Mais um outono chega, e com ele mudanças na vida da jovem britânica de 17 anos, Nancy Moore, que precisará se adaptar com o novo intercambista que passará 6 meses em sua casa. Porém, a ruiva não imaginava quem seria o hóspede
Uma gritaria ensurdecedora atingiu meus tímpanos, me obrigando a acordar. Meus olhos se abriram lentamente na tentativa de entender o que estava acontecendo e se o barulho vinha da minha casa.
Olho ao meu redor ainda sonolenta, vendo que Payton já não estava mais ali comigo. Lembranças da noite passada invadiram minha mente, fazendo com que um sorriso bobo crescesse em meu rosto.
Porém, tal semblante logo se esvaiu no momento em que minha mãe adentrou meu quarto, parecendo que poderia explodir a qualquer instante.
— Olha só, Jasper, parece que a bela adormecida resolveu acordar — sua voz possuía um tom extremamente alto, o que me incomodou muito por ainda estar despertando, além de ser carregado com um sarcasmo de outro mundo.
Meu cenho se franziu quase que instantaneamente e meu cérebro tentava achar alguma razão da mais velha estar tão brava.
Meus olhos logo focaram na figura paterna que se escorava em minha porta, tentando achar algum tipo de explicação para o que estava acontecendo.
Porém, a expressão séria e aborrecida do ruivo, junto de seus braços cruzados colados em seu peito, apenas serviram para que minha confusão interna se expandisse ainda mais.
— Eu estou muito decepcionada com você, Nancy! — a mulher loira em minha frente esfregava suas têmporas, tentando manter a calma.
Continuei a encara-lá com um ponto de exclamação estampado em minha testa, não tendo noção alguma da razão de seu aborrecimento.
— A quanto tempo essa merda vem acontecendo? Não adianta vir com essa carinha de sonsa, você sabe muito bem do que eu estou falando. — a gritaria voltou novamente e precisei puxar o ar lentamente para os meus pulmões para não me estressar.
— Não, na verdade eu não sei do que você está falando — fui sincera, buscando um tom calmo na finalidade de influenciar o resto da conversa de tal maneira.
— Ah, você não sabe?! — o deboche que saia de sua boca poderia ser identificado a quilômetros de distância, sendo o suficiente para fazer meus olhos marejarem por tamanha grosseria. — Você parecia saber muito bem ontem a noite.
Meu mundo pareceu congelar no momento em que visualizei a imagem que o celular da minha mãe exibia.
Alguém havia registrado o exato momento em que Payton e eu nos beijamos na noite passada e publicou na internet.
O desespero tomou conta de todo o meu corpo. Tentava puxar o ar para os meus pulmões mas parecia que aquilo não estava funcionando e a sensação de que eu poderia desmaiar a qualquer momento se fez presente.
Os olhares de desprezo e decepção que os meus pais me lançavam pareciam deixar minha pele em chamas e não fui capaz de os encarar. Minhas bochechas possuíam uma colocada ao avermelhada, apontando o quão envergonhada eu estava com tudo aquilo.
Tudo ao meu redor começou a se mover em câmera lenta, ao mesmo tempo em que milhares de pensamentos invadiam minha mente.
Era visível que minha mãe prolongava seu sermão, porém eu não conseguia escutar uma palavra sequer.
— Nós confiamos em você para cuidar do seu irmão, mas ao invés disso você foi se agarrar com esse garoto — pela primeira vez durante todo esse tempo, a voz de meu pai atingiu minhas orelhas.
Meu rosto estava encharcado com as lágrimas que insistiam em cair freneticamente e eu rezei para que tudo isso fosse apenas um sonho ruim.
— Você tem noção da loucura que você cometeu, minha filha?! — a loira mais velha parecia mais estressada a cada segundo que se passava — E se você estiver grávida? Vai estragar seu futuro por causa de um menino qualquer?!
— Mãe! — dessa vez fui eu que gritei ao ouvir tantos absurdos de uma vez só. — Eu não estou grávida, só se eu for a Virgem Maria! — exclamei e pude notar que sua face suavizou minimamente ao ouvir minha declaração. — E... e o Payton não é um menino qualquer, tá legal?
O sentimento de que meu coração poderia pular para fora de meu peito parecia se intensificar cada vez mais e o meu choro já tinha se tornado descontrolado.
Minha preocupação logo se voltou a Moormeier, caindo a ficha de que o americano poderia ter seu intercâmbio arruinado por minha causa.
— Cadê ele? — minhas palavras um pouco emboladas, sendo um pouco difícil de compreender por causa da minha voz embargada — Cadê o Payton, mãe?
— Seu namoradinho já deve estar a quilômetros daqui, seu pai o levou para o aeroporto a algumas horas atrás.
Não pode ser!
Tais palavras serviram de última gota d'água para que toda aquela situação se transformasse em um completo pesadelo.
Quase tropecei em meus próprios pés ao descer as escadarias em uma velocidade impressionante, indo direto para o quarto do tiktoker, torcendo para que tudo aquilo fosse apenas uma brincadeira de mau gosto.
Ao chegar no cômodo, o aroma de seu forte perfume, aquele responsável por me deixar completamente hipnotizada, atingiu minhas narinas, porém isso era a única coisa que restara do garoto.
— Não pode ser... — sussurrei em meio as minhas infinitas lágrimas, me dando conta de que eu provavelmente não o veria nunca mais.
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