Dividida

Capítulo 27

Sentei-me na calçada, de frente á um parquinho onde algumas crianças brincavam vigiadas pelas mães. Segurei minha cabeça com as mãos e aos poucos fechei os olhos. O que está acontecendo? Não consigo entender, nada faz sentido.

Senti um desconforto correr pelas pernas e subir pelas minhas costas até chegar a cabeça me trazendo uma forte dor. Meu corpo começou a formigar e senti um sopro em meu rosto. Abri os olhos rapidamente um me deparei com garotinho de uns 5 anos parado em minha frente. Ele tinha cabelos cacheados e pele morena, seus olhos negros me encaravam de maneira sombria.

- Quem é você? – Perguntei um tanto assustado.

- Você nunca poderá fugir disso - Ele sussurrou – Nem mais adiar, o tempo se esgotou. Venha, vamos resolver as coisas. – Ele disse me estendendo a mão.

- Que coisas? Do que você está falando? – Perguntei me levantando

- Me de a mão. Vamos, eles nos aguardam. – Ele disse com um pequeno sorriso

- Eles quem? - Insisti na pergunta para tentar entender o que estava acontecendo

- Geooorge – Uma voz ao fundo desprendeu minha atenção do garoto. Uma mulher de cabelos ondulados parecia chamar pelo garoto. Voltei minha atenção ao menino que já não possuía olhos tão negros, seus olhos agora castanhos mel me olhavam confusos. Ele olhou para a mulher que vinha em nossa direção e correu até ela, a mesma começou a lhe dar uma bronca por conversar com estranhos e disse que não o traria mais ao parque.

Adentrei a porta da frente de casa, minha cabeça ainda doía tanto que eu mal podia virar os olhos. Um silêncio ensurdecedor consumia a casa.

- Geente... – Gritei ao pisar no primeiro degrau da escada. Mas não houve nem sequer um ruído na casa inteira. Olhei ao redor e pude perceber algo que escorria no chão da cozinha. Rapidamente fui até aquela mancha no chão que mais parecia... SANGUE. Sangue escorrido das paredes da cozinha inteira. Palavras escritas por todos os lados.

NÃO ADIANTA FUJIR... É O SEU DESTINO... MORTE... ELISE...VENHA PARA NÓS.

Meus olhos encheram-se de lagrimas, olhei ao redor. Onde estariam todos? Joseph? Nina? San? Esse sangue... Não, eu não suportaria mais perdas.

- Não se preocupe, não é o sangue deles. – Uma voz desconhecida veio de atrás de mim – Virei-me rapidamente e... Um homem de capa preta. Era ele. Aquele ser.

- O que fez com a minha família? – Gritei mostrando minhas presas e me preparando para atacar.

- Calma morceguinha – Ele escondia o rosto - Não precisa me atacar – Ele disse num tom sarcástico soltando algumas pequenas gargalhadas. – Sua família está bem. Verônica é que não.

Arregalei os olhos.

- Aquela bruxa linguaruda não deveria ter mandado você ir embora da cidade, nós nem nos divertimos ainda.

- Você... Você a matou? – Perguntei gaguejando.

- Ele matou-se sozinha indo falar bobagens para você – Ele aos poucos puxou o gorro que escondia seu rosto, até mostrar claramente sua face. Era um velho, aparentava uns 80 anos. O cabelo branco e raso pouco aparecia em meio a enorme barba preta que tomava seu rosto, os olhos negros destacavam-se na pela clara com algumas manchas trazidas pela idade.

- Quem é você? – Perguntei encarando-o

- Me chamo Allébis -Ele deu um curto sorriso.

- Onde está minha família? – Perguntei

- Está segura comigo – Ele me encarou – E Austin também.

Meus olhos estalaram-se em questão de segundos.

- Austin? O que você fez? O que quer de mim? – Perguntei quase aos prantos.

- Não... Shii, shii, shii... – Ele veio em minha direção tentando acalmar-me. – Quero apenas que venha comigo. Então solto todos. – Ele me estendeu a mão. – Não seja teimosa querida Lise.

- O que você quer de mim? – Perguntei estendendo-lhe a mão receosamente.

- Você logo saberá... – Ele agarrou com força minha mão e me puxou para a escuridão da capa que o cobria.