Capítulo 31

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Já era de manhã quando Eduardo saiu com a polícia para procurar Fernanda, sem aguentar mais ver Bárbara chorar e ficar de braços cruzados. De fato a polícia se recusou a ir atrás por causa das poucas horas de desaparecimento, mas foi só ouvir o sobrenome de Gonçalo que os melhores do batalhão se prontificaram a atendê-lo. Eduardo dirigia atrás das viaturas, atento a todos os lados da rua e em constante comunicação com os policiais até reconhecer o grande cabelo ruivo da esposa se equilibrando em cima de um banco perto de um viaduto com Júlia no colo.

− Ali está ela! – Eduardo praticamente gritou pelo rádio comunicador que os policiais lhe deram quando ele insistiu em participar da busca.

As viaturas estacionaram imediatamente e Eduardo fez o mesmo, com o olhar fixo em Fernanda que parecia estar tão fora de si que não via nada que acontecia à sua frente.

− Deixem-me falar com ela, por favor. Ela pode se descontrolar e cometer uma loucura. – Eduardo pediu, trancando o carro quando os policiais se aproximaram dele.

Os policiais assentiram, entendendo que não estavam diante de uma criminosa e sim de uma pessoa com problemas mentais. Eduardo atravessou a rua com cuidado e parou na calçada do viaduto.

− Fernanda.

Fernanda se assustou e se virou para Eduardo como se nunca o estivesse visto na vida. As coisas se embaralhavam na sua cabeça e no primeiro momento ela não se lembrou dos problemas do seu casamento, o que foi bom para que o homem conseguisse tirá-la dali com calma.

− Meu amor! – Fernanda pulou do banco sem nenhum cuidado.

− Cuidado! – Eduardo agarrou o braço de Fernanda antes que ela caísse ou derrubasse Júlia.

− Veio me buscar? – Fernanda perguntou com um brilho estranho nos olhos e um sorriso brincalhão nos lábios.

Eduardo percebeu que Fernanda estava pior do que qualquer um imaginava e teve pena. Mesmo que não gostasse dela como mulher, era triste de se ver uma jovem com a vida inteira pela frente naquela situação, mas era o melhor no momento para que ele a levasse dali sem transtornos.

− Pois é. Por que saiu sem mim? – Eduardo coçou o queixo com a mão livre, ainda segurando o braço de Fernanda.

− Ah, eu quis dar uma volta com a bebê, ela não é linda? – Fernanda olhou para Júlia que a observava quietinha, pois estava em movimento e a massagem que Bárbara fez para aliviar sua dor na barriga ainda fazia efeito. – Sabia que a mãe dela a abandonou? A gente podia ficar com ela, que tal? – ela encarou Eduardo, ansiosa.

Mesmo tendo tirado a criança de casa com raiva, na rua, Fernanda se esqueceu do que a motivou a fazer isso e começou a tratá-la como uma boneca viva. Eduardo deu uma rápida olhada em Júlia e se aliviou ao ver que aparentemente ela estava bem. Pelo menos Fernanda não a machucou, pois temia a reação de Bárbara caso a menina estivesse com algo fora do lugar.

− Hã, vemos isso depois, amor. Posso segurá-la? – Eduardo pediu, entrando na lógica de "casamento perfeito" de Fernanda.

Fernanda assentiu sorrindo e passou Júlia com cuidado para Eduardo que respirou aliviado ao já estar com a menina e prometeu a si mesmo que só a soltaria direto para os braços de Bárbara. Ele levou a mulher até o outro lado da rua onde os policiais estavam, ainda a postos para atuarem caso fosse necessário.

− Quem são esses, amor? – Fernanda apontou para os policiais, estranhamente.

− Ah, são alguns amigos meus, eles vão nos levar em casa. – Eduardo falou, direcionando Fernanda para dentro do carro.

− E o seu carro, senhor? – um dos policiais perguntou.

− Depois eu venho buscar, não posso deixar a menina e também se eu sair de perto, ela pode ficar nervosa. – Eduardo apontou para Fernanda com a cabeça, vendo que ela voltou a olhar para o nada, alheia às coisas ao redor.

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