38. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe

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No meio da madrugada uma mãe corre para fora de casa com seu filho pequeno chorando nos braços. Ela não pode se virar para trás, nem mesmo para saber se o marido conseguiu sair, ou não, da casa, ela precisa correr e salvar seu filho. A mulher não vai longe até que um raio esverdeado a atingiu nas costas e ela cai no chão sem vida. O menino se contorce para sair de baixo da mãe, empurrando o corpo pesado para o lado para que ele possa sair. Mesmo sendo muito pequeno, ele já sabe qual será o seu destino se for capturado e por isso ele precisa correr ainda mais rápido. Ele não parou de chorar nenhum minuto, nem quando a falta de ar enfraqueceu suas pernas e o tornou lento. Ele continuou chorando.

A mãe colocou a vida do filho acima da vida dela. Ela sabia que o peso a deixaria mais devagar e mesmo assim levou-o consigo. Ela foi atingida por ser lenta demais, por tentar salvá-lo e, agora, ele já devagar, cometeu o erro de olhar para trás. Isso o destruiu também. Um feitiço desconhecido raspou a lateral direita do seu rosto, atingiu a bochecha redonda e se espalhou até o supercílio, bolhas de ácido cresceram como fungos em sua pele, corroendo totalmente o globo ocular.

Pobre menininho, não aguentou a dor da maldição e tropeçou direto para o chão. O trio de comensais responsável por aquela casa não demorou para alcançá-lo e olharam de cima com arrogância e desprezo para a criança que agonizava de dor e medo no chão.

Damien comemorou seus seis anos naquela manhã de natal, ele foi acordado por seus pais com um grande bolo de aniversário e um brinquedo de super-herói, agora ele estava jogado nos pés de três pessoas esperando clemência. O menor dos três virou o rosto para o que estava no meio, ligeiramente mais para trás que os outros dois, e saiu do caminho dele. Damian Jones não conseguiu reconhecer nenhum deles por conta das máscaras de metal que eles usavam. O homem do meio se aproximou dele e fez um agito fraco com a varinha, o raio verde da morte foi certeiro, ceifando todo o brilho de vida e esperança presente nos olhos do pequeno menino.

Aquela não foi a primeira família trouxa que eles atacaram naquela semana, ou naquela noite e não seriam os últimos. Antes dos Jones vieram os Daves, os Williams, os Harris, os Evans e assim que os três saíssem da humilde casa rural ainda teriam os Lewis, os Coopers e os Morris para atacar.

O menor dos três comensais aparatou sem olhar para trás, não sentindo nenhum pingo de remorso pelas dezenas de vidas que ceifaram naquela noite de natal. O segundo esperou um pouco, analisando a postura do terceiro e quando esse não esboçou nenhuma reação, ele desistiu e foi embora, aparatando direto para a próxima casa. O último homem continuou olhando para o menino caído na sua frente e, sem fazer um único barulho, levitou o corpinho sem vida e o levou de volta para dentro da casa, deixando-o deitado ao lado de seu pai. Depois ele voltou para fora e fez o mesmo com o corpo da mãe. Ele não precisava se preocupar em juntar os corpos, um subalterno logo viria para limpar a bagunça, mas ele sentia que deveria para aliviar um pouco da culpa. O homem aparatou da casa de campo e encontrou os dois comensais da sua equipe já esperando por ele.

— Porra, que demora! — A voz feminina e águda, que pertence ao menor dos três, exclamou irritada. Ela se prontificou de ir na frente, explodindo a porta com um feitiço e adentrando o local com seu andar característico. — Dessa vez a criança é minha! — Ela gritou, seguido da sua risada estridente e começou a lançar uma sequência de feitiços com a graça de um perfeito duelista.

Os primeiros raios de sol já iluminavam o céu quando eles saíram daquela casa de volta para a sede dos comensais. Muitos deles já estavam lá e conversavam tão alto que tudo que era possível entender eram murmúrios, assim que os três entraram na sala o barulho foi cessando aos poucos até ficar em completo silêncio. Todos os encarando em total expectativa, a mulher foi a primeira a tirar a máscara, revelando o rosto pontiagudo enfeitado com seu sorriso maléfico, Bellatrix Lestrange. — Então? — Ela perguntou, se fazendo de desentendida para aguçar a curiosidade dos demais.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora