Capítulo 18

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Beatrice Fontenelle


Não comi nada na noite anterior, me recusei a sair do quarto quando fiquei sabendo sorrateiramente por meio de um empregada que o Henrique saiu com aquela coisinha insignificante da Angélica.

Saíram completamente SOZINHOS!

Será que ninguém mais consegue ver que aquela mulher é uma cobra sorrateira pronta para dar o bote descaradamente na minha frente? Per Dio, ela nem disfarça, vaca!

Permaneci no quarto a noite inteira, mas não dormi, fiquei esperando eles voltarem e tive vontade de me jogar pela janela quando os ouvi subindo as escadas em meio a risadinhas cúmplices. Especialmente quando ela disse "obrigada pela noite incrível, querido."

Como assim? Como a noite foi incrível? O que aconteceu? Aonde eles foram?

Que ódio! Esses questionamentos me ocuparam a noite inteira me mantendo acordada mesmo depois que a casa ficou inteiramente silenciosa.

Não quis pensar na possibilidade deles dois terem tido algo, e para provar para mim mesma que eu estou sendo uma boba por me preocupar me levantei cedo, assim que o sol nasceu, tomei um longo banho rezando para as minhas preocupações irem ralo a baixo.

— Nunca fui muito crédula, mas esse é um bom momento para a minha prece seja ouvida.— Falei de olhos fechados com a agua escorrendo pela minha cabeça.

Parece uma daquelas cenas dramáticas que todo protagonista vive em um filme. Eca, odeio clichês.

Sai do banho e me arrumei de forma simples, decidi ajudar quem quer que esteja na cozinha a fazer o nosso café da manha, vou me mostrar agradecida e de bônus vou ter com o que me ocupar até todos descerem para comer. Depois vamos a um dos galpões verificar rastros do Nicco.

— Buongiorno. —   Saldei uma simpática senhora que está neste exato momento, preparando o que parecem ser deliciosas panquecas.

— Bom dia querida, tão cedo assim e você já está acordada?—  Perguntou sorrindo e eu assenti.

—  Dormi pouco. A senhora pode me deixar ser um pouco abusada e ir ai te ajudar?—  Perguntei já entrando na cozinha e prendendo os cabelos.

— Menina, o patrão vai brigar se eu deixar.—  A senhora retrucou temendo por seu emprego.

Revirei os olhos despreocupada.

—  Eu digo que insisti e te deixei sem alternativas. Todo mundo sabe que eu sou chata e irredutível.—   Ela finalmente se deu por vencida e me delegou a função de fazer o bolo, e o suco, o resto ficaria por sua conta.

Aceitei a oferta com um sorriso gigante é claro.

Não aprendi a cozinhar com a minha mãe, longe disso, na verdade eu acho que ela nunca esquentou uma agua na vida, mas quando eu e o Marco éramos pequenos tínhamos uma senhorinha bem fofa como babá, ela costumava nos apelidar de peste em dose dupla, mas nos amava.

Ela quem me ensinou a cozinhar, falava que manter o corpo ativo na cozinha fazendo coisas gostosas para alegrar quem amamos é uma forma de cuidado  e eu gostei disso, acabou virando uma linguagem de amor para mim.

Marco nunca quis aprender, mas adorava comer nossas guloseimas.

Quando eu e ele tínhamos 12 anos ela faleceu, foi algo muito triste e ainda sinto sua falta.

Me perdi em meio as tarefas e as lembranças, agi no automático e quando me dei conta estava ajudando a colocar a mesa enquanto toda a família desce as escadas.

Maldita Perdição - Livro 3 da Série: Família Fontenelle Onde histórias criam vida. Descubra agora