Capítulo 30

56 5 0
                                    


DIAS DEPOIS

Para Bárbara e Aurora, os dias se passaram voando e logo chegou o momento da despedida. Mesmo tendo ficado juntas o máximo de tempo possível como prometeram, as duas choraram e se abraçaram muito antes da mais nova embarcar, mas pelo menos Bárbara tinha Júlia para consolá-la. Ela e a neta se adoraram desde o primeiro dia em que se conheceram e por isso não foi tão difícil a adaptação da rotina na nova realidade delas, enquanto a avó trabalhava, Júlia ficava com a funcionária da casa e logo que ela chegava, assumia todos os cuidados da pequena contando com a ajuda de Gonçalo, deixando Eduardo observando tudo de longe sem ter nenhuma desculpa para se aproximar. Em uma noite, Bárbara e Gonçalo se acordaram com o chorinho fino da bebê e a mulher se levantou imediatamente, indo até o berço que o homem logo providenciou para colocar no quarto.

− Já, querida. – Bárbara checou a fralda de Júlia que estava limpa e a pegou no colo.

Bárbara começou a andar de um lado para o outro, balançando e batendo nas costinhas de Júlia na tentativa de acalmá-la. Não podia ser fome, pois ela havia acabado de tomar uma mamadeira cheia de leite e se também não era fralda suja, só podia ser a coisa mais normal entre crianças daquela idade.

− O que ela tem? – Gonçalo levantou apenas a cabeça, encarando Bárbara.

− Eu acho que é cólica. – Bárbara suspirou.

− Já tem o chazinho na geladeira? – Gonçalo perguntou, já ficando em pé.

− Sim, eu deixei pronto porque a Aurora disse que isso acontece às vezes.

− Eu vou buscar, não demoro. – Gonçalo falou, vestindo o roupão xadrez enquanto saía.

Gonçalo deixou a porta aberta e quando desapareceu na escada, Eduardo saiu do quarto dele a fim de ir à cozinha tomar água, mas ouviu o choro de Júlia e foi até o quarto de Bárbara, preocupado.

− Oi. Tudo bem?

− Sim, só um pouco de cólica. – Bárbara virou para o lado para encarar Eduardo, com Júlia deitada na cama enquanto ela ajeitava sua fralda. – Te acordamos? – ela voltou a encostar a bebê ao seu peito.

− Imagina, eu já estava acordado. Precisa de alguma coisa?

− Obrigada, o Gonçalo já deve estar vindo com o chazinho dela.

Eduardo observou Bárbara se sentar em uma cadeira, apoiando Júlia de bruços em suas pernas enquanto fazia uma massagem em sua barriga, e não pôde evitar sorrir ao ver a cena. Nada facilitava para ele não pensar em como seria se ela fosse mãe dos filhos dele.

− Como você aprendeu tão rápido a cuidar de um bebê? – Eduardo perguntou sem parar de sorrir.

− Ah, eu nunca deixei de ler sobre esse assunto, sonhando com o dia em que encontraria a minha filha, cheguei um pouco tarde, mas posso aplicar os meus conhecimentos com a minha neta. – Bárbara suspirou, ainda fazendo leves massagens na barriga de Júlia que parava de chorar aos poucos. – E também, o que você acha que eu fico fazendo no meu tempo livre na empresa? – ela riu, tentando tornar o clima mais leve.

Eduardo acompanhou Bárbara na risada e foi o que Fernanda escutou quando chegou perto da porta do quarto. Há alguns dias, ela tinha decidido parar de tomar os remédios que seu marido lhe dava em segredo, sempre teve o sono muito leve e ouvia na hora quando ele se levantava de madrugada. Ela cerrou os punhos quando viu o que ele fazia quando a colocava para dormir e o pior era que estava ali com aquele bebê que a mulher arranjou como se fossem uma família feliz. A ruiva deixou seu surto de raiva para depois quando Bárbara se levantou e colocou Júlia deitada na cama com vários travesseiros ao redor, já que ela havia parado de chorar.

Amor De QuintaOnde histórias criam vida. Descubra agora