26. Onde há fumaça há fogo

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Lilith

— Por hoje, é isso. Estão liberados.

Todos os alunos saíram desanimados, assim que Snape terminou a aula e liberou a turma. Não que eles quisessem ter mais aulas com o professor Snape, mas até o amargurado era melhor que a gárgula cor-de-rosa ambulante. Quando terminei de limpar meu caldeirão e guardei o resto do meu material, me levantei e saí. — Até a próxima aula, professor!

O corredor já estava completamente vazio, aluno nenhuma quer pegar uma detenção sem necessidade, agora que os alunos mais atentados estavam resmungando o quanto ela é uma sádica psicótica. Talvez tenha sido apenas uma pura coincidência, mas Malfoy estava vindo sozinho para a sala de poções.

Não sei porque eu achei que algo iria mesmo acontecer. Eu esperei que ele esbarrasse no meu ombro propositalmente, ou que ele soltasse alguma piadinha para me irritar, mas Malfoy passou direto como se eu não existisse naquele corredor. Era uma sensação tão estranha e incômoda, só o vento frio da sua capa em movimento foi o único cumprimento que eu recebi. Estávamos nesses termos desde a tarde das fotos, quando Potter esbarrou com a gente no corredor e isso já tem mais de duas semanas.

Fiquei parada no meio do corredor por apenas um segundo. Um único segundo de hesitação até despertar da minha ilusão individual e voltar a andar para fora do castelo. Me aproximei da grande árvore que eu sempre gostava de deitar embaixo para ler algum romance trouxa e permaneci ali por muito tempo. Só percebi como faltava pouco para o pôr-do-sol quando o som alto de risadas e passos me distraiu.

A realeza da sonserina era tão barulhenta que suas risadas ecoavam por todo o pátio. A maioria dos alunos aqui não parava de observar, discretamente, o que eles faziam, o que eles falavam, como eles se vestiam. Sendo filhos de pais tão influentes, era esperado que a popularidade viesse de graça. Mas não era isso que me incomodava sobre eles.

O sumiço de Draco Malfoy era o só que me incomodava nos últimos dois dias. Não que ele tenha sumido de verdade, Malfoy participou de todas as aulas, desfilou com seus amigos por todos os corredores do castelo, fez brincadeiras cruéis com os primeiranistas. Exatamente igual a o que ele tem feito desde que eu entrei em Hogwarts. Draco só sumiu dos meu dia-a-dia.

Acho que me acostumei tanto com sua perseguição irritante que agora que ela não acontece mais, parece ter uma parte faltando na minha rotina. O irônico é que eu pedi tantas vezes para que ele parasse e me deixasse em paz, mas agora que ele o fez... eu não sei se eu queria tanto quanto eu pensava. Eu não sei sobre nada que o envolve, na verdade. Há muito tempo eu questiono meus próprios pensamentos e atitudes quando se trata da atenção que recebo dele.

— Draco! — Pansy gritou quando caiu de bunda no chão com um empurrão do loiro. — Namoral, vai se foder! Eu estava sentada aí.

— Problema seu. — Ele respondeu implicante, deu a língua, mas a ajudou a se levantar e limpar as costas que estavam sujas. Ele passou o braço por cima do ombro de Theo e começou a implicar com Daphne que estava bordando. — Isso é coisa de velho.

— E quem te perguntou alguma coisa? — Daphne respondeu, empurrando a mão dele quando ele tentou puxar o bordado da sua mão.

Tentei mais uma vez ignorá-los e focar no romance que eu estava tentando ler, mas eles estavam tão perto e falavam tão alto que era impossível controlar a minha curiosidade de ouvir sobre o que eles conversavam.

— Agora deu pra ser babá da Astoria, Zabini?

Daphne largou o bordado quando ouviu Theo falar o nome da irmã. De verdade, Blaise e Astória estavam mesmo vindo juntos para encontrar o grupinho reunido.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora