5. A infelicidade nunca vem só

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Lilith

Era o momento do sorteio. Todos os alunos, que tinham a idade requerida pelo Ministério da Magia para se inscrever, estavam ansiosos em suas respectivas mesas esperando que seus nomes fossem escolhidos pelo cálice.

Dumbledore apagou todas as tochas antes acesas, deixando apenas a chama azulada do cálice de fogo. Antes que o nome do primeiro campeão saísse, a chama tornou-se um vermelho quase rosa e o primeiro papel voou em direção às mãos do diretor.

— O campeão de Durmstrang é Viktor Krum. — O professor comemorou junto com o escolhido e os demais alunos. O cálice repetiu o processo novamente, dessa vez anunciando a prima Fleur como campeã de Beauxbatons e, pela terceira e última vez, para anunciar Cedric Diggory como campeão da nossa escola.

A lufa-lufa entrou em êxtase de pura felicidade quando seu colega de classe mais popular foi escolhido para participar do torneio. Eles agora têm a chance de serem agraciados com a glória eterna de ganhar um torneio tribuxo.

— Muito bem! Agora temos nossos três campeões do torneio tribruxo. Mas somente um terá a honra de levantar o cálice dos campeões e entrar para sempre para a história da magia. A taça tribuxo! — Ele exclamou e uma taça azulada brilhou no púlpito ao lado de onde ele sempre dava os comunicados. Alvo Dumbledore estava no meio de seu discurso sobre os campeões quando o cálice de fogo se agitou uma quarta vez, chamando a atenção de todos para o comportamento incomum do objeto mágico. A chama cresceu o dobro do tamanho das outras vezes, e o fogo que se aproximava do rosa agora estava um vermelho profundo como sangue coagulado.

Um último papel voou em direção ao diretor que o pegou e assim que leu seu rosto perdeu qualquer expressão. Ele estava estóico quando levantou o rosto do papel e procurou no meio da multidão pelo dono do nome sorteado, até que ele o encontrou. — Harry Potter.

Assim que ele pronunciou o nome do garoto, me virei em sua direção e o vi completamente atordoado. Dumbledore o chamou mais três vezes e somente quando Hermione o empurrou para se levantar que Harry reagiu. Nossos olhos se cruzaram rapidamente e eu senti o medo e a confusão que ele estava sentindo antes, era a mesma expressão de todas as vezes em que ele descobriu que sua vida estava em perigo e entendeu em plena pré-adolescência que ele seria responsável por derrotar Voldemort todas as vezes em que ele tentasse retornar.

Era o peso de uma responsabilidade que ele nunca quis. Um fardo que ele nunca pediu. A glória que ele nunca buscou. Harry queria ser livre, poder viver feliz com seus pais e ter aproveitado sua infância como uma criança normal, viver a adolescência como qualquer outro garoto da sua idade. Agora todos os olhos estavam nele, cochichando, julgando e odiando. Ele havia quebrado as regras do ministério, ele agora era um campeão tribruxo.

Olhei para Ron e vi o olhar magoado em seu rosto, ele desviou o olhar raivoso do amigo que ele achou ter o enganado e ido atrás da glória eterna que ele tanto desdenhou em suas conversas antes. Eu toquei em seu ombro, mas Ronald desviou das minhas mãos e se levantou para ir embora. Então, olhei para Luna que parecia tão assustada quanto a mim e busquei Harry pela multidão, mas ele já havia ido para a sala de Dumbledore.

— Bom... — O diretor retornou a falar, mas ficou calado por vários minutos, e todos no salão, que antes comemoravam, agora estavam raivosos ou assustados pela vida do amigo, sendo o segundo grupo apenas eu, Nev, Luna, Gina e Hermione que se reuniram para esperar o resultado do destino de Potter. — Vão todos para seus dormitórios, agora! — exclamou Alvo quando ele voltou a falar, rapidamente cada professor dirigiu os alunos das casas que representavam para a comunal destinada a eles.

— Professor Flitwick? — chamei por ele e me aproximei para perguntar o que mais me preocupava de verdade. — O que vai acontecer com Harry agora?

Ele me olhou com compaixão entendendo parte do meu desespero pela vida de Harry que, antes mesmo de nascer, nunca teve paz e segurança em seu destino. — Veremos. — E assim ele fechou a porta da comunal para poder voltar a se encontrar com os professores. Subi correndo para meu quarto junto com Luna que já estava esperando na sala. Ao invés de me deitar em minha própria cama, com o auxílio da varinha, arrastei a cama para ficar colada a de Luna. Não queria dormir sozinha, eu sentia o coração bater tão rápido que minha visão estava desfocada. Era quase igual a vez que experimentei a varinha que deveria escolher.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora