6. Não ponha uma espada nas mãos do inimigo

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Draco observava a mesa da corvinal atentamente durante todo o início do jantar. Lovegood já estava jantando e também havia feito um prato separado para a amiga que não estava em lugar nenhum. Mesmo quando os grifinórios chegaram atrasados, Lilith continuava longe de ser vista. Mas Malfoy não desistiu, ele continuou observando como se o seu olhar assassino fizesse com que ela aparecesse logo no salão.

Quando Lilith entrou em direção a mesa de sua casa parecia pálida e os olhos estavam meio fechados. Ela andava quase se arrastando e Draco logo então entendeu que ela estava na enfermaria. Ele observou a loira perguntar algo para a ruiva que só acenou e levantou a manga da blusa, a linha vermelha em seu antebraço era possível de observar mesmo da mesa da sonserina. Alguém havia machucado-a? Era o que se passava na mente do garoto. Ninguém pode machucá-la além de mim. Ele repetia isso como um mantra. Draco se pegou pensando se não foi o empurrão que ele deu-lhe mais cedo, que deixou o braço dela tão vermelho, mas foi o hematoma arredondado, roxo, perto do pulso que fez com que ele descartasse esse pensamento.

Ele estava encarando-a por tempo suficiente para que ela percebesse. Ele sustentou a troca de olhares por pouco mais de um minuto e depois a ignorou, voltando a conversar com o melhor amigo que estava sentado ao seu lado.

Malfoy estava novamente observando o céu noturno na torre de astronomia. Era seu passatempo favorito. Sua mãe o havia ensinado como reconhecer cada estrela e era por isso que Draco ficava tantas e tantas horas deitado no chão da torre, no ângulo exato em que ele pudesse ver suas constelações favoritas.

Tudo o que ele queria era sentir diariamente aquela calmaria. A calmaria que ele sentia toda vez que passava o início das noites sem pensar em nada, só olhando as estrelas. Nem todas as garrafas de whisky de fogo que Blaise pudesse arrumar, o deixariam tão relaxado quanto como ele estava se sentindo agora, mesmo que a sensação de beber escondido fosse muito boa.

No auge dos seus 16 anos já se sentia desgastado. Tudo o que queria era estar em casa, mas mesmo quando chegava lá não se sentia à vontade, não existia conforto. Era uma série de coisas que deveria fazer, deveres que precisava cumprir, etiquetas sociais que tinha que seguir, o tempo inteiro se preocupando com o que os outros enxergavam nele e o que eles iriam entender como Draco Lucius Malfoy.

Então ele ouviu passos, a princípio eram leves e lentos, e pouco a pouco, a silhueta da sombra dela apareceu no chão. Lilith ainda parecia cansada, mas seu rosto não estava tão pálido quanto na hora do jantar. Ela continuou a andar quase se arrastando até um canto qualquer, onde se deitou no chão, com a bolsa embaixo da cabeça olhando para o céu. Estava tão distraída que não o notou deitado do outro lado da torre.

Draco continuou olhando-a por mais algum tempo esperando que ela o percebesse ali, mas ela apenas suspirou e fechou os olhos sentindo o vento frio bater no rosto. O loiro então se levantou e andou até onde ela estava deitada, ficou um minuto em pé em sua frente, com a sombra a cobrindo, mas Lilith não abriu os olhos e nem falou nada. Draco já se sentia frustrado, como ela poderia não o perceber parado bem na frente dela.

Quando ele se jogou no chão, sentado ao seu lado, ainda de frente para o rosto dela, que Lili finalmente falou: — Não estou com paciência para suas gracinhas agora, Malfoy.

Então ele entendeu que ela o havia notado, desde o momento em que chegou, ela o viu e o ignorou de propósito. A paz que Draco sentia antes fora agora substituída pelo rancor característico dele, a torre já não era mais um lugar confortável naquele momento. Draco queria o que ele queria, na hora em que queria, e isso era a atenção dela, agora e em todos os outros momentos.

Pegou o braço machucado da garota sem medir muito as forças, o que acabou machucando-a um pouco mais. Foi completamente sem querer, apenas um movimento desesperado onde ele não pensou em medir a força que iria usar. Ela fez uma careta de dor que Draco achou, baseado em seu discernimento distorcido, adorável.

Autodestrutivo - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora