Apenas o som do forte vento lá fora preenchia o silêncio da casa. Todos haviam saído para caçar e eu estava ali, sentada na bancada da cozinha apenas vendo o tempo demorar a passar. Eu não havia falado com Joseph. Depois que conversei com Verônica pela manhã, não consegui pensar em mais nada além dos tais sinais que não são enviados diretamente as bruxas, e sim a pessoas próximas a elas. A dúvida se meu sonho era ou não um sinal me corroía.
- Eu devia ter perguntado – Sussurrei me levantando e indo em direção a sala. Percebi a ausência de dois abajures e deduzi que seriam eles os objetos que Joseph quebrou na noite anterior. Um alto barulho de chuva me tirou dos meus pensamentos, fui até janela e me deparei com uma forte tempestade. Folhas voavam para todo lado e o céu escuro se iluminava com os relâmpagos que não hesitavam em momento algum. Afastei-me da janela e então a escuridão tomou conta da casa.
Todas as luzes se apagaram.
Certamente a luz havia caído por conta da forte chuva.
- Onde Nina enfiou as lanternas? – Me perguntei voltando a cozinha e tentando encontrar com a ajuda dos breves clarões dos relâmpagos que entravam pela janela alguma lanterna nas gavetas.Não encontrei nada.Dirigi-me a janela da cozinha buscando no quintal o poste com a caixa de eletricidade para que eu pudesse ir até ele e ligar a luz de novo.
Avistei na mata um poste quase escondido pelas árvores, deveria ser aquele. Sai pela porta dos fundos e em menos de um segundo já estava em frente ao poste. Olhei a caixa de eletricidade e percebi que a mesma estava entreaberta, a puxei rapidamente e notei todos os fios arrebentados.
Alguém havia feito aquilo.
- Mas o que é isso? – Sussurrei fechando novamente a caixa e olhando ao redor. Havia apenas o som da chuva e dos ventos que ficavam mais fortes a cada instante. Eu já estava encharcada, meu cabelo pingava e minha camiseta branca estava transparente. O clarão de um relâmpago iluminou a mata e eu tive a impressão de ver algo entre as árvores. Ouvi uma forte batida e olhei rapidamente para trás, a porta da cozinha havia se fechado com força. O som de galhos quebrando me fez olhar novamente para dentro da mata.
- Quem está ai? – Gritei dando alguns passos para dentro da mata. Novamente ouvi galhos se quebrando, porém desta vez acompanhados de uma risada baixinha. Olhei ao redor buscando a risada, mas nada encontrei. Mais um relâmpago iluminou a mata e vi ao longe a sombra de um homem vestido em um sobretudo preto que logo sumiu.
– Ei – Gritei correndo na direção de onde havia visto a sombra há poucos instantes. Mas uma vez ouvi a risada, dessa vez mais alta.
Depois que virei vampira, nada mais me causava medo, mas aquilo estava me deixando apavorada.
Por um instante me perguntei o que seria aquilo, e então pensei na pedra.
- Não – Sussurrei baixinho e sai em disparada na direção da pedra. Ouvi as risadas me acompanharem, mas apenas as ignorei. Quando parei em frente à pedra, suspirei ao ver duas flores brancas á protegendo. Nesse momento, senti uma dor insuportável invadir minha cabeça. Comecei a gritar desesperadamente, fechei os olhos e cai de joelhos no chão. Era uma dor horrível, eu nunca tinha sentido algo daquele jeito, senti como se vários pregos fossem enfiados em minha cabeça.
Então a dor foi passando, meu corpo amoleceu e o senti cair com tudo no gramado enlameado, meus olhos estavam pesados e minha garganta coçava.
Eu estava fraca.
Ouvi passos se aproximando e então olhei uma bota preta parar em minha frente, mais uma vez ouvi a pavorosa risada.
- Quem é você? – Sussurrei tentando olhar para cima e ver o rosto do homem que estava em minha frente, mas meus olhos fecharam-se e tudo se apagou.

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Dividida
VampirDepois que me tornei uma vampira, meu plano era ficar com Joseph por toda a eternidade. Mas sabe quando o destino já tem um plano para você? O plano do destino para mim se chamava Austin. ...