Capítulo 7.

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Pete não tinha o costume de roer unhas. Achava nojento e totalmente anti-higiênico, além de não conseguir mastigar as suas por serem muito duras. Mas a ansiedade que balançou seu interior estava o instigando a tentar mais uma vez, evitando de levar os dedos à boca apenas para descontar um pouco da inquietação.

Os passos eram apressados e firmes sobre as folhas secas, caminhando decidido até a parte de trás da escola. Perto daquele muro havia algumas folhagens e pequenas árvores, transformando o ambiente em algo mais arejado e protegido do sol. Embora houvesse grandes nuvens acinzentadas no céu, anunciando uma possível chuva, está consideravelmente quente. No geral, estava sendo um bom dia.

Seu uniforme era exatamente do tamanho do corpo, até um pouco folgado, francamente. Porém, desta vez, parece sufocá-lo desde o momento que recebeu aquele bilhete no meio do corredor durante o intervalo.

Afinal, quem poderia estar o convidando para matar um dos períodos e encontrá-lo no muro atrás da escola? Ele não fazia ideia. Mas mesmo assim foi, temendo ter tomado uma decisão precipitada demais. Quer dizer, obviamente foi algum estudante que pediu para aquela garota saltitante e feliz lhe entregar o pedaço de papel com algumas frases em letras cursivas, mas tinha um pequeno receio de ser algum tipo de piada. Seria de muito mau gosto caso fosse.

Talvez apenas quisesse um pretexto aceitável para fugir da aula de matemática com o mesmo velho de cabelos grisalhos e expressão entediada de todos os dias. Para sua felicidade, aquela razão foi o suficiente para tirá-lo para fora do prédio ligeiramente, sendo levado pela curiosidade. Não é todo dia que você ganha algum tipo de bilhete tão específico e misterioso. No caso de Pete, nunca havia ganhado.

Ele chegou mais perto do muro, apertando as mãos uma na outra em nervosismo. Olhou para os dois lados, procurando qualquer vestígio de outra pessoa se aproximando, porém não havia ninguém. Seu peito ficou um pouco agitado com a possibilidade de ter sido enganado, enviando para o cérebro mandá-lo embora imediatamente. Porém ele não o fez, estava muito curioso para entender o que aquilo significava. Em todos seus dezessete anos de vida, nunca tinha passado por uma situação tão intrigante.

E se fosse um admirador secreto? Não que ele acreditasse ser alguém interessante o suficiente para chamar a atenção das pessoas assim, mas havia um pingo de esperança.

Todas as vezes que esteve na companhia de um garoto, foi porque ele quem tinha partido para cima. Normalmente, só ficava com alguém porque decidia ir até a pessoa falar sobre o que queria. Com exceção de suas próprias iniciativas, ninguém mais demonstrava lhe querer de outra maneira que não fosse na amizade.

Pete não se achava o garoto mais lindo do mundo, pelo contrário; tinha total noção dos seus diversos defeitos, porém também pensava possuir algumas qualidades, mesmo que a insegurança ainda fosse gritante ao ponto de fazer o peito arder. Elas não eram o suficiente para alguém olhá-lo de formas atrativas?

O garoto suspirou, apertando os dedos com mais força na palma da mão, travando uma luta entre ir e ficar. Se fosse algum tipo de brincadeira, ele se sentiria muito humilhado. Poderia lidar com isso, sim, mas não é como se não fosse chateá-lo tamanha insensibilidade. Conhecendo os imbecis que estudavam na mesma escola, e sala também, não tinha como descartar a possibilidade. Eles eram muito maldosos quando queriam.

A inquietação cresce, deixando-o um pouco desanimado. Alguns minutos já haviam se passado desde o horário que tinha sido escrito no papel e ninguém tinha aparecido. Aparentemente, era apenas alguém tentando fazê-lo de idiota. E ele acabou caindo como um patinho.

Pete bufou, girando os calcanhares. Era melhor enfrentar a aula chata do que esperar por uma pessoa que nem mesmo iria dar as caras.

Quando virou-se para andar para longe, as folhas secas fizeram barulho novamente, mas dessa vez com outra figura pisando sobre elas. O garoto olhou para o outro estudante com a boca entreaberta, as pernas um pouco trêmulas. As orelhas automaticamente ficam vermelhas quando metade do sangue do corpo corre para as bochechas redondas de Pete. Ele sentia-se muito tímido e corado de repente.

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