DIAS DEPOIS
Mesmo tendo deixado uma pessoa encarregada de lhe avisar quando Aurora chegasse, quase todos os dias Eduardo passava na casa dela para se certificar de que ela ainda não havia chegado. Enquanto esperava, ele resolveu não contar nada para Bárbara, pois apesar de ter fé de que tudo daria certo, não quis alimentar falsas esperanças na mulher, afinal não sabia como seria recebido por Aurora. Em um dia, ele recebeu a ligação tão aguardada e correu até lá, largando tudo no trabalho. Ao chegar, ele não encontrou ninguém, mas mesmo assim bateu na porta que foi imediatamente aberta pela moça que ele tanto procurou.
− Pois não?
− Oi, eu sou o Eduardo Juárez, tenho procurado muito você por esses dias. Podemos conversar? – Eduardo perguntou um pouco nervoso.
− Sim, eu cheguei hoje de viagem. Nos conhecemos? – Aurora franziu o cenho.
− Não, mas eu conheço a sua mãe e gostaria de falar sobre ela. – Eduardo foi direto.
Os olhos de Aurora marejaram. Ela passou tanto tempo querendo conhecer a mãe, mas já vivia tão sem esperança que achava qualquer coisa sobre aquele assunto era uma brincadeira de muito mau gosto.
− Olha, eu nem sei o que você pretende, não conheço a minha mãe e... – Aurora falava alvoroçada, mas Eduardo a interrompeu.
− Eu sei. – Eduardo falou e Aurora se calou, abaixando a cabeça. – Se eu vim atrás de você, é porque sei que o maior sonho dela também é te conhecer.
Aurora nem soube o que pensar. Eduardo era a primeira pessoa que falava tão sério da sua mãe.
− Você está falando sério? – Aurora perguntou com a voz embargada.
− Eu jamais brincaria sobre esse assunto. Sua mãe e eu fomos os primeiros namorados um do outro e... – Eduardo explicava, mas Aurora o interrompeu.
− Você é o meu pai?! – Aurora arregalou os olhos.
Eduardo sorriu de leve. Até ele achou que era pai de Aurora, mas infelizmente não teve aquela sorte, pois tinha certeza de que se fosse, tudo seria diferente para a moça, Bárbara e ele mesmo.
− Apesar de querer muito, eu não sou, Aurora, mas garanto que poderia amar você e a sua filha como se fossem da minha família.
− Vocês são namorados então? – Aurora sorriu.
− Já fomos, mas hoje em dia ela é noiva do meu sogro. – Eduardo suspirou ao ver o olhar confuso de Aurora. – É uma longa história, Aurora, mas depois ela te explica. O que interessa é vocês duas, quando será que posso marcar o encontro entre vocês? – ele sorriu.
O coração de Aurora voltou a acelerar. Ela passou a vida inteira idealizando a mãe, pensando no motivo pelo qual foi abandonada e estava prestes a acabar com todas as suas dúvidas mesmo tendo medo do que descobriria.
− Você tem certeza de que é o que ela quer? – Aurora perguntou com a voz embargada.
− Sim, é tudo que ela mais quer. – Eduardo enfatizou. – Eu sei que ela vai te explicar tudo de novo, mas sua mãe não teve uma vida nada fácil. Você foi tirada dela antes mesmo que ela pudesse ver o seu rosto e teve que ouvir a vida inteira que foi melhor assim, tanto que só teve coragem de me falar da sua existência há pouco tempo e eu prometi que te encontraria para ela.
− Muito bonito da sua parte fazer isso mesmo que ela não seja não tenha mais nada com ela e nem mesmo a filha seja sua. – Aurora sorriu.
− Eu só quero que ela seja feliz mesmo que não seja comigo. – Eduardo sorriu triste. – E então, podemos ir até ela?
Depois de tudo que ouviu de Eduardo, só restava em Aurora a vontade de ver e abraçar Bárbara para recuperar o tempo perdido.
− Claro, eu só preciso pegar a minha filha lá dentro, ela está dormindo.
− Perfeito. Eu espero aqui e se precisar de ajuda, é só gritar.
