Capítulo 16.

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Os primeiros horários da manhã marcavam o dia quando Pete acordou, só então tendo consciência da fresta da janela que havia deixado aberta, onde os raios solares gloriosos se arrastavam para dentro do quarto em um pequeno feixe de luz.

Inicialmente, sua reação fora apertar os olhos, desacostumado com a claridade repentina. E então um murmúrio ininteligível escapou da boca quando sentiu seu corpo deliciosamente dolorido, o relembrando da noite anterior. Sequer poderia reclamar de estar tão dormente, havia valido a pena.

Ele virou o rosto, encontrando Vegas deitado em seu travesseiro enquanto tinha o braço jogado sobre sua barriga, enroscando sua perna na dele. Pete se lembrava vagamente de ter dormido com o rosto do homem na curva do seu pescoço, mas provavelmente havia se mexido muito durante a madrugada, às vezes ele era um pouco inquieto. Por outro lado, não saberia dizer a última vez que havia tido uma noite de sono tão boa e completa igual a essa. Embora a exaustão física ainda fosse parcialmente presente, ele se sentia com energia. Como se tivesse recarregado as baterias.

Sorrindo na direção de Vegas, ele ergueu uma mão e acariciou seus cabelos de leve, temendo acordá-lo. Seu semblante era sereno, praticamente angelical. A luz da manhã reverberou na sua pele dourada, beijando cada centímetro que o pequeno feixe alcançou, deixando-a ainda mais iluminada, como uma jóia preciosa. Os fios pretos e macios estavam esparramados na maciez do travesseiro, desgrenhados, exalando uma imagem confortável. Seus dedos entravam entre as mechas sem dificuldades, apreciando cada segundo do toque. Era tão leve e terno que o próprio peito se aquecia com aquilo.

Ele tirou alguns fios insistentes que caiam sobre os olhos de Vegas, deixando seu rosto totalmente à mostra, fazendo-o suspirar. Suas sobrancelhas escuras e os lábios vermelhos carmesim eram detalhes tão bonitos e harmoniosos. Combinavam com a mandíbula marcada e acentuavam seus traços fortes. Vegas possuía uma beleza de alto contraste e isso era fascinante, cada pequeno detalhe contribuindo para suas feições, desde o formato dos olhos até seu queixo. Ele tinha olhos lindos, Pete temia admitir o quão obcecado era pelas belas íris obsidiana e a aura felina. Eram tão afiados, porém doces ao mesmo tempo. Quando direcionados para si, fazia seu estômago revirar com vários tipos diferentes de emoções.

Ao ter toda a atenção dele, fosse com olhares doces ou perversos, era o suficiente para desencadear as reações mais profundas e sinceras de Pete. Às vezes, não se sentia seguro o suficiente para confidenciar parte daquelas sensações que se apossavam de sua mente e coração, espalhando tão rapidamente que o deixava sem fôlego, completamente incapaz de fazer outra coisa que não fosse encará-lo por tempo indeterminado, perdido na maré barulhenta e raivosa que era seu interior. Ele podia sentir no fundo do seu âmago cada partícula daquelas emoções. Tão desastrados, mas tão quentes.

Descendo os dedos para o rosto de Vegas, ele deslizou com leveza a ponta dos dígitos por sua bochecha, apreciando o quão firmemente marcada era sua maçã do rosto. O contato com a pele morna foi o suficiente para seu estômago dar um pequeno salto, como se estivesse recebendo todas as energias de Vegas com aquele toque, fazendo uma considerável sombra em seu nariz com os movimentos, ofuscando a iluminação que escapava do feixe da janela e atingia sua expressão adormecida e tranquila.

O coração de Pete de repente parecia bater na garganta, varrendo os olhos por toda a imagem do homem que descansava serenamente ao seu lado enquanto seus dedos encostavam delicadamente em sua pele, acariciando-o com o máximo de carinho que poderia expelir em um toque.

Quanto mais os segundos se passavam, mais autoconsciente ele se tornava sobre todos seus sentidos respondendo a Vegas, mesmo que ele não estivesse fazendo nada. Era surreal a maneira que poderia afetá-lo até sem sequer precisar tentar.

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