41. Nem tudo são flores

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Lilith

— Você embebedou ela? — A voz cansada do Draco me despertou aos poucos do sono. Levantei minha cabeça do ombro de Theo devagar. Draco já estava me olhando com um olhar semicerrado que beirava a ferocidade.

— Ela parou de beber horas atrás. — Theo me defendeu e eu concordei com um aceno de cabeça e um sorriso de inocência fingida.

Draco revirou os olhos, procurou os amigos pela sala e perguntou: — E os outros?

— Adivinha? — Theo rebateu e balançou as sobrancelhas com um olhar provocador. Pela terceira vez, em um período de quinze minutos, Draco revirou os olhos.

— Zabini também? — Ele perguntou e não precisou receber uma resposta verbal para gargalhar, inclinando a cabeça para trás. — Porra, finalmente!

— Eu pensei que a loirinha iria enrolar ele até o final do semestre. — Theo brincou. Belisquei a cintura do garoto que resmungou de dor e se levantou. — Quanta violência!

Me virei para Draco de novo quando Theo serviu um copo de whisky para os dois. — Vai continuar de uniforme?

Ele olhou para baixo, como se tivesse esquecido que não tinha se trocado ainda. Dando de ombros, ele tirou o suéter de mangas cinza e jogou desleixadamente em cima do colo. Em seguida, afrouxou a gravata verde e prata da sonserina e abriu os três primeiros botões da camisa, assumindo uma aparência mais despojada. Theo se inclinou na minha direção e riu soprado. — Draco vai evaporar se você continuar secando ele desse jeito.

— Que? — Respondi com uma pergunta, sem realmente dar atenção para ele. Naquele momento, Draco estava retribuindo minha troca de olhares com um sorriso ladino no rosto.

Quando ele se levantou e se elevou sobre mim, parado de pé na minha frente, inclinei-me para trás, apoiando as costas no sofá, para poder olhar em seu rosto esculpido. Mal reparei que Theo e ele trocaram de lugar. Draco, prontamente, sentou-se ao meu lado, enquanto Theo estava flertando com a grifinória de antes.

— Você demorou — comentei.

Ele assentiu em resposta e jogou o suéter e gravata no espaço vazio do sofá.

— E você parece com sono — desconversou.

— Estou com sono.

— Quer que eu te leve para a torre? — sugeriu. Sua mão acariciou meu rosto, empurrando a mecha da franja para trás da orelha e descendo os dedos pela linha da mandíbula.

— Você nem curtiu a festa ainda.

— Isso não importa — fez uma pausa, bebendo um pouco do whisky que Theo serviu para ele, e continuou. — O foda é não poder te curtir um pouquinho.

— Que cafona — respondi. Aproximei mais nossos rostos e seus olhos prateados desceram automaticamente para minha boca. Os dedos delgados seguraram meu queixo, mantendo meu rosto no lugar para que ele pudesse deixar selinhos contidos.

Respingos gelados fizeram nós dois nos afastarmos no susto. Draco procurou Theo, incriminado por isso, mas o moreno estava ocupado demais com uma sessão de pegação para sequer reparar em nós. Ele olhou em volta procurando o culpado, mas ninguém nem tinha percebido o que aconteceu.

O cabelo loiro agora estava bagunçado pra frente do rosto, as pontas pingando água que escorriam pelas bochechas marcadas e caiam na camisa branca, deixando-a semi-transparente. Draco recebeu a maior parte do jato d'água, eu só tinha alguns respingos que umedeceram minha franja e um pouco do topo do vestido.

— Agora você vai ter que se trocar — brinquei.

Draco bufou e se levantou, indicando até o quarto com irritação, mas segurando minha mão por todo o caminho. Quando ele destrancou a porta com a varinha, me deu espaço para entrar primeiro e foi até o armário enquanto eu me sentava na beira da cama. Ele escolheu uma blusa de gola alta preta, deixando em cima da cômoda enquanto desabotoava a camisa.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora