Capítulo 12.

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As coisas, definitivamente, haviam fugido do controle.

Depois do final do evento de ontem, Vegas soube em segundos que tinha algo de errado com Pete, não era difícil de notar, pois Wen também tinha comentado ao se aproximar dele e pedir para que fossem até o carro e esperassem o chefe lá. Seu comentário fora muito casual e indiferente, ele provavelmente achava que não era nada além de mau humor por parte de seu superior, já que praticamente não o conhecia.

Mas Vegas sim. Se duvidasse, ele tinha mais conhecimento sobre Pete do que sobre si mesmo.

E ele viu o corpo do Saengtham tremular ao sentar no banco do motorista, segurando o volante com dedos instáveis e olhos perdidos, como se mal soubesse para onde deveria ir. Acompanhou tudo pelo espelho retrovisor, acomodado atrás de Wen — que estava no carona —, pois não poderia olhá-lo diretamente se estivesse ao lado dele. Uma única troca de contato visual com o mais velho durante o trajeto foi o suficiente para ver tantas emoções misturadas nas belas íris castanhas. Uma bagunça conflituosa.

Parecia que Pete era puro conflito. Desde que o conheceu, isso nunca o tinha abandonado. Era pavoroso ver a angústia gritante nele.

Ele até tentou não se abalar com aquilo, até porque não era da sua conta, não era como se Pete fosse seu para cuidar dele ou querer protegê-lo de quaisquer coisas ruins. Não lhe dizia respeito o que atormentava a cabeça do ex-namorado.

No entanto, seu coração não entendia dessa forma, decidido a tornar as coisas ainda mais difíceis para ele, apertando apenas em vê-lo daquela maneira, vulnerável e exposto. Querendo pegá-lo nos braços e dizer a ele que tudo ficaria bem, que não havia o que temer. Querendo lhe dar conforto e encher o rosto dele de beijos carinhosos, assim como costumava ser no passado. Querendo ser alguém que estaria ali para ele não importasse o que viesse a acontecer. Mas Vegas necessitava dar-se um banho de água fria, o mais gelada possível, para acordar daqueles devaneios ridículos que ele se colocava sem pensar às vezes, desejando o que não podia ter. Desejando o que não era mais seu. Tão patético.

Mesmo assim, ele não se atreveu a dizer nada, ignorando o instinto protetor de querer agir por conta própria. Verdade seja dita, ele mal olhou para Pete durante aquele evento, a única vez que trocaram contato visual fora dentro do carro, depois não se viram mais. Uma parte dele estava aliviada por isso. Não sabia o quanto conseguiria suportar sem querer se infiltrar embaixo da pele dele e expulsar todos seus sentimentos ruins como se ainda tivesse o poder de tal coisa.

Se sentia tão confuso, nadando contra uma maré de incertezas e dúvidas. Não podia culpar ninguém além de si mesmo por ter deixado isso acontecer.

Um suspiro evaporou no ar, espalhando suas frustrações por toda a sala do apartamento enquanto ajeitava as últimas almofadas no sofá. Uma organização básica tinha sido o suficiente para colocar as coisas de volta no lugar, considerando que dificilmente permitia deixá-las bagunçadas, apenas cedendo quando precisava sair às pressas de casa. Parecia agradável e excepcionalmente limpo.

A campainha tocou, fazendo-o olhar para a porta automaticamente, sentindo um frio no estômago de repente.

Ele continuava tomando as decisões erradas.

Com passos erráticos, ele andou até a entrada do apartamento, tentando jogar para longe a estranha sensação de estar pisando em algodão macio. Que tolice.

Conforme repensava em cada erro que vinha cometendo nas últimas semanas feito o trailer de algum filme, a mensagem "oi, eu quero muito ver você, podemos nos encontrar?" cintilava uma afirmação como uma sirene vermelha ao redor do restante de cada vacilo contínuo. Ele não podia acreditar que além de ceder, tinha permitido que o endereço de sua casa fosse descoberto.

Siénteme | VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora