Agosto de 1986
Era uma tarde fria e chuvosa, daquelas que o céu parecia afundar o mundo inteiro em tons escuros de cinza e o barulho da chuva ecoava como uma constante trilha sonora. No entanto, o clima jamais impediria Antoine de ter sua urgente reunião de negócios com o patriarca da família Malfoy.
Lilith chegou na mansão acanhada, segurando firmemente a mão do seu pai com seus pequenos dedos gordinhos com medo de se perder. Ela teria ficado com a mãe se soubesse que eles estavam vindo para cá, mas seu pai a convenceu a vir com promessas de sorvetes e chocolates antes de voltarem para casa.
— Cisa não está? — Antoine perguntou ao não ser recepcionado pela mulher como de costume.
— Ela está em Dordonha para o funeral de Andrômeda — respondeu Lucius sem dignar um único olhar na direção de Lili, o que a garota agradeceu.
— Pensei que Dromeda houvesse sido deserdada...
— Ela foi, mas Narcisa quer honrar a memória da irmã.
— Entendo... Elas eram bem próximas, deve ter sido difícil para ela. — Antoine se compadeceu. Os olhos verdes dele encontraram Draco voltando da área externa sujo de lama e um pouco de sangue de caça.
O menino congelou ao notar o pai na sala de estar já que Lucius não costumava receber ninguém, não enquanto ele ou Narcisa estavam em casa. De repente, Draco sentiu um pavor subir pela sua espinha com medo da repressão do pai por entrar em casa completamente imundo. Mas, ao contrário do que esperava, Lucius apenas sorriu orgulhoso ao notar o sangue manchado nas mangas de lã da camisa gola alta cinza.
— Querida, fique com Draco até terminarmos, sim? — Antoine perguntou à Lili que acenou em concordância, enquanto Draco olhou para o pai esperando por instruções.
— Deixe-a no seu quarto e vá se limpar, depois vocês podem brincar. — As ordens de Lucius vieram com desdém e, apesar da liberação que ele recebeu para brincar, Draco sabia que o pai estava descontente com a ideia dele brincar como uma criança normal.
Draco acenou para Lilith que, de maneira acanhada, se aproximou ainda incerta, seguindo-o até o quarto. Eles nem sabiam o nome um do outro, nunca tinham se visto antes desse dia já que Draco ficava fora de casa a maior parte do dia ocupado com aulas e sessões de caçadas, ainda assim, seus pais esperavam que os dois se tornassem amigos facilmente? Draco não conseguia entender.
— Fique aqui até eu voltar — disse o menino entre dentes, não se dispondo a olhar para Lili uma segunda vez.
Ela permaneceu sentada no chão de madeira frio, com os joelhos juntos ao peito, olhando pela grande janela em direção ao jardim lateral da Mansão Malfoy. A garotinha de cachos ruivos estava frustrada agora, Draco estava demorando demais para voltar e a chuva destruiu qualquer esperança de sair para brincar no florido jardim. A água da chuva fazia ondulações na água do grande chafariz desligado bem em frente ao labirinto de árvores densas.
Draco, não se preocupou em entreter a menina mais nova quando voltou, apesar do brilho esperançoso que ela lhe enviou quando ele entrou. "Estou velho demais para brincar", pensou ele apesar de só ter oito anos de idade. O garoto se limitou a deitar-se contra a cama enquanto lia um livro qualquer. Ele parecia alheio, mas seus olhos não perdiam nada do que acontecia ao redor – bônus da educação Malfoy, provavelmente.
Lilith, pequena e de uma delicadeza quase frágil, tirou um giz amarelo da mochilinha de couro vermelha e começou a desenhar no chão. Era uma forma simples de instáveis traços infantis: um sol. Seus olhos, um castanho tão escuro que era quase preto, brilharam de esperança enquanto seus traços se formavam na superfície da madeira escura. Draco percebeu a movimentação e se aproximou, arqueando uma sobrancelha loira de maneira entediada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Autodestrutivo - Draco Malfoy
FanficLilith o odeia desde o seu primeiro ano, mas ela não era a única, todos os seus amigos o odiavam também. Afinal, Draco Malfoy era grosseiro e cruel. Ele não perdia a oportunidade de implicar com ela, mas a verdade é que Draco não conhecia outra man...