Aurora agradeceu e entrou enquanto Eduardo aguardava na porta. Ela não demorou a trocar de roupa e organizar a bolsa da filha Júlia com uma mamadeira, fraldas e lencinhos, pois não sabia quanto tempo ia demorar para voltar. Eduardo só foi até a sala da casa para ajudar a moça a levar a bolsa enquanto ela se concentrava apenas em cuidar da criança. No caminho, ele explicou que a deixaria no antigo apartamento de Bárbara para ir buscá-la, pois apenas ele conhecia a história da filha dela e não queria expor as duas para outras pessoas, depois a mulher resolveria a situação como achasse melhor.
~ ♥ ~
Depois de deixar Aurora no apartamento, onde ela se encantou por nunca ter visto algo tão fino e bonito, Eduardo partiu para a empresa onde sabia que Bárbara estaria naquele horário. Ele ainda não tinha ideia de como faria para ela aceitar sair com ele e seria pior caso Gonçalo estivesse perto dela, mas deu sorte ao chegar e vê-la trabalhando sozinha no computador com a porta da sala do homem fechada.
− Bárbara, eu preciso que você me acompanhe a um lugar. – Eduardo foi direto.
Bárbara se assustou, agarrando os dois braços da cadeira em que estava sentada. Após o dia em que desabafou sobre a filha e chorou nos braços de Eduardo, por escolha dela, eles voltaram a se tratar como se não se conhecessem, ela achava mais seguro para que eles não deixassem o amor falar mais alto e acabassem traindo Gonçalo e Fernanda outra vez. Como Eduardo aparecia do nada querendo fugir com ela no meio do expediente?
− O quê?! Você está maluco?! – Bárbara sussurrou de olhos arregalados.
− Eu garanto que você vai gostar. – Eduardo segurou a mão de Bárbara e a levantou, fazendo com que ela desviasse da mesa.
Sem que Bárbara pudesse contestar, Eduardo caminhou para o elevador de mãos dadas com ela, satisfeito por além de estar realizando um sonho dela, também ter uma oportunidade de ficar por perto enquanto a mulher não entendia o que estava a fazendo a seguir os seus passos como se confiasse nele cegamente.
− O que vão pensar de nós dois saindo sozinhos assim? – Bárbara continuou sussurrando quando ela e Eduardo saíram do elevador para a garagem, onde poucas pessoas circulavam já indo para o almoço.
− Eu não dou a mínima. – Eduardo falou simples e abriu a porta do carro, ajudando Bárbara a entrar no banco do carona.
Eduardo correu para dar a volta e assumir o banco do motorista, logo partindo em direção ao antigo prédio em que Bárbara morava enquanto ela seguia questionando o motivo de tudo aquilo e ele se limitava a sorrir, imaginando a reação dela quando conhecesse Aurora e deixando-a irritada pela falta de atenção.
− O que... O que viemos fazer aqui, Eduardo? Achei que estivesse vendido o apartamento. – Bárbara franziu o cenho, tirando o cinto quando Eduardo estacionou em frente ao prédio.
Quando Bárbara noivou com Gonçalo, ele pediu para que ela continuasse morando na casa dele, já que ficaria lá após a união e mesmo sendo um pouco incômodo por causa de Eduardo e Fernanda, ela aceitou, afinal teria que se acostumar a presença deles de um jeito ou de outro.
− Eu jamais venderia o que é seu, só você pode vender, está no seu nome. Você já vai saber o que viemos, mas é uma boa surpresa. – Eduardo desceu do carro e correu para receber Bárbara. – Não reclama. – ele colocou o indicador nos lábios quando Bárbara ia falar, fazendo com que ela revirasse os olhos.
Eduardo deu um risinho, Bárbara era tão engraçada quando tentava ficar brava com ele, nem imaginava que estava indo mesmo conhecer a filha que tanto sonhou em saber ao menos onde ela foi deixada. Eles subiram em silêncio até o andar, era difícil estarem ali de volta no lugar em que tanto se amaram e combinaram de viver juntos, mas para o homem, não era hora de pensar nisso, tinha que focar em Aurora.
− Olha, se você me trouxe aqui pensando que eu vou ficar com você, pode esquecer e... – Bárbara falava enquanto Eduardo abria a porta, mas se calou ao ver uma moça de longo cabelo preto com uma bebê no colo que se levantou do sofá assim que a viu.
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O encontro veiooooo 😍😍😍😍😍
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Amor De Quinta
RomanceRebeca Sanchez era uma linda moça de 15 anos prestes a conhecer o amor com o seu colega de classe Eduardo Juárez, até que a família do rapaz decide ir embora do país, separando assim o casal. Anos depois, grandes mudanças acontecem na vida da moça q...