Capítulo 10

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 Ao entrar, tudo estava escuro e em silêncio, afinal era tarde da noite, mas Eduardo se assustou quando a luz do abajur se acendeu de repente e Fernanda apareceu com o rosto banhado de lágrimas, séria.

− Quem era a vagabunda?

− O quê? Do que está falando? – Eduardo se fez de desentendido.

− Não me trate como louca porque eu não sou! – Fernanda gritou, fazendo Eduardo fechar os olhos, incomodado. – Você nunca demorou tanto a chegar em casa, com certeza tem mulher no meio. Negue!

Eduardo abaixou a cabeça. Talvez fosse melhor que Fernanda desconfiasse mesmo e logo soubesse da verdade, serviria para ela desapegar de uma vez, mas ao contrário do que ele pensou, o ódio da mulher só aumentou porque no fundo, esperou que ele sofresse com a possibilidade de perdê-la por ela ter descoberto um caso extraconjugal dele.

− Você nem é capaz de negar, cafajeste! – Fernanda avançou em Eduardo e começou a bater no peito dele.

Primeiramente Eduardo ficou sem reação, pois nunca em suas brigas ele e Fernanda chegaram a se agredir, mas logo segurou os braços dela e a balançou com força para ela voltar a si.

− Para com isso, não vai nos levar a nada! – Eduardo gritou e soltou Fernanda, caminhando para longe dela e passando a mão no cabelo enquanto tentava se acalmar. – Eu ia conversar com você em outro momento, mas já que você perguntou, eu vou responder. Sim, eu estava com outra mulher, uma mulher que eu conheci na adolescência, reencontrei agora e percebi que nunca deixei de amar.

Fernanda ouvia a tudo, passada. Aquilo só podia ser um pesadelo.

− Durante o nosso casamento, eu sempre te respeitei, é a primeira vez que acontece algo do tipo e por isso eu percebi que não dá mais, ou a gente se separa ou isso vai continuar acontecendo até destruir nós dois e tudo de bom que vivemos no passado.

Fernanda encarou Eduardo, desacreditada do que estava ouvindo. Ela se casou pensando em nunca se separar e era da opinião de que homens não deixavam de ter suas aventuras fora da relação e se achava muito capaz de perdoar se esse fosse o caso do seu marido.

− Está tudo bem, meu amor, eu entendo que você tenha sentido atração por alguém de fora, nem precisa me pedir perdão, o nosso amor é mais forte. – Fernanda sorriu, segurando o rosto de Eduardo com as duas mãos.

− Fernanda, você me ouviu? Eu estou apaixonado por ela e é com ela que eu vou ficar. – Eduardo enfatizou, segurando os braços de Fernanda em seu rosto.

− Não, Eduardo! Você não vai me deixar! Eu me mato se você fizer isso! – Fernanda berrou novamente.

Antes que Eduardo reagisse, Gonçalo se acordou com os gritos e correu até lá para ver o que estava acontecendo.

− O que houve?! Por que tantos gritos? – Gonçalo perguntou assustado, amarrando o laço do roupão que vestia.

− Papai, o Eduardo quer me deixar. Diz que ele não pode, papai! – Fernanda falou entre soluços, correndo até Gonçalo.

Gonçalo suspirou, encarando Eduardo. Ele achava até que estava demorando para o rapaz se cansar e pedir o divórcio e o agradecia por todo o tempo em que aguentou estar com Fernanda sem amor, mas não podia exigir isso para sempre.

− Minha filha, você não pode obrigá-lo a ficar com você. – Gonçalo falou paciente, abraçando Fernanda.

− Ele está com outra, papai!

− Eu posso explicar, seu Gonçalo. Eu não estou com ninguém, reencontrei um grande amor e estou terminando com a Fernanda antes de começar uma nova relação. – Eduardo se manifestou.

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