Capítulo 21

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Eu segurei o braço de Austin e fechei os olhos.

Seu sangue descia pela minha garganta e eu sentia um enorme alivio tomar conta de mim. Eu não sabia se era seu doce sangue, ou a minha enorme sede que fazia com que eu nem sequer me importasse com quanto tempo fazia que eu estava ali, deixando a vida de Austin me preencher

Eu abri os olhos vagarosamente e o olhei. Ele não parecia assustado, estava sereno. Apenas observando eu sugar seu sangue. Ele então levou a outra mão a minha cabeça, e a passou pelos meus cabelos.

Pra quem acabou de descobrir que vampiros existem, ele estava bem calmo.

Aos poucos fui soltando seu pulso. Eu estava com medo de não conseguir, e acabar o matando. Ele se levantou passando a mão onde eu havia mordido. O sangue vermelho escuro ainda fluía e ele fez uma careta, eu estava sentada no chão junto a pilhas de folhas secas e lama, então ele lançou um olhar para mim.

- Como pode ser real? – Ele disse num baixo sussurro.

- Eu não queria que você soubesse – Eu respondi me levantando – Eu posso apagar sua memória e...

- Apagar a memória? – Ele disse me interrompendo com os olhos arregalados.

- Sim – Eu respondi assentindo com a cabeça – Você não precisa saber o monstro que eu sou.

- Você não é um monstro – Ele disse dando um passo em minha direção – É alguém incrível – Ele sorriu de leve, parecia fascinado com tudo aquilo.

- O que você veio fazer aqui? – Perguntei por fim.

- Bem... – Ele abaixou a cabeça – Eu fiquei meio mal com aquela nossa briga. – Ele voltou a olhar para mim – Você não foi mais a biblioteca, então eu decidi vir falar com você.

- Como me encontrou aqui?- Eu bati na porta da casa – Ele indicou a direção da casa com a cabeça – Mas não tive retorno. Então decidi dar mais uma olhada na pedra, e encontrei você desacordada. – Quando ele falou sobre a pedra, olhei para ela que estava logo atrás de mim.

As duas flores estavam lá.

- Eu agradeço o que você acabou de fazer. Salvou minha vida, mas vou apagar sua memória. – Disse me virando novamente para ele.

- Não. – Ele respondeu firme.

- Eu não quero que você saiba sobre isso. – Respondi dando um passo em sua direção – Não faz parte do seu mundo.

- Você faz parte do meu mundo – Ele falou olhando profundamente em meus olhos.

Eu fiquei em silêncio, pensando no que poderia responder.

- Eu não quero esquecer o que você é – Ele sussurrou passando a mão pelo meu rosto – Eu não vou falar nada á ninguém, prometo.

- Não por isso – Eu disse segurando sua mão – Você merece uma vida normal. Sabe quanto perigo está correndo aqui?

- Eu não ligo – Ele sorriu – Eu sei que parece idiota, e que faz pouco tempo que nos conhecemos. Mas eu não consigo ficar longe de você. – Ele se aproximou de mim – Quando eu vi você naquele festa aquela noite, foi como se eu estivesse mesmo te esperando.

- Você mal me conhece – Eu disse olhando em seus olhos.

- Mas eu quero.

- Eu posso te matar agora mesmo – Respondi.

- Eu morreria feliz – Ele sorriu – Mas só depois de fazer isso...

E me beijou.

Segurando meu rosto com uma das mãos ele encostou seu corpo no meu e me empurrou na direção de uma árvore ali próxima. Envolvi meus braços em volta de seu pescoço e me deixei levar pelo momento.

Seu beijo era feroz, senti sua respiração acelerar e seu coração bater mais forte. Por um segundo, jurei ter sentido "borboletas" no meu estomago. O beijo foi parando e ele encostou sua testa na minha, ainda com os olhos fechados ouvi a respiração dele aos poucos voltar ao normal.

- Você não sabe onde está se metendo – Falei baixinho abrindo os olhos vagarosamente e o encarando.

- Vou descobrir – Ele disse olhando em meus olhos num confiante sussurro e mais uma vez colando seus lábios nos meus.

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