Quando os primeiros raios de sol invadiram meu rosto fazendo com que eu acordasse, me dei conta de onde eu havia dormido. Eu estava em uma rua sem saída. O lugar era enlameado e cercado por árvores que cobriam todas as laterais da precária rua. Pelo estado do lugar, com certeza não passava alguém por ali há muito tempo. Levantei-me do chão percebendo o quanto minha roupa estava suja.
- Droga – Resmunguei baixinho tentando tirar o excesso de lama da roupa. Ergui a cabeça para me localizar, mas eu não sabia muito bem como havia chegado ali. Noite passada andei por horas pela estrada até encontrar esse lugar, só me lembro então de ter deitado e adormecido.Ouvi barulho de carros e deduzi que a estrada que me levara até ali não era longe.
Eu tinha que voltar para casa e me acertar com Joseph.
(...)
Quando parei em frente ao portão, já estava com as falas ensaiadas para me desculpar com Joseph. O abri devagar e andei em direção a casa ainda tentando tirar a lama da roupa e também dos cabelos.
- Elise – Ouvi uma voz ao longe me chamar. Olhei ao redor buscando por quem havia chamado meu nome, meus olhos então pararam na direção da entrada para a mata no quintal da casa.
– Elise – Mais uma vez meu nome foi chamado, então desviei meu caminho da entrada da casa e me dirigi ao quintal. Adentrei a mata que hoje estava clara e cheia de vida, e ao longe vi Verônica parada em frente à pedra, ela se virou para mim e sorriu.
- Sabia que você viria – Ela disse ainda sorrindo. – Nossa, olha seu estado. – Ela apontou para minhas roupas sujas fazendo uma careta. – Onde você estava?
- Dormindo por ai – Dei mais uma olhada em minhas roupas e voltei a olhar Verônica que ria.
- Pensei que você dormia em casa – Ela brincou.
- Ontem abri uma exceção – Brinquei de volta. – Por que me chamou aqui? – Perguntei percebendo a cor mel de seus olhos.
- Você pareceu legal – Ela sorriu pra mim – Pensei que pudéssemos conversar. Sei que você quer saber muita coisa sobre ela. – Verônica apontou para a pedra, então notei algumas velas acessas junto a algumas flores que em sua frente.
- Qual a história dela? – Perguntei desviando o olhar da pedra e olhando novamente para Verônica.
- Essa pedra aqui é a coisa mais antiga dessa cidade – Ela olhou para a pedra – Você já deve saber a história da cidade, não é? – Assenti e ela continuou – O clã da minha família praticava apenas magia branca, usava para cuidados próprios e não para atacar o próximo. Mas então o clã Knost chegou à cidade trazendo apenas desgraça aos habitantes com a magia negra que praticavam. Quando expulsaram meus ancestrais daqui, eles juraram prender os Knost á cidade de uma forma na qual eles não pudessem fazer mais mal a ninguém como um castigo por terem a prejudicado. – Ela fez uma pausa e olhou para a pedra. – Então foi feito um acordo entre meu clã e a família Castt. Se entregássemos a eles as bruxas Knost, poderíamos voltar à cidade e foi isso que aconteceu. Em uma emboscada conseguimos prender a alma de grande maioria das bruxas nessa pedra. – Ela olhou para mim. – Passado alguns anos algumas bruxas que conseguiram fugir da emboscada voltaram para abrir a pedra, mas foram impedidas pelo meu clã.
- Por isso você cuida da pedra – Sussurrei baixinho entendendo a história.
- Isso – Ela disse assentindo – Se a pedra for aberta, haverá mortes e destruição por todo lado. Por esse motivo, desde então bruxas do clã são destinas a cuidar para que ninguém tente abri-la.
- Quando tentaram pela última vez? – Perguntei.
- Há uns 15 anos – Ela olhou para baixo – Conseguimos manter a pedra segura, mas meus pais não sobreviveram.
- Eu sinto muito – Me aproximei tocando seu ombro.
- Tudo bem – Ela continuou com a cabeça baixa – Minha avó então me criou e me ensinou a usar a nossa magia. Como eu seria a próxima guardiã da pedra, até os dez anos aprendi o que pude, então comecei a proteger ela. Como eu só consigo todo o meu poder quando tiver dezoito anos, minha avó criou o feitiço da flor para que nenhum ser sobrenatural pudesse tocá-la, assim, evitando que fosse aberta.
- Apenas bruxas podem abri-la? – Perguntei curiosa.
- Seres sobrenaturais em geral, mas precisam ter o auxilio do sangue de uma criança nascida na lua cheia de um ano bissexto. – Ela olhou para mim.
- Você acha que estão planejando abri-la novamente? – Perguntei cruzando os braços.
- Talvez – Ela olhou novamente a pedra – Se estiverem planejando logo saberemos.
- Como assim? – Perguntei
- Na maioria das vezes recebemos sinais – Ela coçou a cabeça – Os sinais não vêem diretamente á nós. Acontecem com pessoas próximas, mas sempre sabemos.
- Que tipo de sinais? – Perguntei me virando para olhá-la.
- Varia muito – Ela se virou para mim – Podem vir de varias maneiras, é difícil explicar.
- Entendi – Respondi olhando para as folhas secas caídas no chão, e pensando se aquele sonho estranho que tive, teria algo a ver com alguém mais uma vez planejando abrir a pedra.
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Dividida
VampireDepois que me tornei uma vampira, meu plano era ficar com Joseph por toda a eternidade. Mas sabe quando o destino já tem um plano para você? O plano do destino para mim se chamava Austin. ...