Senti meu corpo formigar enquanto Allébis me amarrava deitada em uma grande e inclinada pedra próxima á fogueira. Eu podia ouvir Joseph chamando pelo meu nome desesperadamente. Eu podia ouvir o choro de Nina e as silenciosas gargalhadas que Allébis soltava enquanto terminava de me amarrar.
- Austin... – Allébis chamou – Venha meu filho. Chegou à hora...
Um espaço foi aberto e Austin adentrou o circulo, ele usava uma capa preta semelhante á de Allébis, porém, nas mãos ele trazia uma faca. Mas não era uma faca qualquer. A faca era grande, cerca de uns 40cm e possuía uns símbolos parecidos com os da pedra.
Austin aproximou-se de mim e me olhou. Seu olhar parecia querer me dizer algo. Os olhos arregalados pareciam assustados e ao mesmo tempo confiantes.
- Agora Austin... – Allébis gritou logo atrás dele.
Austin me deu um leve sorriso e sussurrou baixinho – Eu te amo Lise – Ele ergueu a faca então fechei os olhos esperando pelo pior...
O ranger da faca na pedra cortando as cordas que me prendiam fez com que rapidamente eu abrisse os olhos. Olhei e Austin eu uma virada acertou a faca no meio do peito de Allébis que caiu morto no chão.
- Jááááá – Ele gritou alto e do meio da mata saíram outras pessoas. Bruxos e bruxas do lado branco atacando – Vem Lise – Ele me estendeu a mão – Você tem que sair daqui.
- Eu pensei que... – Eu disse num baixo sussurro descendo da pedra.
- Eu não tenho culpa de ser quem eu sou, mas acredite Lise, eu jamais machucaria você. – Ele segurou minha mão e encostou seus lábios em minha testa – Agora corra.
Sai em disparada para soltar Joseph e Nina, mas eles já estavam livres e atacando os bruxos do lado negro. Eu não sabia o que fazer. Eu queria ajudar, todos estavam lutando e eu estava ali parada tentando entender quem era quem. Quem era do bem e quem era do mal.
Luzes e mais luzem iluminavam todas a floresta, a magia branca era forte, mas a negra também. Senti um forte empurrão me jogar para longe, olhei e percebi uma mulher vindo em minha direção. Deduzi que era uma bruxa negra então me levantei para atacá-la. Mostrei minhas presas e me preparei. Ela estendeu a mão e um clarão tomou conta e quando vi ela caiu no chão, Austin veio por trás dela e a acertou.
- Esconda-se – Ele gritou e quando virou-se para voltar a lutar foi atingido.
-AUSTIN... – Gritei correndo até ele, escorreguei ajoelhando-me ao seu lado. – Austin, por favor... – Segurei sua mão. Ele olhou para mim com os olhos quase se fechando.
- Obrigado Lise – Ele disse em um pequeno sorriso.
- Pelo que? – Perguntei segurando as lagrimas que insistiam em cair
- Por me fazer sentir uma pessoa melhor. Eu realmente amo você – Ele disse quase fechando os olhos.
- Não Austin... – Eu disse desesperada – Não morra... – Segurei seu rosto e o beijei. Senti ele corresponder, mas de maneira delicada, ele estava fraco. Mesmo assim pude sentir amor em seu toque. Afastei-me e olhei seu rosto, estava pálido e desacordado.
Gritei por ajuda. Levantei-me para pedir socorro e deparei-me com Joseph atrás de mim. Os olhos cheios de lagrimas e sua expressão mostravam tristeza. Ele limpou o sangue que estava em seu rosto e aproximou-se de mim. Sem dizer nem sequer uma palavra, ele me puxou para perto dele e beijou minha testa. E em um piscar de olhos, correu para dentro da mata e sumiu entre as árvores.
- Joseph... –Sussurrei abaixando a cabeça.
Olhei ao redor e percebi que a luta cessara. As poucas pessoas que ainda estavam no local estavam dispersando-se na mata. Abaixei-me novamente ao lado de Austin e fique ali segurando sua mão. Olhei novamente ao redor e vi Nina parada me observando. Ela abaixou a cabeça e correu para dentro da mata na mesma direção em que Joseph havia ido.
(...)
Os primeiros raios de sol surgiram e ali estava eu. Sentada ao lado de Austin, aos prantos, segurando sua mão. Eu não me conformava. O som do meu choro ecoava pela silenciosa e vazia floresta. Respirei fundo secando as lágrimas quando ouvi um som de galho quebrando vir de dentro da mata.
- Quem está ai? – Perguntei com a voz rouca.
- Elise Feel... – Era uma senhora baixa de cabelos brancos enrolados em um coque no topo da cabeça, ela vestia roupas brancas e trazia nas mãos uma rosa avermelhada.
- Sim... – Respondi secando ainda algumas lágrimas.
Ela aproximou-se e olhou o corpo de Austin no chão.
- Sinto muito por sua perda querida... – Ela abaixou-se e colocou a rosa no peito de Austin, levou a mão até sua cabeça e a tocou. Um breve clarão tomou o lugar. Ela levantou-se e me olhou. – Ele está em paz agora – Ela disse com um pequeno sorriso no rosto.
- Quem é a senhora? – Perguntei ainda com a voz fraca – Um anjo? – Ela sorriu.
- Não meu bem. Chamo-me Elisabeth. Sou mãe de quem foi James Luzir. Seu pai... – Ela segurou minha mão.
- Você... Você é a minha... Avó? – Perguntei entre gaguejos.
Ela assentiu com a cabeça.
- Venha, vou cuidar de você. Você ainda tem muitas coisas para descobrir e aprender minha querida. – Ela me puxou pela mão. Olhei mais uma vez para Austin e sussurrei baixinho – Eu amo você. – Virei me para a senhora que se dizia minha avó e ela sorriu para mim.
Segurando em sua mão, adentrei a floresta junto dela.
Era vida que seguia, e destino que continuava...
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Dividida
VampirosDepois que me tornei uma vampira, meu plano era ficar com Joseph por toda a eternidade. Mas sabe quando o destino já tem um plano para você? O plano do destino para mim se chamava Austin. ...