28. Uma pequena faísca acende uma grande chama

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Draco

Lilith me chamando pelo meu primeiro nome é o meu ponto fraco, e ela sabe disso.

Todas as vezes que eu consigo fazer com que ela baixe a guarda e fique confortável comigo, ao ponto de me chamar pelo meu primeiro nome, sinto uma pequena felicidade. Mas dessa vez isso não aconteceu. O tom de voz quebrado e vazio com o qual ela me chamou não me causava nada além de preocupação. Isso não estava perto de nenhum dos cenários que eu imaginei.

Corri em sua direção e a segurei, permitindo que ela desabasse em meus braços. O corpo de Lilith tremia enquanto ela chorava silenciosamente. Devagar, desci nossos corpos para que estivéssemos sentados, o mais confortável possível, no chão. Afaguei seus cabelos vermelhos e deixei que ela chorasse em meu ombro.

Ela continuou assim por muito tempo, talvez uns vinte ou trinta minutos, mas não me importei. Continuaria aqui com ela pelo tempo que fosse necessário, e que ela me quisesse perto, é claro.

De longe ouvi risadas mistas e passos corridos que ficavam cada vez mais perto do corredor em que estávamos. Eu reconheci a voz deles, os dois filhos mais jovens dos Weasley. E um conflito interno começou.

Ao mesmo tempo que deixar que eles vejam nós dois juntos, me garantiria seu coração com muito mais facilidade, ainda parecia errado expô-la nesse momento, imoral como o pior dos pecados existentes. Eu me sentiria sujo e não merecedor.

No fim, eu teria Lilith para mim, isso já estava claro, eu não precisava desse truque sujo nesse exato momento. E se eu fizesse o que minha cabeça queria, seria mais um motivo de briga no futuro que a afastaria de mim mais uma vez. Então fiz o que meu coração realmente queria, protegê-la e escondê-la.

Cobri a parte superior do seu corpo com a capa do meu uniforme. Lilith não percebeu que seus amigos estavam passando bem atrás dela, e nem eles a reconheceram, embora Gina tenha hesitado por um momento quando olhou para mim e ela, mas, como Lilith estava coberta, não havia nada que a Weasley fêmea pudesse reconhecer.

Assim que eles foram embora soltei um suspiro que estava segurando e percebi que o corpo de Lilith não tremia mais. — Marrenta? — A chamei mas ela não respondeu. Afastei a capa do seu rosto com delicadeza e vi que ela estava dormindo, os olhos inchados e as bochechas marcadas pelas lágrimas, sua respiração era pesada, mas parecia em paz.

Me levantei com ela em meu colo, mas hesitei quando me lembrei que não conseguiria entrar na torre da corvinal, e também não queria acordá-la agora que ela parecia tão serena. Em contrapartida, a enfermaria de Madame Pomfrey também não está aberta há essa hora, então tudo que me restava era levá-la para as masmorras da sonserina e pedir ajuda ao professor Snape.

A porta encantada da masmorra  apareceu assim que eu parei na frente. — Tradição. — As cobras de metal que a trancava se encolheram, uma a uma, até que a porta abriu-se e eu pudesse entrar. Deitei Lilith no sofá enquanto eu pensava no que fazer em seguida.

— Draco? — Theo me chamou e eu me virei assustado para olha-lo, ele, Pansy e Blaise estavam sentados na bancada da janela, cuja a vista era do fundo do lago negro. — Por que a corvinal está deitada no sofá das masmorras? Pensei que as águias ficassem no topo da torre. — Ele tentou brincar, fazendo uma das suas típicas piadas ruins que talvez só a Daphne riria.

Pansy revirou os olhos para a piada ruim de Theo e aproveitou para fazer o próprio comentário sarcástico. — Finalmente conseguiu conquistar a repetida?

Blaise deve ter notado que não era uma situação engraçada pela minha cara fechada, porque ele parou de sorrir e perguntou seriamente. — Qual o problema, Malfoy?

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora