Capítulo 37

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Henrique Moretti

Eu já enfrentei grupos rivais, levei tiros, fui esfaqueado, apanhei, quebrei o braço, me infiltrei correndo risco de vida... Mas nada no mundo me deixou tão nervoso quanto estou agora.

Depois da consolidação do Enzo como chefe nós imediatamente voltamos para a Italia, eu preciso admitir que foi por muita insistência minha por que eu queria adiantar o casamento para o quanto antes.

Tem sido uma verdadeira tortura! Peppe não me deixava dormir no mesmo quarto que a Beatrice, e também não deixava que eu e ela voltassemos para a casa dela enquanto não estivessemos casados, segundo ele não tinha nada mais pertubador do que imaginar sua princesinha praticando atos pecaminosos com um homem com quem não é casada.

Pecaminosos! Dá para acreditar? Santo Dio, ele é mundialmente conhecido pela crueldade na forma de matar pessoas! Tem algo mais pecaminoso que isso para ele perder tempo pensando que a filha dele transa?

O lado bom é que a minha sogrinha lutou pelo meu bem estar e conseguiu planejar todo esse casamento em menos de quinze dias, uma verdadeira maquina de organização.

Agora eu estou aqui no altar quase infartando, esperando que a mulher da minha vida apareça logo. Como se não bastasse a minha aflição, o Marco divide o altar comigo, como padrinho.

— Fica calmo, se ela foi maluca de aceitar o pedido ela vai ser maluca de ir até o fim com isso.— Ele achou que estava me ajudando, mas eu não estou com humor bom para gracinhas.

Beatrice está demorando demais, cazzo. Será que ela desistiu?

Olhei para ele desejando que um raio caia em sua cabeça.

— Parece que você que me matar.— Marco comentou em mais uma tentativa de brincadeira.

— Eu sempre quero matar você.— Respondi revirando os olhos, me mantendo completamente e indubitavelmente focado na entrada.

É serio, alguem tem que ir ver se ela está bem.

— Nossa como ele está agressivo hoje, você não era assim Henriquinho.— Lucien levantou do seu lugar na primeira fileira, a fila reservada para a familia, e decidiu se unir ao primo para colaborar no meu martirio.

Sinto que vou sufocar a qualquer momento com essa gravata me apertando o pescoço.

— Não aloprem ele, o coitado já vai ter que fazer parte da nossa familia, castigo o bastante.— Enzo palpita caminhando tranquilamente até nós com as mãos nos bolços da calça social.

— Haha, familia de comediante nesse cacete.— Retruquei, mas antes que a onda de zoação pudesse continuar uma musica suave começou a tocar, isso me fez olhar navamente para a entrada e isso me deixou com a respiração levemente entrecortada.

Beatrice está perfeitamente emoldurada ao lado de seu pai na entrada do jardim.

Nos primeiros passos que eles deram na minha direção todos os caras voltaram para seus lugares, todos com uma expressão de orgulho observando a beleza exultante da Bea.

Ela está com um vestido de noiva branco com varios bordados de flores, um modelo que a faz parecer uma princesa recem saida de contos de fadas, não consigo definir de forma mais precisa e coerente.

Ela está perfeita. Magnifica, flutuando como uma deusa maravilhosa.

— Cuida da minha menininha.— Senhor Peppe disse me estendendo o braço da Beatrice.

Ele nem precisava me pedir para cuidar dela, eu faria isso de qualquer forma.

Daria a vida por ela.

— Pode deixar comigo, senhor.— Coloquei o braço dela entrelaçado no meu, desesperado por um contato físico, algo que me denuncie, que grite para mim que isso tudo é real, e não mais um dos meus sonhos enquanto choro em silêncio trancado no meu quarto.

Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora