Capítulo 21

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Beatrice Fontenelle

— Liga para o Domenico agora! — Henrique pediu em meio a gritos quando eu o contei sobre o que havia descoberto. 

O Nicco realmente não está mais em solo Argentino, mas o que eu não imaginava é que ele teria saído daqui a tão pouco tempo, e esse nem é o maior dos problemas!

O pior de tudo é que em uma das pastas tinha o plano mais recente dele, que consequentemente é um de vingança. Uma vingança de sangue.

Ele planeja sequestrar a Stella, pouco se importando com o fato dela estar gravida ou não.

Disquei o numero do meu primo completamente desesperada usando o celular do Henrique já que graças ao Lucien o meu está temporariamente inutilizável.

— A Bea já te enlouqueceu?— Dom atendeu em tom de brincadeira.

— Sou eu Dom, onde a Stella está?— Perguntei sem rodeios vendo o Henrique acelerando o carro na direção da casa do Thiago para irmos embora daqui imediatamente.

— Ela foi fazer a ultima consulta antes do bebê nascer, o que aconteceu?— Perguntou e eu precisei me controlar para não ficar desesperada no telefone. Dio, Domenico vai ficar desesperado se algo acontecer com ela.

— Ela foi sozinha?— Perguntei aflita.

— A Ana foi com ela, saíram a duas horas. Aconteceu alguma coisa?— Insistiu na pergunta e eu mais uma vez desconversei.

— Entendi, vou falar com meu irmão.— Dito isso eu desliguei a chamada antes que ele perguntasse mais alguma coisa, por que eu não garanto que iria conseguir ficar quieta por muito mais tempo.

A minha cunhada e a minha melhor amiga podem estar em um perigo iminente e não tem ninguém para ajudar!

— Stella foi em uma consulta medica.— Falei olhando para o Henrique que dirige furiosamente pela estrada.

— Alguém foi com ela?— Perguntou quando tirou um carro do meio da pista com a nossa lateral.

— A Ana.— Respondi sinceramente. A Ana é ótima em combate, mas o plano foi tão bem estruturado que de forma nenhuma eles iriam com uma quantidade ínfima de soldados.

— DROGA! Liga para o Marco e conta tudo, agora!— Obedeci imediatamente.

Quase arranquei os cabelos com a demora do meu irmão de atender a porcaria do celular. Se é para demorar assim, por que infernos ele tem um aparelho?

— Calma Cazzo, eu estava com os meus filhos.— Ele disse reclamando assim que atendeu.

— Melhor mandar soldados para encontrar sua esposa, ou pode estar a ponto de perdê-la.— Disse sem rodeios, completamente cansada e preocupada para ficar medindo palavras.

— O que quer dizer?— Meu irmão questionou tossindo devido ao espanto e ao susto, foi ai que eu respirei fundo e lhe contei tudo em detalhes sobre a descoberta do próximo passo do Nicco.

Essa pode ser a nossa melhor, se não única chance de pegar o desgraçado.

Antes que ele atinja seu objetivo, é claro.

— Voltem imediatamente, vou enviar um grupamento para encontrar elas.Meu irmão deu as ordens e como sempre desligou o celular logo em seguida.

Não precisei dizer nada para o Henrique, o meu olhar bastou para que ele compreendesse tudo com rapidez. Grazie Dio e a falta de medo do Moretti, nós chegamos na casa rapidamente. Não deu tempo para agradecer a estadia para o chefe, mas o Henrique agradeceu a sua irmã com um grande sorriso.

Sei que foi falta de educação, mas me recuso a confraternizar com a inimiga.

Eu e  o Henrique chegamos a pista de decolagem em tempo recorde, mas depois que entramos no avião nada mais podia ser feito além de esperar as horas passarem, e para ocupar a minha mente o suficiente para não me deixar enlouquecer completamente de preocupação, eu comecei a pensar e ponderar novamente sobre os prós e contras dos meus sentimentos pelo Henrique.

Eu o amo, isso é indiscutível.

Ele nunca me traiu, agora sei disso e acredito nele com plena convicção.

Se ofereceu para conversar com meu irmão e pedir a minha mão em casamento.

Lutou por mim por longos três anos e nunca pensou em desistir. Até que acabou desistindo, mas a culpa disso foi minha.

A única coisa que ainda me deixa insegura sobre isso é não saber se ele teve alguma coisa com aquela Angélica.

— Você está me olhando fixamente a dez minutos, o que foi?— Henrique questionou chamando a minha atenção para esse detalhe. Não tinha me dado conta que enquanto eu penso sobre tudo estava olhando justamente para o objeto dos meus desejos.

— Você teve algo com a Angélica?— Perguntei sem rodeios.

Aproveitei o silêncio do Henrique para me perguntar se realmente tem alguma importância caso ele tenha tido algo com ela naqueles dias. Por mais que me custe admitir ela é uma mulher bonita, e o Henrique para todos os efeitos é um homem solteiro.

Mas a grande questão aqui é: Isso muda algo em meus sentimentos por ele?

A resposta é simples e objetiva. Não. Não muda em absolutamente nada.

— Per Dio! Acha mesmo que esse é um bom momento para os seus surtos?— Ele retrucou como se tivesse pouca paciência restante para usar comigo.

Me senti encolher, pouco a pouco fui ficando cada vez menor, mais insignificante.

Me senti tão constrangida que abaixei a cabeça para evitar olhar para ele.

— Não estou surtando, eu só queria saber.

— E isso vai mudar em quê? — Perguntou me olhando.

Dei de ombros meio constrangida e meio sem saber o que falar.

— Eu tenho sentimentos fortes por você, queria saber se você e ela tiveram alguma coisa.— Respondi com sinceridade. Ao menos o máximo de sinceridade que eu consegui sem precisar gritar que eu o amo.

— Sentimentos fortes? Quase me faz rir Beatrice, mas mesmo que o que você esteja dizendo seja um pouco verdade, coisa que eu duvido, eu não quero mais saber o que poderia existir entre a gente.— Henrique respondeu e isso soou como um estalo na minha cabeça.

Primeiro ele debochou do fato de eu estar finalmente confessando o que sinto por ele, e em seguida praticamente disse que não me quer mais.

Ele não é assim, ao menos não comigo.

— O que quer dizer com isso?— Questionei olhando fixamente para ele.

— Estou querendo dizer que quando eu disse que tinha desistido eu estava falando serio Beatrice, já deu mais que o suficiente de estresse3 me desdobrar por você e receber patadas, então mesmo que agora você diga que me quer quem não quer mais sou eu.— Ele respondeu e voltou a atenção completamente para o celular.

— Eu amo você.— Confessei baixinho, mas alto o bastante para que ele me ouvisse e voltasse a atenção para mim uma vez mais.

— Eu vivia te dizendo a  mesma coisa, e mesmo assim você se dedicou a me afastar.— Ele disse e voltou os olhos para seu aparelho, me ignorando o resto da viagem.

Já a parte que cabe a mim sobre o resto da viagem... Bom, eu tentei chorar o mais silenciosamente possível para não parecer que estou fazendo drama.

Estou em frangalhos.

Com medo de perder minha amiga e minha cunhada e com medo de ter perdido o amor do Henrique para todo sempre.

Com medo de que não importe o que eu faça ou o quanto eu tente, eu não consiga recuperar o seu amor e nem mesmo lhe provar o meu.

Mas se tem uma coisa que eu posso afirmar, é que sem pensar duas vezes eu daria a minha vida por ele, e talvez assim ele sempre soubesse o tamanho do meu amor.

Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora