Capítulo 13.

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Quando os passos raivosos soaram no corredor, toda a tranquilidade de Pete sobre aquele descartável problema sumiram no ar igual fumaça, se preparando mentalmente para o que viria. Ele estava tão cansado naquele dia, mas não era como se pudesse fugir, mesmo que a escola ter lhe dado tantas atividades avaliativas em tempo integral não fosse uma boa razão para escapar.

— Onde você estava? — o homem de meia idade abriu a porta do quarto com força desnecessária, falando alto.

— Na escola, tive períodos extras hoje. — respondeu Pete, parando de guardar os livros na bolsa para encarar seu pai, que parecia cuspir fogo pelas ventas enquanto mantinha uma atenção grosseira nele.

— E estava lá fazendo o que? — a pergunta soou quase acusatória.

— Estudando. — o que mais ele poderia fazer na escola? Caramba, estava se esforçando o máximo que podia nesse semestre por notas melhores.

— Você acha que eu tenho cara de imbecil, Pete? — seu pai continuava parado na soleira da porta, o corpo estremecendo enquanto proferiu as palavras em tom zombeteiro. — Para de me envergonhar mais do que de costume fazendo coisas indecentes.

O corpo de Pete enrijeceu, mordendo o interior da bochecha.

— Do que está falando?

— Você fica agindo como uma vagabunda na escola e eu ainda sou obrigado a aturar ligações da diretora, acusando você de importunar outro garoto e dizendo que isso não é aceitável no ambiente em que estão, que a sua educação é uma merda. — ele quase gritou, dando um passo para dentro do quarto. — Crie vergonha na sua cara e para de ser um estorvo para as pessoas, já não basta eu ter que suportar isso. Eu não preciso daquela mulher vindo me falar sobre o quão viado você consegue ser, até porque já sou muito ciente.

Pete respirou fundo, juntando as mãos para frente, apertando os dedos uns nos outros, desviando o olhar.

— É um exagero, eu não fiz nada. Nós só estávamos conversando. — se defendeu sob os olhos julgadores do pai, sabendo que ele não faria esforço algum para acreditar em si.

Realmente havia sido um erro criar qualquer interesse por Chen, visando que os amigos dele eram todos babacas e não davam a mínima para Pete, embora o garoto em questão demonstrasse ser diferente quanto a isso, lhe tratando bem. Ele deveria ter previsto que a maldade do grupo idiota faria reclamações sobre sua pessoa para afastá-lo do outro estudante, já que não gostavam da aproximação repentina que Chen tinha permitido entre eles.

— Não precisa atender as ligações da escola, pode bloquear o número. Se perguntarem, eu digo que está com problemas com o celular. — Pete tentou achar uma saída para aliviar a raiva do pai, não querendo mais culpa em seus ombros. Ele só queria deitar na cama e dormir um pouco.

— Com certeza vou fazer isso, eu não dou a mínima para a sua vida estudantil, não poderia me importar menos, principalmente sabendo o inútil que é em tudo que faz. No final das contas, você só está tentando provar ser algo para si mesmo, antes que todo mundo te reconheça como uma vagabunda que só sabe dar a bunda em toda a cidade. — as palavras ácidas cuspidas não o afetaram tanto, minimamente acostumado com aquilo. Embora a voz no fundo da cabeça que concordava com as falas do pai lhe deixasse angustiado.

O silêncio do garoto de dezesseis anos deixou o mais velho quase satisfeito, apreciando por vê-lo cabisbaixo e quieto, como se tivesse o colocado em seu devido lugar ao cessar suas palavras e oposições. Dando uma sensação superior para aquele homem que era designado como seu progenitor.

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