capítulo 9

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Henrique Moretti

Senti todos os olhos se voltando para nós dois quando entramos no salão de festas da famiglia.

Obviamente todos estão se perguntando o que a irmã do capo Marco Fontenelle está fazendo ao lado do chefe da segurança da cosa nostra.

Meu ego inflou um pouco mais quando eu estendi o braço para a Beatrice e ela aceitou sem relutar, parece que pouco a pouco estamos conseguindo evoluir aqui.

— A senhorita deseja ocupar a mesa que foi reservada para a sua família?— Um garçom perguntou diretamente para a Beatrice, quase como se eu não existisse.

Revirei os olhos e a colei ainda mais em mim, talvez assim eu deixe de ser invisível.

— Sim, viemos representando a família Fontenelle.— Eu respondo antes que ela pudesse fazer isso forçando o garçom a me olhar. Ele assentiu e nos guiou até a referida mesa.

Ótimo, melhor assim.

Peguei duas taças de vinho e entreguei uma para ela, Beatrice está aparentemente muito tensa e precisa relaxar um pouco.

— Vai ficar calada a noite toda?— Perguntei bebericando um pouco o líquido.

Preferia um bom uísque, mas deixei isso para quando a noite estiver mais densa.

— Não tenho nada de interessante para falar.— Ela disse acabando com todo o vinho em sua taça em um único gole.

— Cuidado, vai acabar ficando bêbada assim.— Adverti mas peguei uma outra raça de vinho para ela.

Dio me livre de levar a mulher para a casa do irmão completamente bêbada, ele vai acabar me matando.

— Talvez assim seja mais fácil.

— Fácil o que?— Perguntei com a testa franzida sem ter conseguido acompanhar o seu raciocínio.

— Aguentar ficar aqui com você.— As palavras me atingiram em cheio eu preciso admitir.

Pela primeira vez em três anos eu me vi obrigado a contemplar a possibilidade de que ela pode nunca me ouvir explicar o que aconteceu naquele dia. Ela pode não estar mais interessada em saber se eu sinto algo por ela ou não.

Engoli em seco tentando tirar a imagem da minha cabeça.

Eu seria obrigado a ver ela se casando com outro em algum momento, e aí a minha vida com certeza teria chegado ao fim por que ou eu entraria no meio de um fogo cruzado totalmente desarmado, ou a sequestraria antes que subisse ao altar e acabaria morto pela sua família.

Não importa a maneira, mas eu certamente acabarei morto se ela se casar com outro.

— Você acha tão insuportável ficar perto de mim?— Perguntei sem me certificar de estar pronto para a resposta.

— Não, mas não sei se consigo ficar sem cometer uma besteira até o fim da noite.— Bea disse e eu agucei os ouvidos.

O clima ainda está um tanto quanto pesado, o ar a nossa volta é denso e quase palpável, eu deixei de beber por que de qualquer forma estou dirigindo hoje, mas a Beatrice decidiu beber mais um pouquinho.

No fim da quarta taça de vinho ela aceitou dançar com um dos soldados e eu com certeza o farei pagar pela audácia amanhã no treinamento.

Vai ser castigado e vai passar um ano fora de missões importantes, nunca mais vai ficar na linha de frente e vai ser o responsável por organizar o centro de treinamento todos os dias até que eu me canse.

Já que não posso arrancar a cabeça dele sem precisar dar explicações, ao menos posso deixar sua vida impossível.

Maldito seja por estar dançando com o que é meu!

Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora