Capítulo 12

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- Eu não sei se vai ter – Austin dizia revirando cuidadosamente a estante de livros velhos – Mas pra que você quer mesmo? – Ele olhou pra mim que estava um pouco atrás dele.


- Bem... – Eu desviei o olhar – Só fiquei curiosa com toda aquela história de bruxas – Sorri de canto.


- Como você é curiosa em – Ele riu voltando a revirar a estante – Curiosidade sobre a fundação da cidade, curiosidade sobre as bruxas. – Ele olhou pra mim mais uma vez – Bruxas que fazem parte de uma antiga lenda.


- Uma lenda real – Resmunguei baixinho na esperança dele não ouvir.


- Como você sabe que é real? – Ele se virou para mim.


Por um momento fiquei em silêncio pensando no que eu poderia responder. Então me surgirão duas opções...


Primeira: "Eu sou uma vampira. E se existe vampiros, com certeza existem bruxas também né?"


Segunda: "Tem uma pedra no quintal da minha casa com uns símbolos esquisitos que provavelmente são de bruxas."


 Optei pela segunda.


- É que tem uma coisa estranha na minha casa – Eu disse fazendo um mistério – Uma pedra pra ser exata.


- Então por ter uma pedra na sua casa, as bruxas da lenda existiram? – Ele riu e mais uma vez olhou para a estante, eu apenas revirei os olhos e me aproximei para ajudá-lo a procurar.


Ele parou e olhou pra mim.


 Seus olhar se fixou no meu quando o olhei de volta. Seus olhos negros se destacavam na sua pele clara, seu rosto era tão suave que o fazia parecer um anjo. Algumas mechas do seu cabelo escuro caiam sobre o rosto e ele constantemente as puxava para trás. Eu sabia que se eu o encarasse muito, não demoraria para meu desejo por seu sangue aflorar, então olhei novamente para os livros nas prateleiras.


- Por que você acha que a pedra tem algo haver com as bruxas? – Ele perguntou ainda com os olhos em mim.


- Não sei – Respondi sem olhar pra ele – A pedra tem uns símbolos esquisitos. Por isso queria um livro pra ter certeza.


- Já tentou no Google? – Ele perguntou encostando-se na estante.


- Ele nem sempre é confiável – Dei um sorriso de canto. Ele concordou rindo e abaixando a cabeça, assim fazendo algumas mechas de cabelos mais uma vez caírem sobre o rosto.


- Eu gostaria de ver essa pedra – Ele disse levantando a cabeça.


- Você não acha que é só uma lenda? – Eu disse o encarando na esperança de fazê-lo mudar de idéia. Não daria muito certo o levar até a minha casa com mais cinco vampiros andando livremente por lá.


- Acho – Ele respondeu dando de ombros – Mas posso mudar de idéia dependendo do que eu encontrar lá.


- Não é uma boa idéia – Eu disse olhando os livros da prateleira.


- Por quê? – Ele perguntou se inclinando para poder olhar meu rosto.


Eu o olhei de novo. Minha vontade era hipnotizá-lo para tirar de sua cabeça aquela idéia que mesmo ele não sabendo, era suicida.


- Eu... – Comecei a falar pensando em uma desculpa convincente. Por fim, revirei os olhos – Tá bom. – Eu disse quase me arrependendo.


- Ótimo – Ele sorriu – Amanhã de manhã? – Ele me olhou esperando meu consentimento. Não era uma má idéia ele ir logo cedo. Dependendo do horário todos ainda estariam dormindo, o que pra ele seria bem menos perigoso.


- Pode ser - Eu disse dando de ombros – Bem cedo? – Perguntei torcendo para a resposta ser sim.


- Antes de eu vim para a biblioteca – Ele dizia assentindo – Onde você mora? – Ele perguntou franzindo a testa.


- Na entrada da cidade – Eu respondi pensando em alguma referência que eu pudesse dar em relação a casa. - É uma casa antiga rodeada por uma flores... – Fui interrompida.


- Na antiga mansão dos Castt? – Ele perguntou arregalando os olhos. Eu não sabia se a casa era a antiga mansão dos Castt, mas como não havia mais casa nas redondezas acabei assentindo.


- Eu sei onde fica – Ele disse olhando em meus olhos.


Eu apenas assenti. Por um instante fiquei em silêncio pensando de onde eu conhecia aquele sobrenome, então por fim puxei pela memória...


"... Aos poucos o clã foi aumentando e não demorou muito para a rica família Castt chegar á vila e a transformar em uma pequena cidade..."

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