Durante a madrugada eu estava sentada no sofá da sala, o silêncio era quase ensurdecedor, olhei no relógio - 03h00min - Suspirei em perceber o quanto o tempo custava a passar. Depois que voltei da biblioteca, não consegui pensar em outra coisa a não ser no fato de que pela manhã Austin estaria aqui.
- Eu devia ter tirado aquela idéia da cabeça dele - Eu sussurrava para mim mesma o tempo todo. Levantei-me do sofá e fui em direção a janela, puxei um pouco a cortina e olhei para fora. A noite estava estrelada e a mata ao redor da casa escura. Lembrei-me então sobre o que Austin havia dito da casa ter pertencido à família Castt. Por um minuto me perguntei se aquela pedra no quintal da casa tinha algo haver com o fato dessa família ter morado ali. Fechei a cortina e voltei a me sentar no sofá. Com certeza aquela noite demoraria muito para passar.
(...)
Joseph dormia tranquilamente, passei a mão pelo seu rosto e beijei sua testa. Vagarosamente me levantei da cama, fui em direção ao banheiro e me olhei no espelho. Se eu fosse humana provavelmente estaria cheia de olheiras, eu não tinha dormido um minuto sequer naquela noite, a preocupação com o que poderia acontecer era maior. Durante a noite toda pensei sobre o que eu devia fazer em relação a Austin. Por fim, cheguei à conclusão que eu não podia mais vê-lo. Se fosse preciso, eu o hipnotizaria para ficar longe de mim, mas aquela proximidade que estávamos criando tinha que acabar hoje mesmo.
Aquilo não era o que eu queria. Mas era o que eu devia fazer.
Sai do banheiro e fui em direção ao closet, abri cuidadosamente a porta para não ter perigo de Joseph acordar. Troquei de roupa e desci para a cozinha, olhei no relógio - 07h10min - Não demoraria muito para Austin chegar. Abri a porta dos fundos e sai em direção ao quintal, um vento forte passou por mim fazendo meus cabelos ficarem bagunçados, olhei ao redor. Estava tudo quieto, a não ser pelo canto de alguns pássaros que estavam saindo de seus ninhos, fui em direção a floresta, pulei pelos galhos que tentavam impedir a entrada e andei para dentro da mata pelo mesmo caminho do outro dia. Avistei a pedra e me aproximei notando algo diferente. As velas derretidas e as flores haviam sumido. Apenas a pedra estava ali. Enquanto me perguntava se Joseph ou Nina tinham limpado aquilo, escutei ao longe um barulho de carro, provavelmente Austin chegando.
Em menos de 1 segundo eu já havia deixado a floresta e estava nas escadas em frente a casa esperando ele adentrar os portões. Não demorou muito para um carro preto aparecer, era o mesmo carro que Austin havia usado para ir embora daquela festa a algumas noites atrás. Ele estacionou no gramado e desceu, estava usando uma calça jeans azul claro e uma blusa de mangas preta, seus cabelos estavam bagunçados e ele trazia um doce sorriso no rosto. Desci as escadas e fui a seu encontro sorrindo também.
- Bom dia - Ele disse se aproximando.
- Bom dia - Eu respondi tentando arrumar meus cabelos que ficavam mais bagunçados a cada sopro de vento.
- Então essa é a famosa casa dos Castt - Ele disse olhando a antiga casa - Nunca tinha entrado aqui.
- É só uma casa - Respondi olhando para ele - Então... - Ele me observou - A pedra fica por aqui. - Me virei e caminhei em direção ao quintal, o escutei andando logo atrás de mim. Enquanto caminhávamos em silêncio para dentro da mata, eu pensava no que eu poderia dizer a ele para que se afastasse de mim sem ter que hipnotizá-lo.
- Aqui está - Eu disse quando nos aproximamos da grande pedra.
- Nossa... - Disse boquiaberto - Esses símbolos são mesmo muito estranhos - Ele disse levando a mão para encostar na pedra. Antes que eu pudesse gritar para ele não fazer aquilo, ele tocou um dos símbolos.
Nada aconteceu.
Fiquei observando enquanto ele passava a mão pela pedra e não demonstrava sentir dor alguma - Apenas seres sobrenaturais sentem coisas sobrenaturais - Pensei ainda observando Austin. Ele olhou pra mim e veio na minha direção.
- Será verdade aquela lenda? - Ele perguntou me encarando.
- Não sei - Respondi olhando para baixo.
Eu sabia sim, mas eu não ia contar essas coisas para ele. Eu tinha na verdade outro assunto para tratar.
- Austin, eu preciso falar uma coisa com você - Eu disse levantando os olhos para ele.
- Pode falar - Ele disse se aproximando de mim e abrindo um pequeno sorriso - Mas acho que sei o que é. - Eu dei um passo para trás, mas uma árvore que estava ali não me ajudou muito. Austin então sorriu. - Não tenha medo de mim, eu não mordo.
Confesso que com certo sarcasmo pensei - Você não, mas eu sim - Voltando os pensamentos ao que estava acontecendo, senti Austin aproximar seu rosto do meu. Sua respiração estava quente e ele olhava em minha boca, ele segurou meu rosto com uma de suas mãos e aos poucos foi se aproximando. Eu não tinha reação, não sabia o que fazer. Ele ia mesmo me beijar?
Então pensei em Joseph, pensei no que eu estaria fazendo se aceitasse aquele beijo.
- Não posso fazer isso - Sussurrei levando meu dedo indicador em seus lábios.
- Por quê? - Ele sorriu olhando em meus olhos e em seguida voltando a olhar minha boca. - Sei que você quer tanto quanto eu. - Por um segundo me perguntei se eu queria mesmo aquilo.
Desde que vi Austin pela primeira vez, alguma coisa havia mudado dentro de mim, e não era só meu desejo incontrolável por seu sangue, era meu desejo incontrolável por ele também.
Senti como se eu não tivesse outra escolha, a não ser me entregar.
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Dividida
VampirDepois que me tornei uma vampira, meu plano era ficar com Joseph por toda a eternidade. Mas sabe quando o destino já tem um plano para você? O plano do destino para mim se chamava Austin. ...