Capítulo 33

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DIAS DEPOIS

O dia do casamento havia chegado. Gonçalo tinha recebido alta há algumas semanas, foi só o tempo da papelada correr e Bárbara se certificar com o médico de que não teria perigo do homem piorar com grandes emoções daquele tipo. Eduardo resolveu se mudar para o apartamento fechado da morena depois de pedir sua permissão, ela tinha decidido deixá-lo e nada a faria desistir, então ele que não queria ver de perto a aparente felicidade dos noivos enquanto ela também achou melhor não ter que encará-lo e correr o rico de se arrepender do que estava fazendo. Bárbara já estava pronta, com seu longo vestido branco, buquê da mesma cor e a habitual trança lateral que enfeitava seu cabelo. Ela estava nos últimos minutos antes de ir para a igreja e pediu para ficar sozinha no quarto, já que Aurora voltou apenas para o casamento da mãe e cuidava de Júlia. Sobre o incidente com Fernanda, Bárbara resolveu contar, pois não queria mentir para ela que de início, se assustou, mas em momento algum a culpou, afinal via o quanto a menina estava bem cuidada e ainda mais apegada a avó. Os pensamentos da noiva foram interrompidos pelo barulho da porta e ela se surpreendeu ao ver Fafá colocar apenas a cabeça para dentro.

− Fafá?!

− Me desculpe, a porta da casa estava aberta. Posso entrar? – Fafá perguntou sem graça.

Sem pensar muito, Bárbara assentiu. A mulher não sabia o que acontecia com ela que mesmo com tudo que Fafá fez, ainda mantinha consideração por todos os cuidados, ainda que interessados em benefício próprio, para com ela.

− O que faz aqui? Achei que nunca mais fosse ver você. – Bárbara falou.

− Realmente depois de tudo que eu te fiz, eu pensei em nunca mais te procurar, mas não podia ir embora sem o seu perdão. – Fafá se aproximou devagar, com as mãos unidas e a cabeça abaixada.

− Ir embora? – Bárbara franziu o cenho.

− Sim, Bárbara. Você dizia que um dia essa minha ganância por dinheiro ia me prejudicar e aí está, eu fali. – Fafá forçou um sorriso.

− Mas para onde você vai? E as meninas?

− As meninas vão ficar na casa, estão livres para continuar trabalhando no ramo ou no que escolherem. Depois que você se foi, as contas se acumularam porque eu saí comprando e fazendo plástica em todas elas para se tornarem desejadas como você era naturalmente, mas outras agências foram saindo por cima e só me restou a alternativa de fazer o que eu obriguei vocês a fazerem a vida toda, conheci um homem e ele me propôs me levar com ele para ser sua amante exclusiva, em troca ele me sustenta em tudo.

Bárbara arregalou os olhos. Ela nunca achou que Fafá um dia fosse falir, principalmente por ter visto e usufruído de perto de todo o luxo que ela vivia.

− Bem, eu não posso dizer que sinto muito porque além de tudo que você fez comigo, hoje enxergo que você manipulava todas nós para ganharmos dinheiro e só nos oferecia o que depois trouxesse lucro para você. – Bárbara enfatizou e Fafá assentiu, voltando a abaixar a cabeça. – Mas eu não te desejo nada de ruim, quero que você seja feliz. – ela suspirou.

− É mesmo, Bárbara? Você não me odeia? – Fafá encarou Bárbara, com os olhos marejados.

− Claro que não, apesar de ser pelos motivos que foi, é inegável que você cuidou de mim quando mais precisei, então agora espero que você tenha aprendido a lição e nunca mais coloque o dinheiro acima de tudo.

− Pode apostar que eu aprendi. Obrigada, você tirou um peso enorme das minhas costas. – Fafá abraçou Bárbara.

Bárbara se assustou no início, mas retribuiu o abraço de Fafá. Apesar de não ter notado diferença antes, aquele foi o gesto mais sincero que ela recebeu da mulher em tanto tempo.

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