Capítulo 19

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− Sobre o quê? – Eduardo perguntou ainda mais confuso.

Bárbara simplesmente tirou o papel do bolso e abriu, mostrando a Eduardo que pediu licença com o olhar e pegou para ver mais de perto. Primeiro ele não entendeu do que se tratava, mas logo enxergou o nome de Fafá e da agência várias vezes com altos valores ao lado. Claro, como não imaginou que sua mulher encontraria aquilo se ela tinha permissão para mexer em suas contas? Mas também o que a levou a mexer se ele não a pediu nada referente a dinheiro no trabalho?

− Como... Como você achou isso? – Eduardo gaguejou, balançando o papel de leve.

− A Fafá contou para a sua mulherzinha e ela fez o enorme favor de me alertar. – Bárbara ironizou. – Como se não bastasse tudo, ainda tive que passar por essa humilhação! – ela gritou, recomeçando a chorar.

Bárbara já havia perdido as contas de quantas vezes tinha chorado só naquele dia e o nó em sua garganta e o aperto no coração mostravam que a sua tristeza estava longe de acabar. Eduardo estava em pânico com o acontecimento. Quando fez o acordo com Fafá, ela garantiu que a mulher jamais ficaria sabendo, pois com certeza não o perdoaria.

− Eu... Posso explicar. – Eduardo falou com a voz falha.

− Estou esperando. – Bárbara cruzou os braços.

− Quando eu fui conversar com a Fafá antes de trazer você, ela começou a me contar que você era a mais requisitada para os serviços dela e tudo aquilo que você já havia me dito sobre as dívidas que ela contraiu em seu nome. Foi então que ela praticamente me pediu para ficar dando uma quantia mensal a ela.

− Daí realmente você achou que pudesse me comprar? – Bárbara interrompeu Eduardo, com a voz carregada de mágoa.

− Claro que não, Bárbara, eu nunca faria isso com você. – Eduardo se aproximou e segurou o rosto de Bárbara. – Eu até contei que já havia feito essa proposta para você e você não aceitou, mas ela acabou me manipulando sobre você não precisar saber disso e durante todo esse tempo, ela falava como se fosse atrapalhar o nosso relacionamento caso eu não fizesse o que ela queria.

− Se você estivesse me contado, nós teríamos conseguido resolver essa situação juntos. – Bárbara se soltou de Eduardo brutalmente.

− Eu sei, meu amor, eu errei em te esconder isso, mas... – Eduardo falava, mas Bárbara o interrompeu.

− Mas nada, Eduardo! – Bárbara gritou e Eduardo se encolheu. – Você tem ideia de como eu estou me sentindo agora? – ela soluçou. – Eu me sinto exatamente como a Fernanda falou, comprada, ou melhor, "alugada" por você. – Bárbara fez aspas com os dedos. – Apenas uma mulher que você pagou para ter exclusividade na sua cama. – ela abaixou a cabeça.

− Não fala isso, Bárbara, você sabe que eu sempre te amei. – Eduardo falou com os olhos marejados.

A última vez que Eduardo havia chorado por uma mulher foi quando se despediu de Bárbara na adolescência e ali estava ele novamente, com o coração quase arrancado de dor ao ouvir as acusações dela.

− Você não me ama, você amou a Rebeca, aquela menina cheia de sonhos que estudou com você. Não se lembra da forma como me olhou quando nos reencontramos e você percebeu quem eu havia me tornado?

− Eu achei que você tinha entendido que tudo que eu falei foi por ciúmes e que havia me perdoado. – Eduardo falou chocado.

− E eu perdoei, de verdade. – Bárbara abaixou a cabeça novamente. – Só que agora eu percebo que nem você entende direito o que eu sou para você. – ela voltou a encarar Eduardo, fungando.

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