Capítulo 3

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Henrique Moretti

Beatrice é a mulher mais enlouquecedora que eu já conheci na minha vida, e isso foi um dos motivos que mais me atraiu justamente na direção dela.

Claro que eu sempre soube que essa era a pior ideia da minha vida e que eu deveria ficar terminantemente longe dela, ficar perto daquela mulher era o claro sinal de confusão, mas eu não consegui obedecer a minha mente.

Por um tempo eu consegui me ater apenas ás minhas fantasias, claro que eu me permitia ter esses pensamentos apenas quando estava completamente sozinho, naqueles momentos eu me permitia tal luxo... fantasiar coisas completamente indecentes com a irmanzinha do meu chefe/amigo/homem mais perigoso que eu conheço é definitivamente algo que só se pode fazer na segurança do próprio quarto.

Eu me lembro de ficar imensamente satisfeito comigo mesmo por conseguir me controlar dessa forma, por sempre manter os meus impulsos controlados, mas nunca me passou pela cabeça que isso se devesse ao fato de que eu me controlava tão bem assim apenas por que não convivia por tempo o bastante com ela.

Me dei conta assim que nós começamos a trabalhar juntos, ainda não era nada tão importante quanto o Jean ou o Nicco, mas desvio de armas e verbas para benefício próprio vão completamente contra o que é estabelecido na cosa nostra e deve ser punido a altura. Foi essa a primeira missão que eu fiz com a Bea, e foi aí que o meu problema começou a se intensificar.

Passamos muito tempo juntos, ela começou a frequentar a minha casa e eu o seu escritório na casa do Marco mesmo, óbvio que lá eu sempre tinha um certo medo do Marco desenvolver um poder paranormal de ler mentes, mas no fim das contas nem mesmo isso me impediu de me sentir instigado a conhecer mais sobre ela.

Quando ficamos de tocaia foi simplesmente a comprovação do fim das minhas forças para aguentar, o desejo foi tão incontrolável que eu simplesmente a beijei e sem me importar nenhum pouco com o local no qual nós estávamos, ou a missão que deveríamos concluir ficamos juntos pela primeira vez em todos os sentidos da palavra.

Depois desse dia nós não nos desgrudamos mais, sempre inventamos alguma desculpa, as vezes eram as mais esfarrapadas possíveis, apenas para podermos estar juntos, isso era tudo o que importava.

Eu tive muito medo de que tudo viesse a público especialmente por que as regras da famiglia são muito específicas no que diz respeito a sexo antes do casamento com mulheres respeitáveis da cosa nostra.

Basicamente eu acabaria morto se o Marco não tivesse misericórdia.

Antes da Bea eu me relacionava a bastante tempo com uma das prostitutas de um dos bordéis da famiglia, a Amanda, eu pagava uma quantia alta mensalmente para reserva-la apenas para mim, depois que o meu interesse por Beatrice começou eu admito que fechava os olhos e imaginava que a Amanda era a Bea e isso me ajudou a controlar as minhas vontades por um tempo.

No entanto depois que eu tive a Bea, a verdadeira Bea nenhuma ilusão poderia se comparar novamente e eu sabia que não tinha mais interesse nenhum em outra mulher, nesse caso não vi razões para continuar com os meus pagamentos e simplesmente os deu por encerrado.

Em um dia em específico parece que o universo resolveu me castigar por todo sangue inimigo que eu já derramei na vida. Eu estava tomando banho na minha casa, completamente despreocupado por que era o meu primeiro dia de folga em meses, eu realmente precisava descansar, eu estava tão exausto que não ouvi a porta sendo aberta.

Como se costume eu enrolei a toalha na cintura já que eu tinha como objetivo uma boa soneca, não consigo dormir de roupa, ao menos não quando estou completamente sozinho. Foi quando passei pela porta do meu banheiro na direção da minha cama que o pesadelo começou.

Amanda estava completamente nua na frente da minha cama.

Eu fiquei em choque.

Já fazia meses que eu tinha decidido parar de pagar por sua companhia, e nunca lhe dei autorização para entrar na minha casa.

Depois disso foi tudo muito rápido, tentei tirar a Amanda do meu quarto, mas os meus pés estavam escorregadios e eu caí na cama, não sei explicar como, mas a toalha se desprendeu do meu corpo e antes que eu conseguisse colocar ela de volta no lugar e expulsar aquela mulher da minha frente a Bea apareceu na porta do quarto com o seu rosto lindo portando a maior expressão de decepção que eu já vi na vida.

Ignorei a Amanda mesmo desejando poder arrancar a cabeça dela do corpo e vesti uma calça de moletom as preças e corri em disparado atrás da Bea, eu precisava explicar, precisava fazer com que ela entendesse que eu não tinha feito absolutamente nada para merecer o seu desprezo.

Ela se mostrou exatamente da forma que eu sempre soube que ela é: brava e sem tempo para segundas chances.

Ela não me deixou explicar, disse que nada poderia ser justificativa o bastante e simplesmente saiu da minha vida passando a me ignorar com veemência desde então.

Eu tentei uma aproximação algumas vezes, mas como eu disse, ela detesta segundas chances.

— Ah, Dio, já fazem anos.— Confessei para mim mesmo exasperado com a quantidade de tempo que tenho longe dela.

Três anos.

Três anos sem ela.

Três anos longe.

Faz um ano que eu parei de ligar para ela tentando explicar o que aconteceu naquela tarde.

Cazzo! Será que ela não entende que se eu estivesse mesmo mentindo não passaria tanto tempo tentando convencer ela da minha inocência?

Dio, eu quase morri quando ela foi para a Escócia, algo me dizia que ela estava fazendo isso para fugir de mim e eu morri de medo de que ela não voltasse, ou que por algum castigo divino ela decidisse se casar com alguém lá.

Eu certamente morreria antes de permitir que isso acontecesse.

A Bea é minha, em todos os sentidos da palavra e eu vou ter ela de volta.


Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora