Beatrice Fontenelle
Não comi nada na noite anterior, me recusei a sair do quarto quando fiquei sabendo sorrateiramente por meio de um empregada que o Henrique saiu com aquela coisinha insignificante da Angélica.
Saíram completamente SOZINHOS!
Será que ninguém mais consegue ver que aquela mulher é uma cobra sorrateira pronta para dar o bote descaradamente na minha frente? Per Dio, ela nem disfarça, vaca!
Permaneci no quarto a noite inteira, mas não dormi, fiquei esperando eles voltarem e tive vontade de me jogar pela janela quando os ouvi subindo as escadas em meio a risadinhas cúmplices. Especialmente quando ela disse "obrigada pela noite incrível, querido."
Como assim? Como a noite foi incrível? O que aconteceu? Aonde eles foram?
Que ódio! Esses questionamentos me ocuparam a noite inteira me mantendo acordada mesmo depois que a casa ficou inteiramente silenciosa.
Não quis pensar na possibilidade deles dois terem tido algo, e para provar para mim mesma que eu estou sendo uma boba por me preocupar me levantei cedo, assim que o sol nasceu, tomei um longo banho rezando para as minhas preocupações irem ralo a baixo.
— Nunca fui muito crédula, mas esse é um bom momento para a minha prece seja ouvida.— Falei de olhos fechados com a agua escorrendo pela minha cabeça.
Parece uma daquelas cenas dramáticas que todo protagonista vive em um filme. Eca, odeio clichês.
Sai do banho e me arrumei de forma simples, decidi ajudar quem quer que esteja na cozinha a fazer o nosso café da manha, vou me mostrar agradecida e de bônus vou ter com o que me ocupar até todos descerem para comer. Depois vamos a um dos galpões verificar rastros do Nicco.
— Buongiorno. — Saldei uma simpática senhora que está neste exato momento, preparando o que parecem ser deliciosas panquecas.
— Bom dia querida, tão cedo assim e você já está acordada?— Perguntou sorrindo e eu assenti.
— Dormi pouco. A senhora pode me deixar ser um pouco abusada e ir ai te ajudar?— Perguntei já entrando na cozinha e prendendo os cabelos.
— Menina, o patrão vai brigar se eu deixar.— A senhora retrucou temendo por seu emprego.
Revirei os olhos despreocupada.
— Eu digo que insisti e te deixei sem alternativas. Todo mundo sabe que eu sou chata e irredutível.— Ela finalmente se deu por vencida e me delegou a função de fazer o bolo, e o suco, o resto ficaria por sua conta.
Aceitei a oferta com um sorriso gigante é claro.
Não aprendi a cozinhar com a minha mãe, longe disso, na verdade eu acho que ela nunca esquentou uma agua na vida, mas quando eu e o Marco éramos pequenos tínhamos uma senhorinha bem fofa como babá, ela costumava nos apelidar de peste em dose dupla, mas nos amava.
Ela quem me ensinou a cozinhar, falava que manter o corpo ativo na cozinha fazendo coisas gostosas para alegrar quem amamos é uma forma de cuidado e eu gostei disso, acabou virando uma linguagem de amor para mim.
Marco nunca quis aprender, mas adorava comer nossas guloseimas.
Quando eu e ele tínhamos 12 anos ela faleceu, foi algo muito triste e ainda sinto sua falta.
Me perdi em meio as tarefas e as lembranças, agi no automático e quando me dei conta estava ajudando a colocar a mesa enquanto toda a família desce as escadas.
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Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle
Roman d'amour⚠️ ESSE É O TERCEIRO LIVRO DE UMA SERIE, SE NÃO QUISER SPOILER DA UMA CONFERIDA NO VOLUME 1 E 2⚠️ Bea preferiria morrer antes de admitir que sempre teve uma paixonite platônica por Henrique, o chefe da segurança. Morreria dez vezes para não precisa...