42. A preocupação nunca evitou o destino

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 Draco estava perdido. Sufocado pela própria angústia que era causada pelos seus pensamentos que nunca paravam. Eram três preocupações por minuto, quinze paranoias diferentes a cada hora, a sensação de estar sendo constantemente vigiado e ameaçado nunca dando um segundo de descanso.

A voz melodiosa de Lili despertou-o dos seus conflitos internos. — Vamos juntos para Hogsmeade esse final de semana?

Ele então olhou para seus olhos castanhos, que brilhavam lindamente, e sentiu o coração despedaçar ao se deparar com o resquício de esperança que ele já não sentia mais. Segurou o rosto da garota entre as mãos e deixou um selinho demorado nos lábios dela, estava se despedindo aos poucos, tentando aproveitar ao máximo o que ainda era bom na sua vida.

— Claro que sim, marrentinha — respondeu e ela sorriu feliz, deixou outro selinho nos lábios dele e voltou a deitar a cabeça no peito do sonserino, tentando relaxar apesar das batidas aceleradas que o coração dele fazia.

— Pombinhos, a gente precisa ir. — Luna voltou do segundo andar, acompanhada por Blaise e parou em frente ao sofá que os dois estavam dividindo.

Lili se soltou do abraço de Draco a contragosto e pegou a capa que estava jogada no chão, depois colocou a mochila sobre os ombros e caminhou até a porta, onde a loira já estava esperando-a. Ela se virou para trás e deu um aceno fraquinho, que Draco não tardou em retribuir, e saiu.

Sem a presença de Lili, Malfoy se sentia extremamente nervoso e já não tinha mais uma desculpa para protelar suas obrigações com o Lorde das Trevas. O loiro ignorou o olhar preocupado do melhor amigo e subiu de volta para o quarto, separando a máscara de prata e um sobretudo pesado, esperou dez minutos e conferiu se a varinha estava no bolso do moletom antes de sair das masmorras.

Na sua pressa não percebeu que alguém o viu.

Luna e Lili precisaram desviar do caminho pelo aparecimento surpreendente do professor Snape, elas precisaram se esconder por aproximadamente oito minutos, o tempo que Snape levou para ir e voltar da onde quer que fosse. Isso atrasou as meninas e foi o que bastou para que seu caminho cruzasse o de Malfoy. Ele estava bem mais na frente delas e tudo que elas conseguiram ver foi um vulto de mechas platinadas antes do sonserino dobrar o corredor.

— Era o Malfoy? — perguntou Luna completamente confusa.

— Era! — Lili afirmou com certeza. Reconheceria o sonserino em qualquer lugar.

O velho Dumbledore olhava para Malfoy sem emitir nenhuma expressão, nem espanto, nem surpresa, medo ou indignação. Ele também não respondeu nada quando o rapaz apareceu, exigindo falar com ele. O ancião sempre soube que o menino, assim como Harry, teria um papel crucial durante a segunda onda dos comensais.

Draco teve seu destino selado por uma profecia antes mesmo de nascer, no seu caso, não existe um papel heróico reservado para ele, O rapaz foi amaldiçoado como o único herdeiro da família Malfoy. Não importa quais atitudes ele toma, em quais ideologia ele acredita, com o que ele concorda ou discorda, quem ele ama ou deixa de amar, Draco sempre será o filho do seu pai, primogênito de Lucius Malfoy, seguidor de Lord Voldemort.

Ele é Draco Lucius Malfoy e nada além disso. Nunca.

— E o que você espera que eu faça, menino Malfoy? — Dumbledore perguntou enigmaticamente.

Draco soltou um sorriso de escárnio e debochou: — Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem, não? Pelo menos é o que você adora dizer pelos corredores,

— E você está recorrendo a Hogwarts, rapaz? — O velho perguntou de volta. Draco ficou em silêncio, não querendo responder mesmo que a conclusão fosse óbvia. —Caso a resposta for sim, Hogwarts o ajudará com o que precisar — continuou, observando um lampejo de esperança brilhar nos olhos cinzentos. — Mas o que você dará de volta?

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora