Dividida

Capítulo 25

Enquanto Alex e Joseph em prantos carregavam o corpo de Lilian para os fundos da casa, senti como se estivesse esquecendo de algo, ou de alguém...

- Austin... – Sussurrei arregalando os olhos.

- O que você disse? – San que estava logo atrás de mim perguntou confuso.

- Nada – Respondi olhando para San, e rapidamente abaixando a cabeça. Como pude esquecer Austin? E agora o que eu faria? Iria encontrá-lo na mata ou ficaria para a despedida de Lilian?

Talvez eu nunca me perdoasse por não ter ficado na despedida da minha amiga, mas certamente eu não queria ter que ver outra morte. Não a morte dele...

- Desculpem... – Eu disse virando o rosto para que ninguém me olhasse – Não posso ver isso. – E assim sai em disparada pela floresta antes que alguém pudesse me contestar. Entrei por entre as arvores tentando localizar o caminho que me levaria até Austin. Ele ainda estaria lá me esperando? Continuei a correr por entre a mata até chegar ao lugar onde havia o deixado... Mas ele não estava lá.

- Austin... – Gritei forte na esperança de ouvir algo a meu retorno, mas não houve nem sequer um ruído. Olhei ao redor mais uma vez na esperança de encontrá-lo, mas a mata estava quieta e escura. Em meio a todo aquele silêncio um forte barulho de trovão estremeceu a mata, relâmpagos acompanhados de uma fraca garoa tomaram minha vista e o desespero tomou conta do meu peito. – Austin... - Gritei novamente, dessa vez entrando na mata a procura dele, porém o único som que eu ouvia era o das gotas de chuva caindo nas folhas das árvores me dando cada vez mais uma sensação de agonia.

Eu não queria desistir de procurar por Austin, mas eu já havia olhado a mata toda e não tinha encontrado nenhum sinal dele.

Meu maior medo era que aquele ser de capa escura tivesse o encontrado.

Então sem muita escolha voltei para casa, decidi esperar o dia terminar de amanhecer pra que eu o procurasse na biblioteca. Rapidamente adentrei a mata e em meio à chuva segui o caminho até em casa. Ao chegar próxima da pedra parei para observá-la, e lá estava ela da mesma maneira. Questionei-me sobre o paradeiro de Verônica, e cheguei a pensar se ela não poderia me ajudar a encontrar Austin com algum tipo de feitiço. Voltei minha atenção ao caminho para casa e ouvi um suspiro baixo, olhei por entre as árvores e pude ver Alex ajoelhado sobre uma parte revirada de terra no quintal, aos poucos fui me aproximando.

- Ela foi a melhor pessoa que um dia eu conheci – Ele sussurrou entre soluços. Ajoelhei-me ao seu lado e o abracei, não haviam palavras que pudessem ser ditas para aliviar aquela dor, mas um abraço talvez o confortasse. – Ela sempre vai ser o amor da minha vida – Ele desabou em lagrimas e eu acabei por chorar com ele.

- Você também foi o amor da vida dela, eu tenho certeza... – Eu disse entre as lagrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto. Ficamos ali, em silêncio por alguns minutos, até que resolvemos nos levantar e ir para dentro de casa. Ao adentrarmos a porta, nos deparamos com Joseph e Nina sentados na sala.

- Onde estava Lise? – Joseph perguntou se levantando e vindo ao nosso encontro, mas parou para nos analisar.

Eu e Alex estávamos encharcados e pra completar sujos de lama.

- Com Lilian – Alex respondeu cabisbaixo.

Aquilo certamente foi de cortar qualquer coração. É nessas horas realmente que vemos quando existe mesmo o amor de verdade. Na hora da perda.

- Não vou continuar aqui... – Alex disse erguendo a cabeça e olhando para Joseph

- Como? – Joseph perguntou franzindo a testa.

- Vou embora – Alex respondeu passando a mão pelos cabelos molhados – O que realmente me prendia aqui era Lilian. Sem ela aqui nada faz sentido.

- Mas somos uma família Alex – Nina entrou no assunto levantando- se do sofá.

- Éramos – Alex olhou Nina – Agora vocês são, por que eu to fora. – Alex se virou e subiu as escadas sem olhar para trás.

Em meio a tudo aquilo, meu pensamento estava longe. Meio perdido... Onde estaria Austin?