Capítulo 6

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MESES DEPOIS

Aconteceu o que Rebeca achou que jamais aconteceria, ela se acostumou a ser uma garota de programa e cada vez mais gostava de faturar com isso. Logo ganhou destaque como uma das melhores aquisições da agência, participando de eventos, desfiles, fotos e terminando a noite em bares, motéis ou apartamentos de homens da alta sociedade. O que não ia bem era a desconfiança de Léia e Adolfo que não achavam normal a filha aparecer em casa com roupas finas, ter pagado todo o tratamento do pai nos médicos mais caros da cidade e ainda ter comprado uma casa com um simples trabalho de modelo se nem era profissional, mesmo com Fafá mostrando aos dois todas as imagens que mostrou a Rebeca para deslumbrá-la. Um dia, o casal decidiu parecer que aceitou que a moça fizesse outro trabalho noturno e assim que ela saiu de casa, eles a seguiram até o mesmo prédio onde ela se encontrou com o primeiro cliente. Depois de horas aguardando, já desconfiados de que algo de errado estava acontecendo, eles viram Rebeca sair do prédio de mãos dadas com um homem loiro e beijá-lo na boca, sentindo o coração parar ao entenderem como era o trabalho dela.

− Então é assim que você leva dinheiro para casa? – Léia se aproximou, empurrando a cadeira de rodas de Adolfo.

− Que decepção, eu preferia morrer a ver você nessa situação. – Adolfo falou com a voz embargada e a mão no peito.

− Eu juro que posso explicar. – Rebeca falou nervosa.

− É claro que pode, mas em casa. Vamos. – Léia falou fria.

Rebeca apenas encarou o homem que nem se mexeu ao vê-la indo embora, afinal não era da conta dele o que suas acompanhantes faziam fora das quatro paredes. A moça entrou no táxi que aguardava Adolfo e Léia, esperando apenas guardarem a cadeira de rodas antes de partirem em silêncio. Ao chegar à casa, o casal já começou a esbravejar.

− Quando você me falou que iria trabalhar nesse tipo de coisa, você me garantiu que agiria com honestidade. – Léia falou.

− Mas bem que eu desconfiei que tanto dinheiro sendo trazido por uma menina, tinha alguma coisa errada por trás. – Adolfo falou.

− Eu vou contar tudo para vocês. – Rebeca falou já chorando e se sentando no sofá, respirando fundo. – Quando eu entrei na agência, realmente comecei trabalhando apenas como modelo, mas a Fafá disse que eu poderia ganhar muito mais se eu passasse a frequentar os eventos da alta sociedade.

− E você não já ganhava o suficiente, garota?! – Léia se levantou.

− Para o tratamento do papai sim, mas para comprar essa casa e tudo que nós conquistamos, eu poderia modelar a vida toda e ainda assim não conseguiria.

− Pois a gente vivia muito bem de forma simples, mas com honestidade. – Adolfo falou.

− Me diga com toda sinceridade. – Léia parou de frente para Rebeca. – Foi a primeira vez?

Rebeca passou alguns segundos em silêncio. Ela havia prometido contar tudo e Adolfo e Léia já estavam decepcionados com ela, que diferença fazia esconder o número de programas que já fez na vida?

− Não, desde a primeira noite que eu passei fora de casa. – Rebeca falou baixo, encarando o chão.

Léia se controlou para não dar um tapa em Rebeca. Ela fez justamente o contrário quando a mãe mais pediu que ela agisse certo.

− Meu Deus do céu, eu não vou aguentar isso. – Adolfo sussurrou, suspirando.

− Eu também não, Adolfo, e imagino que você esteja de acordo com o que eu vou fazer. – Léia encarou Adolfo rapidamente.

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