar longe dele, mas simplesmente não dá. Fiquei a noite toda pensando em como seria a reação dele quando nos encontrássemos de novo.
Eu sei... Meu namorado vampiro estava deitado ao meu lado na cama, e eu lá igual uma boba pensando em um humano que eu deveria enxergar apenas como um vale refeição.
Estacionei o carro na mesma vaga do dia anterior, bem em frente à antiga biblioteca – "Que sorte"- Pensei descendo do carro e indo em direção as escadas. As subi rapidamente e adentrei o lugar. Olhei ao lado da porta e vi a mesma mulher digitar coisas sem parar no velho computador, olhei as mesas enfileiradas e desta vez contei onze pessoas em silêncio lendo seus livros.
Fui em direção às estantes.
Desta vez não precisei procurar, eu já tinha uma breve noção de onde poderia encontrar o que eu queria. Segui para o fundo da biblioteca, bem onde Austin havia encontrado e me entregado os livros no dia anterior. Ao caminhar entre as estantes procurei discretamente por ele, mas não o encontrei. Continuei andando até por fim avistar a prateleira dos livros referentes à fundação da cidade. Aproximei-me e comecei a procurar algum livro que falasse sobre as bruxas.
Nada.
Escutei passos atrás de mim, e antes que eu me virasse para ver quem era escutei aquela voz.
- Precisa de ajuda moça? – A voz saiu rouca e ao mesmo tempo sorridente. Eu nem precisava me virar para saber quem era.
Era ele.
Era Austin.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Dividida
VampirosDepois que me tornei uma vampira, meu plano era ficar com Joseph por toda a eternidade. Mas sabe quando o destino já tem um plano para você? O plano do destino para mim se chamava Austin. ...