12. Há males que vêm para o bem

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Draco

Durante toda a madrugada e manhã o frio foi extremamente predominante e mesmo que já tenha passado da hora do almoço, sendo uma e meia da tarde, o dia ainda não esquentou.

Nada disso impediu que Lilith e seus amiguinhos da grifinória corressem e jogassem neve uns nos outros igual um bando de imbecis. Que ridículo.

Mas não posso negar a inveja que eu sentia. Deveria ser a realeza ali. Ela, eu e a realeza.

Quando ela esbarrou em alguém e caiu na chão, o meu primeiro instinto foi de levantar e correr até ela mas, felizmente, me segurei a tempo de ver o ridículo Weasley correndo abobado até as duas e dando prioridade de ajudar Granger.

Pritchard estava distraída demais para perceber, Hermione não percebeu e nem mesmo Ron entendeu o que aquilo significava. Era um tremendo idiota mesmo. Mas eu percebi e eu sei que quando Lilith viu como o ruivo se focou completamente em Granger e, só então, ela entendeu também.

Assim que os dois se afastaram, Pritchard demorou um pouco para se levantar e foi atrás dos dois, essa foi minha chance. A puxei pelo braço até uma das saídas do castelo.

— De te levar ao baile Yule. Assim você não vai ficar sozinha quando Weasley te ignorar a noite toda.

Ela estava com a mesma cara emburrada que sempre fazia quando eu me aproximava, se recusando a aceitar qualquer coisa que eu fizesse ou dissesse, e ainda assim continuava linda. O sorriso genuíno de quando ela estava brincando na neve não existia mais e os olhos estavam semicerrados e distantes, ela estava tentando dissociar, então apertei mais o pulso que eu estava segurando, mas ela ainda não me deu atenção.

Pelo menos, ela ainda está aqui. Era o que eu dizia pra conseguir me convencer. Soltei o cabelo dela que estava preso e fiz o melhor que pude para que ele continuasse bonito.

— O que você acha, hm?

— Prefiro chorar sangue.

Mas que garota teimosa. É quase insuportável o quanto ela consegue me tirar do sério com tamanha teimosia e arrogância. Uma marrenta, é isso que ela é, marrenta do cabelo de fogo.

A puxei pelo braço de novo e de novo até que ela se aproximasse mais de mim. Tentou fazer força para não andar, mas puxei ainda mais forte a fazendo dar mais dois passos para perto mim. Da distância que estávamos eu podia sentir o cheiro dela perfeitamente e tinha certeza que ela também poderia sentir o meu. — Marrenta.

Os cabelos ruivos emanavam morangos frescos e se misturavam a um cheiro fraco de baunilha, que deve ser do seu perfume. Era bom, doce, frutado, fresco... suave. Combinava com ela. Bem mais que a ideia de lavanda, terra e livro novo que eu idealizei antes. Aproveitei sua falta de resposta para acariciar seu cabelo e seu rosto.

A atmosfera era tão serena e calma. Quando o vento frio bateu e espalhou seu perfume mais uma vez não pude evitar de me abaixar e tentar eternizá-lo na minha memória. O conjunto de tudo era inebriante e as sensações eram tão avassaladoras que não consegui me impedir de dizer a primeira coisa que me veio à mente.

— Você vai ser minha ainda, marrentinha.

— Até parece. — Ela zombou e se puxou para trás, caindo mais uma vez no chão. Dessa vez não evitei ir até ela e ajudá-la a se levantar. Ela parecia estar, especialmente, vulnerável hoje e essa foi minha oportunidade de embalá-la em um abraço que acalmou todo o meu ser. Mesmo quando ela se soltou, e mesmo quando ela já tinha ido embora de volta para eles, eu continuei feliz durante toda aquela tarde.

Enquanto eu procurava por um livro, que Snape me pediu, na área restrita da biblioteca, a vi dormindo em cima do antebraço e com um livro meio fechado na outra mão. — Madame Bovary? Que tipo de pessoa leria isso? — Eu perguntei a mim mesmo.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora